quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Minha primeira vez

Era um final de tarde. A lua - que estaria cheia pela segundo dia - começava a despontar no céu. Com sua altivez, era testemunha daquele momento ímpar naquele campo que se perdia muito além de onde a visão alcançava. Era infinito. Era lindo. E estávamos a sós, eu e ela, num momento para lá de romântico.

Fui chegando como quem nada quer. Sua pele era suave e macia. À carícia, a mão deslizava de modo tenro. Era como alisar um lençol da mais pura seda. Suas ancas, agora discretamente expostas, causam-me um certo frisson, ao mesmo tempo que eu continuava a afagar o macio das suas costas.

De repente, achei que estava na hora de agir. Não poderia esperar mais: a noite se aproximava. Mirava seu corpo esguio, imaginando por onde começar. Despretensiosamente repousei minha mão sobre seu peito, macio feito uma almofada de plumas. O nervosismo era crescente, assim como a sensação se deleite e prazer. O coração batia em ritmo de galope desenfreado. Acariciava-lhe os seios cada vez mais vigorosamente e, vendo que ela agora angulava as suntuosas pernas, quase vomitei o coração boca afora. Era hora de mostrar a quê vim. Sim, era hora.

Vitória! Consegui. O coração agora voltou ao peito novamente, o tremor passou e o líquido branco, por fim, jorrou. O relaxamento veio em questão de segundos, antagonizando todo o esforço desprendido em prol do rito inicial. Relaxei, mas ela continuava impávida como se nada além da brisa a atingisse. Ao que parece, todo o trabalho tinha sido meu. Todo. Mas tinha conseguido. Enfim, pela primeira vez, tirara o leite de uma vaca.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Free

Animatrix #6 - World Record


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Tratado sobre a confiança

Parte 3 de milhões.


Assinatura. Popularmente conhecida pela alcunha de rubrica, é uma coisa que todo mundo tem. Desde de pequenininho associamos a idéia de que ter uma assinatura é se tornar alguém importante, pois somente os importantes têm assinatura. Assinamos documento, atestado, certificado, declaração, caderno, a mão, as paredes, muros alheios, mas sequer imaginamos o que é ou de onde veio tão afamado instrumento. Muitos vão dizer que a assinatura é uma marca registrada da autenticidade do ser que assina, ou o que quer que isso signifique, mas a verdade é que essa é mais umas daquelas coisas que nós não damos a mínima de como surgiram desde que funcionem. É mais ou menos como espremedor de laranja e ralador de cenouras.

A questão é que lá atrás, nos tempos do mercantilismo, as transações precisavam de algo que servisse de garantia. Claro que ninguém era besta de deixar a coisa simplesmente apalavrada e correr o risco de levar um calote, uma vez que, já naquele tempo, as pessoas não eram lá o que se pode chamar de honestas. Foi quando, então, algum comerciante muito perspicaz resolveu criar uma forma de validar as negociações e atrelar ao comprador a responsabilidade de pagar pelo bem adquirido. Nesse momento surgia a assinatura. Depois de todo o rebuliço, nada podia rolar sem que houvesse um "contrato" no qual constava o autógrafo daquele interessado na compra, atestando que "iria pagar pela dívida supracitada". E depois disso foi uma felicidade só. Tinha até neguinho pobre sem um centavo no bolso que aprendia a escrever só pra dizer que tinha uma assinatura. Um luxo. E as garotas iam ao delírio.

E de lá pra cá a coisa foi evoluindo. As assinaturas se tornaram cada vez mais importantes nas inter-relações humanas. Até impressão digital hoje em dia, estão usando. É, meu amigo, a coisa tá ficando chique. O bom da impressão digital é que até pobre tem, muito embora as garotas ainda prefiram o bom e velho rabisco. Só uma coisa não mudou desde a época das iguarias, aquela coisa em volta da qual gira todo esse papo de garantia, assinatura, transação: a tal da confiança. E não sei nem porque ainda se fala tanto nisso. Ser humano nunca foi um bicho que entendesse essa palavra muito bem mesmo. E o pior é que ainda se atreve a dar explicações sobre ela. Veja só que cara de pau, não?!

É por conta dessa tal (des)confiança que hoje você tem uma carteira de identidade, por exemplo. Assim não fosse, não haveria a menor necessidade de provar a A ou B que você é você. Até mesmo porque se você não fosse você, você ia ser quem? Eu? E tem também a questão dos cheques e dos cartões de crédito. Por que usá-los? Dizer que vai pagar e depois voltar com o dinheiro, como uma pessoa honesta, não é suficiente não, é? Bem, acho que não. Atualmente, cartões de crédito só perdem em número para bordéis, faculdades de Direito e botecos, nessa ordem. "O pessoal nunca voltava pra pagar", dizia o inventor dessa genialidade consumista. E por aí afora vai. Muita coisa tida como normal e rotineira em nossas vidas escondem uma desconfiança histórica por trás.

Mas até certo ponto, é compreensível o porquê de tanta desconfiança. A confiança é uma das virtudes mais arriscadas que uma pessoa pode ter, ainda que, em contrapartida, seja uma das mais louváveis também. Confiar é, literalmente, acreditar nas coisas sem estar vendo, quase como você faz quando vai à Igreja. E para um ser tipicamente agnóstico, como o homem, ser assim é extremamente difícil. O medo de correr o risco de ser enganado ou manipulado, além de depender da previsibilidade do comportamento da pessoa ou circunstância na qual se confia, leva as pessoas a adotarem medidas "defensivas" que podem gerar situações desagradáveis. Essa é a típica situação do namorado ciumento ou da mãe que entrega o carro para o filho dirigir pela primeira vez: a incapacidade de prever o que vai acontecer gera um ambiente de insegurança e desconfiabilidade a ponto de deixar o clima ainda mais tenso. Como disse, é compreensível. Afinal, levar um chifre ou bater num poste não é algo bacana pra ninguém.

E chegamos a era da modernidade sem aparentemente termos resolvido esse impasse. Ainda precisamos mostrar a identidade para provar que somos quem somos, precisamos assinar toneladas de documentos todo ano a fim de sermos processados caso não cumpramos com nossas responsabilidades e precisamos, sim, do cartão de crédito. Os gerentes há muito não caem no papo do "vou alí e volto já". A confiança é virtude muito subjetiva e, por isso, não pode ser medida. É preciso acreditar naquilo que se confia para se poder confiar verdadeiramente, e isso torna a confiança um conceito intrínseco. Ou seja, quem confia, confia e ponto. Sem perguntas ou negociações. Não é uma questão de preceitos, mas sim de valores. E tem até um aforisma
regionalista que diz que a confiança é como um cristal: a gente coloca no pedestal e espera que ninguém vá lá e quebre. Para os mais seguros, não é uma questão de quem vai ousar quebrar o seu cristal; é uma questão de em qual pedestal você está colocando ele.








Post Scriptum 1: Falando em aforismas... "Devo, não nego. Deus te pague em dobro".

Post Scriptum 2: Não seja babaca. Pegue seu cartão de crédito e compre já um pedestal de futuro. Nunca se sabe quando algum estabanado vai passar por perto...


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Grave greve

Historicamente, principalmente após a regulamentação do trabalho e dos direitos trabalhistas, a classe operária passou a contar com várias ferramentas úteis na defesa de seus ideais. A organização em sindicatos, por exemplo - ao contrário dos conselhos, que têm a função apenas de fiscalizar e regulamentar o exercício correto e pleno das profissões -, é uma forma de proteger a classe trabalhadora e evitar que determinadas medidas venham a interferir lesivamente no processo trabalhista. Ainda, o trabalhador em si dispõe de outras formas não-representativas de reivindicação e uma delas anda muito em alta ultimamente: a greve. Esta consiste basicamente na paralisação coletiva e voluntária de qualquer serviço prestado, realizada pelos executores desse serviço que visam a obtenção de algum benefício como aumento salarial, melhores condições de trabalho e vigência de direitos trabalhistas. É um ato geralmente acompanhado por manifestações públicas de protesto e, às vezes, represálias.

Contudo, a greve não consiste um ato proibido. Está regulamentada e legitimada pela Constituição, dando a todo e qualquer trabalhador o direito de se usar dela para defender seus interesses. Isso acontece quase sempre quando não ocorre um consenso sobre algum ponto da relação existente entre empregador e empregado. O empregado - trabalhador -, sentindo-se lesado, faz uso da greve como forma de persuadir o empregador a acatar suas exigências. É basicamente assim em qualquer tipo de manifestação.

Então a greve é isso: é brigar pelo que se tem de direito. E todo mundo tem direito. Professores, metalúrgicos, policiais, motoristas de ônibus, operadores de telemarketing, militares, entregadores de pizza, recepcionistas, ASG's, bombeiros, atores, porteiros, salva-vidas, cozinheiros, cabelereiros, alfaiates e um sem-fim de outras ocupações. Até namorados entram em greve hoje em dia. E é compreensível, por exemplo, que professores parem de dar aula para brigar por uma educação mais digna, sei lá. Motoristas de ônibus podem parar sem um prejuízo muito grande ou duradouro para a sociedade só porque o salário no fim do mês não tá bacana. As caminhadas decorrentes disso, inclusive, são bem vistas pelos cardiologistas. Metalúrgicos podem deixar de fabricar mais um carro do ano enquanto as condições de trabalho não forem satisfatórias. O namorado pode sim fazer greve de beijo, cinema e motel por motivo de abandono e esquecimento. Ninguém vai perder a vida se tiver que ficar sem uma aula, andar um pouco a pé ou demorar mais pra ganhar um convite para sair. Nesse ponto, as greves não promovem grandes maleficências.

Mas tem uma coisa que não é tolerável. Todo mundo tá sabendo que a saúde anda parada ultimamente. Motivo: greve dos servidores. Certo, certo. Greve. Nada contra a greve, a luta pelo salário mais digno e pelas condições de trabalho decentes. Não é nenhum mistério pra ninguém que o médico ganha uma mixaria e que é obrigado a fazer neurocirurgia na mesa do consultório com faca de cozinha enquanto falta dipirona no armário. Mas uma coisa que não pode haver de maneira alguma é negligenciar o atendimento de um enfermo que precisa de cuidados por causa de um capricho que envolve causas tipicamente burocráticas. Existem maneiras de se reivindicar o que é pretendido, inclusive de aderir a uma potencial greve, sem lesar os ditâmes éticos dessa profissão.

E argumentar em favor disso é fácil. Tá escrito no Código de Ética Médica (Resolução CFM
1.246/1988), no capítulo I, artigo 3º: a fim de que possa exercer a medicina com honra e dignitude, o médico deve ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa. Logo, é dever do Estado prover o médico ou qualquer outro profissional de saúde com condições aceitáveis para que o serviço seja prestado de modo satisfatório. Caso isso não ocorra, reserva-se ao profissional o direito de brigar em prol disso, quer seja com greves, quer seja com a medida que for. Aí você pensa: "Então não tem nada de errado em o médico deixar de prestar o serviço por causa de suas reivindicações?", certo? Errado! O mesmo Código de Ética diz, no capítulo II, artigo 29: é vedado ao médico praticar qualquer ato que, por imperícia, imprudência ou negligência, possa repercutir em dano ao paciente. Logo, negligenciar o paciente sob qualquer forma que seja é passível de punição por crime ético, sem falar nas repercussões judiciais que isso pode implicar. Mas aí você pensa de novo: "Se é assim, como resolver o problema da greve sem deixar que a sociedade seja penalizada por isso?". Pois é, como?

Esse é o ponto para o qual converge a maioria dos conflitos ideológicos envolvendo esse tema. Há quem diga que a paralisação não pode ser total. Há outros que apregoam a diminuição da carga horária efetiva durante o período de greve. Mas a questão é que ninguém vai gostar de ter um infarto sabendo que os servidores da saúde estão parados. E de certa forma isso é algo que vai contra o senso-comum daquelas pessoas com excesso de bondade no coração. Tem médico também que não tem coragem de parar, assim como tem aqueles que nem pensam duas vezes antes de fazê-lo. É um tema que certamente divide até os mais entendidos no assunto. Mas uma coisa é certa: ninguém, médico ou não, ia gostar de saber que um filho ou mãe morreu porque o médico do serviço não apareceu pra trabalhar por conta da greve. Pense nisso antes de sair por aí dizendo que "se tem mesmo que brigar pelos direitos haja o que houver". O "houver", um dia, pode ser com você, amigo.








Post Scriptum: Sem nenhum forma de preconceito ou austentação, falei mais incisivamente da medicina por ser uma área com a qual tenho íntimo contato. Só.


sábado, 1 de novembro de 2008

O Brasil precisa é de educação

Isso mesmo: educação. Somos o país do futebol, do samba, da feijoada, do carnaval, das praias, das bundas, das mulatas e das proporções continentais, mas também um país repleto de pessoas mal-educadas em demasia. E não me refiro apenas aos elevados e cada vez mais crescentes índices de analfabetismo. Tem muito Ph.D por aí extremamente mal-educado e isso é um problema muito, mas muito preocupante. Tal defasagem educacional relaciona-se intimamente com grandes problemas tidos como de "terceiro mundo", como as desigualdades sociais, a corrupção, a violência e uma série de outros tão maciçamente divulgados mídia afora. Mas nós não ligamos muito pra isso, né?! Não fomos educados para tal, é verdade.

E começando pelo básico percebemos de cara a roubada na qual nos metemos. Dentre os países da América Latina, segundo dados do IBGE, o Brasil possui o segundo maior índice de analfabetismo (11,1%), estando atrás apenas da Bolívia, que possui um índice de 11,7%. E olhe que não é uma distância lá tão grande. Outro dado interessante é que países como Equador, Chile e Paraguai possuem índices bem mais aceitáveis (7,0%, 3,5% e 5,6%, respectivamente), muito embora não tenham lá toda essa imponência aos olhos do mundo. Esse fenômeno reflete perfeitamente toda a alienação que a falta de julgamento e de um senso crítico, proporcionados por processo educacional sólido, podem acarretar. Considerando a realidade dos nossos governantes, por exemplo, pode-se até considerar isso como aceitável: tão mais fácil será enganar um povo quanto mais ignorante ele for. E isto é algo que a galera da política sabe de cor.

Além disso, criancinha que não vai à escola acaba sendo vítima do próprio destino. Integrante de família humilde na grande maioria, as crianças que abandonam a escola terminam por ter que integrar a renda de casa de alguma maneira, tornando-se escravas do trabalho infantil e da marginalidade. Aí vem os problemas com drogas, tráfico, criminalidade. Sobrevivendo a tudo isso, o adulto no qual essa criança se torna coloca mais criancinhas no mundo que terão destino similar ao seu, perpetuando o problema e fechando o ciclo. Enquanto isso, sobram cadeiras vazias nas salas de aula e professores ensinando para as paredes, literalmente.

Ainda, como dito anteriormente, o problema com o ensino não é o único que preocupa. A esmagadora maioria dos brasileiros são pessoas de péssima educação. E nem precisa argumentar muito, basta dizer algo simples. Por exemplo, ninguém mais respeita os idosos. Ninguém levanta no ônibus pra dar lugar a uma pessoa que provavelmente sofre de reumatismo e osteoporose. Quase não se ouve mais "por favor", "obrigado", "licença". Estamos declaradamente na era da abolição dos favores gratuitos, aqueles que a Igreja se refere na máxima "fazer o bem sem olhar a quem". Importamo-nos mais com furar a fila ao invés de dar a vez e nos orgulhamos de se referir a isso como "o jeitinho brasileiro". Vê? É tão nosso que já damos até nome carinhoso, fazendo questão de atestar a posse. "Brasileiro".

Isso sem falar no trânsito, que é o local onde a falta de educação mais aflora e impera. Ninguém dá a vez, ninguém deixa o outro passar, ninguém sabe usar a buzina com parcimônia. Todo mundo quer chegar primeiro e achar que, para isso, pode ser o dono da rua. Pedestre que se foda, juntamente com as velhinhas que tentam atravessar na faixa, os cegos, os deficientes e todos aqueles que carecem de seus próprios direitos enquanto cidadão. Porque o bacana mesmo é encher a cara até a tampa de cerveja, pegar o carro, matar três numa parada de ônibus e não ir pra cadeia porque painho é desembargador e não deu a educação que devia ter dado. Isso porque nem é bom falar sobre o desprezo sofrido por quem trabalha honestamente, tem que agüentar tudo pra poder colocar comida em casa e, de sorte (ou azar, sei lá), sempre acaba sendo atropelado por um bêbado quando está na parada esperando o ônibus para ir trabalhar.

Mas não tem que ser sempre assim. Talvez se fôssemos um pouco menos oligofrênicos e saíssemos no meio da rua quebrando o maior pau a coisa mudasse um pouco de cenário. Enquanto esse dia lindo não chega, podemos ir conduzindo nossas próprias revoluções particulares. Podemos lutar por um país melhor sim e não ficar só reclamando e dizendo que tá tudo uma merda sem fazer nada. O analfabetismo é um problema que está um pouco acima de nós e não é provável que "escolher seus líderes conscientemente" vá resolver alguma coisa. Temos mais é que brigar pra que o negócio funcione ao nosso modo, estimulando a educação dos pequenos, disseminando a leitura ao quer que se vá, a boa arte, a música, poesia e qualquer coisa que não nos transforme em marionetes. Isso já é um começo. Quanto a o outro problema da educação, esse sim cabe a nós mudar. E a mudança pode começar dentro de cada um, por mais que só você esteja aparentemente se esforçando, o que provavelmente ocorrerá. Tem que dar a vez a todo mundo, principalmente aos rapazes e garotas da terceira idade, tem que parar de gritar, de furar a fila, de querer "dar o migué". Isso sem esquecer de pedir licença, agradecer, pedir por favor e "dar mais do que receber", como já dizia o grande poeta e letrista Pe. Marcelo Rossi.

E não se bitole: um palavrãozinho de vez em quando num faz mal a ninguém.


terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tempos de repressão

De repente, no corredor do colégio:

- Professora Mariêta, tem cabelo na...

- Para o seu bem, nem ouse rimar esta frase, mocinho!

- ...no cu?








Post Scriptum: Ah, a canalhice...


quarta-feira, 8 de outubro de 2008

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Se tem uma coisa que sempre fascinou a humanidade é a grandiosidade das coisas da vida. Mas não só o amor, a coragem, o altruísmo e qualquer sentimento que eleve o homem da sua condição de mortal. Grandiosidade aqui entra com o sentido mais literal possível: o de ser grande. O mar, o céu, as estrelas, o longínqüo, as galáxias, buracos-negros, cometas, o infinito e tudo aquilo que só pode ser concebido pela abstração mais profunda. "Universo" é, talvez, a palavra mais vaga da língua dos homens, tamanha a sua vastidão. Em todo contexto que ela entra é com o sentido de algo maior, que engloba todas as outras coisas. Entretanto, não se constrói uma muralha sem que haja tijolos para tal. Tudo aquilo que nos é materialmente concebível, por maior que seja, tem na sua intimidade uma unidade fundamental, um monômero formador de tudo que se conhece. E essa unidade, que também impressiona por sua dimensão, já tinha sido idealizada lá na antigüidade, por volta de 400 a. C., por um rapaz bastante perspicaz chamado Demócrito que, com a ajuda do seu fiel escudeiro Léucipo, batizou-a de átomo.

Dava-se início a era das repartições, na qual o átomo era o ponto comum de tudo. Hoje sabe-se que não há nada que não seja formado por essa partícula - "partícula", inclusive, denota a menor parte de algo. Logo, esse foi um batismo bastante conveniente. E descobrir que tudo é formado por essas coisinhas é um momento que traumatizante. Imagine você descobrir que aquele brigadeiro reluzente do aniversário do seu irmão não passa de um aglomerado sem graça de partículas minúsculas, partículas essas também presentes no
rockymicleide que seu cachorrinho faz e enterra no jardim da sua casa. Ó! Chega dá uma gastura, ? Mas é verdade. Mesa, bolinha-de-gude, picolé, automóvel, sutiã, lapiseira, metralhadora, televisão, algodão-doce... tudo é feito daquelas coisinhas do brigadeiro e do rockymicleide do totó. Ah, meus Deus! O algodão-doce não! É, sim! Até o algodão doce, camarada. Contente-se. É a vida. Inclusive você, pessoa pensante, que se acha tão superior, também tem os mesmos constituintes de uma lesma. É de se desesperar, ? É... eu sei.

E não haveria de ser diferente. O ser humano também é um amontoado de átomos. Muitos. Para se ter idéia, um homem adulto possui cerca de - preste atenção agora - dez elevado à décima sexta potência de células. Isso mesmo. 10 elevado a 16. É um número mais ou menos assim: 10.000.000.000.000.000. É provável que um número desse num tenha nem nome, mas eu, em caso de dúvida, chamaria-o de dez quadrilhões. Pois bem. É essa ruma de célula. O mais bacana vem agora: cada célula tem a módica quantia de dez elevado à vigésima segunda potência de átomos. É algo como 10²², que, por sinal, é bem maior que o primeiro e, por isso, nem me atreverei a escrever aqui, muito menos dar nome. Se você não é nenhum oligofrênico e não tem problemas mentais tão severos vai descobrir, depois de uma continha simples, que um homem adulto tem por volta de dez elevado à trigésima oitava potência de átomos. Só pra comparar, a constante de Avogadro, que é a coisa mais inconcebivelmente estúpida de grande que já se teve notícia, é da ordem de 10²³. Logo, no dia que todos os meus átomos se transformarem em centavos de dólar, eu compro uma galáxia só pra mim.

Filosoficamente falando, contudo, noventa por cento do volume do átomo é algo conhecido como nada. Todo mundo sabe e Rutherford, aquele famoso ladrão de lâminas de ouro, já tinha batido o martelo e dito no ano de 1908. Para se ter outra idéia, se o núcleo do átomo (sim, átomos têm núcleo) fosse do tamanho de uma bola de basquete, o seu elétron menos energético (que está mais próximo ao núcleo) estaria situado a 32 Km de distância, e nesse espaço haveria nada. Ou seja, não haveria. Logo, voltando ao fato dos quadritensilhões de átomos do homem adulto, percebemos que não é lá grande coisa. É como se fôssemos um balão cheio de ar. Aliás, cheio de nada. Ou outra coisa cheio de algo que não está lá, sei lá.

A questão é que, filosoficamente falando de novo, o ser humano é uma entidade cheia de espaços vazios e isso foi comprovado cientificamente agora há pouco. E (momento sério do texto) é nesses espaços vazios que talvez residam as nossas fraquezas. O nosso vazio constitucional é cada vez mais preenchido por poder e orgulho. Faltam-nos a cara lavada, a alma exposta, a pupila com tonalidade inquietante, a bondade no coração e aquela vontade de mudar o mundo que todos nós temos quando somos crianças. Esse vazio talvez não esteja aí a toa. E talvez a gente não precise ser tão vazio.


terça-feira, 30 de setembro de 2008

TOP 10 - Aforismas hollywoodianos

Dez momentos memoráveis da história de Hollywood.

1. "You know how to fight six men. I can teach you how to engage six hundred." (Ra's Al Ghul, Batman Begins);

2. "What we do in life echoes in eternity." (Maximus, Gladiador);

3. "You could spend your life looking for the perfect blossom and, yet, it wouldn't be a wasted life." (Katsumoto, O Último Samurai);

4. "There's is no spoon." (Neo, Matrix);

5. "Much to learn you'll always have, padawan." (Mestre Yoda, Star Wars Episódio II: O Ataque dos Clones);

6. "I believe whatever doesn't kill you simply makes you stranger." (Coringa, O Cavaleiro das Trevas);

7. "This is what I call happiness." (Chris Gardner, A Procura da Felicidade);

8. "See the eyes glittering? It's the eyes of the tiger, man!" (Apollo Creed, Rocky III);

9. "It means no worries
For the rest of your days
It's our problem-free philosophy
Hakuna Matata!" (Timão e Puumba,
O Rei Leão);

10. "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." (Morfeu, Matrix).








Post Scriptum 1: Ah, o momentos nerds...

Post Scriptum 2: Músicas? Alguém falou em músicas?


sábado, 20 de setembro de 2008

CPI

Era uma creche. E começou assim...

- Olá! Tudo bem com você?

- Tudo! (balançando a cabeça positivamente).

- Como é o seu nome?

- Iana.

- Que nome bonito, o seu! Quantos anos você tem, Iana?

(mostra a mão com quatro dedos)

- Tá com vergonha da gente?

(balança a cabeça positivamente de novo)

- Mas num fique não. Hoje a gente vai brincar com você. Você quer brincar com a gente?

- Quero.

- Pois pronto. Ó, meu nome é Yuri, esse aqui é tio Léo e esse outro, tio Hugo. Quer uma massinha?

(estende a mão pra pegar a massinha)

As brincadeiras foram continuando até o ponto onde foram feitas uma série de perguntas.

- Iana, você sabe o que são as nuvens?

- As nuvens
é quando a chuva se junta com o sol. Aí forma as nuvens.

- Hum. E você sabe de onde vem a chuva?

- Vem das nuvens, ué.

- Sei, sei. Mas e o sol? Como é o sol?

- Redondo. E amarelo. E fica lá no céu, junto com as nuvens.

- Eita! Mas como você sabe disso?

- Porque eu já vi, ué.

- Ah! Então quer dizer que o sol e as nuvens moram no céu, é isso?

- É.

- Hum. Mas esse céu que você diz, ele fica aonde mesmo?

(apontou o dedo pro alto)

- Osh. O céu fica no teto da sala?

- Não... (rindo timidamente). O céu fica lá em cima, lá longe. É aquela coisa azul lá em cima.

- Azul? Mas por que azul?

- Er... er... É porque é. Eu vi.

- Hum. E você sabe como os passarinhos voam?

- Batendo as asas assim: (balança os braços como asas batendo).

- Eita! E você sabe voar também, é?

- Nãããããããooooooooo! (rindo espalhafatosamente).

- Ah, pensei que soubesse. Mas e quando fica escuro, à noite, pra onde vai o sol?

- Ele se esconde por detrás das nuvens.

- Ah, então é por isso! Danado! Mas me diga outra coisa, Iana: de onde vêm os bebês, você sabe?

Breve pausa.

- Vêm do céu, ué.

- Osh. E eles caem do céu assim, de repente?

- Nãããooooo! Eles vêm de pára-quedas.

- Aaaaahhhhhh! Mas esses pára-quedas, onde eles conseguem?

- Deus que dá pra eles. Deus faz os bebês e manda eles de pára-quedas pra cair na barriga da mãe.

- Hum. E foi assim que você veio pra barriga da sua mãe?

- Hum-rum (balança a cabeça positivamente).

- Sei. Mas eu não vim de pára-quedas, não. Eu entrei na barriga da minha mãe escorregando por um tobogã, lá do céu.

(cara de espanto e vontade de rir)

- Você já viu esse tobogã?

- Não.

- Pois depois eu te mostro. Quer dizer mais alguma coisa?

(balança a cabeça negativamente)

- Num quer nem contar uma piada?

(balança a cabeça negativamente de novo)

- Você sabe a piada do pinto, Iana?

- Não.

- É, nem eu. Quer fazer um desenho? Chegue, tome esse lápis.

(desenha algo no verso do papel)

- Eita! Que desenho bonito. Quem é esse?

(aponta pra Hugo)

- E esse?

(aponta pra Léo)

- E esse?

(aponta pra mim)

- E essa deve ser você, né?

- É.

- Hum. Agora assine aqui. Coloque seu nome pra gente saber que foi você que desenhou.

(assina o nome)

- Eita. "Iana Diógenes..." de quê?

- Iana Diógenes de Azevedo Brito.




- Aaaahhhhhh. Muito bem. Ficou realmente muito bom, seu desenho. Agora vamos que tá na hora de voltar pra salinha, tá bom?

(balança a cabeça positivamente)

E ela voltou pra sala.








Post Scriptum 1: Iana era uma garotinha de quatro anos, moreninha, com cara de índia e um tanto tímida.

Post Scriptum 2: Custava nada dizer a verdade sobre a origem dos bebês?

Post Scriptum 3: Quando acabou, a professora ainda veio me dizer que Iana tinha dito que o tio grandão era o mais bonito.


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O caduceu de Asclépio

Segundo reza a mitologia grega, Asclépio (ou Esculápio, na mitologia romana) nasceu mortal, mas depois da sua morte o seu pai, Apolo, concedeu-lhe o direito à imortalidade transformado-o em uma constelação, a Serpentária. Filho de Apolo e Corônis, Asclépio foi criado por um centauro chamado Quíron, com o qual aprendeu a manipular ervas medicinas com divina maestria. Tornou-se tão perito na arte da cura que, não bastando curar os enfermos, passou também a ressuscitar os mortos, tarefa essa antes reservada apenas aos deuses. Tal atitude despertou a ira de Zeus que, tomado pela cólera, fulminou Asclépio com um de seus temerosos raios. Na lenda mitológica, Asclépio era sempre retratado portando uma espécie de bastão, salvo-conduto dos arautos, que conferia imunidade àquele que o portava em missão de paz. Esse bastão se chamava caduceu e é parte da simbologia representativa da ciência médica moderna.

A outra parte do símbolo, o
ofídio, veio como forma de mostrar que o bastão, com sua imunidade, poderia proteger de algum veneno ou perigo iminente. Sendo assim, o símbolo é formado pelo bastão entremeado por uma serpente, e isso é a medicina. Curar às vezes, aliviar com freqüência, consolar sempre, já dizia Hipócrates nos tempos idos de outrora. E é disso que consiste a medicina: um eterno combate ao "veneno" que por vezes acomete o homem, cerceando-lhe aquilo que se julga mais primoroso: a vida. Conhecendo-se a história de Asclépio é fácil entender porque, desde os primórdios, o médico é encarado como deus. Ou o porquê dos mesmos agirem como o fossem. Inclusive nos dias de hoje.

A grande questão é que a medicina não é uma ciência melhor que qualquer outra. Química, matemática, filosofia, engenharia, astronomia, sociologia, todas têm o seu lugar na formação do conhecimento de um mundo que, pra nós, acaba logo
alí depois da esquina. O grande problema com a medicina é que, além de lidar com a subjetividade do ser humano e da sua essência, seu embasamento se fundamenta em algo inexoravelmente único como a saúde e, em última análise, a vida. A medicina é praticada com a crença de que o dom da cura plena só é reservado aos deuses, e, por isso, o seu insucesso é a sua maior frustração: a morte. E não adianta lutar contra ela. Por mais que se tente, ainda somos formados de uma matéria pobre, com validade determinada, que vai virar pó no fim de tudo. Não há razão de achar que o branco é reflexo do manto dos deuses.

E, tal qual os deuses, médicos criam para si o seu próprio Olimpo, separando-os do resto dos, digamos, mortais. Seus méritos e motivos não se equiparam a nenhum outro e o seu envolvimento só será aceito quando com outro integrante desse Olimpo. Tem até quem pregue por aí que médico tem mesmo é que casar com médico pra não contaminar a divindade que os cerca e não comprometer a pureza do sangue. E de tão deuses que são acabam esquecendo que nasceram mortais, na esperança de que um dia seus nomes estejam nas constelações do
Zodíaco. E perdem o lado humano com o qual deveriam olhar para aqueles que os procuram, aqueles que não podem alcançar o Olimpo nem sequer possuem ervas medicinais. Não sabem eles que Zeus está por aí, afiando seus raios para lançá-los com toda a ferocidade. O Olimpo vai pegar fogo.

[ O parágrafo que era para vir aqui deveria conter comentários mais positivistas. Mas não vai ter parágrafo algum aqui. Imaginem o positivismo que quiserem... ]

E que fique bem claro:
doutor é um título concedido apenas e tão somente apenas a quem doutorado. Ponto.








Post Scriptum: Tem coisas na medicina que são definitivamente inadmissíveis.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Por que solidão?

Dentro do universo de perguntas incompreendidas, essa deve ser a mais incompreendida delas. Você, inclusive, deve ter se questinado, tentando imaginar algum como ou porquê. É típico: você no meio de alguma multidão - na sala de aula do colégio, da faculdade, no meio da rua, numa festa... enfim - quando, de repente, tudo fica em câmera lenta, quase como se o tempo intencionasse paralisar. A impressão que dá é que só você vê a coisa daquele jeito (e, provavelmente, só você vê assim mesmo), porque tudo continua ocorrendo independente da sua vontade ou julgamento, sem falar que ninguém nota a sua presença. Ninguém. Se você já passou por situação similar, não se espante. Isso ocorre quando a boa e velha solidão resolve te visitar. E, ao contrário do que a maioria crê, essa não é uma visita necessariamente desagradável, ou pelo menos não deveria ser. Solidão é um negócio, por vezes, necessário. E como.

Mas isso também não quer dizer que, a partir de agora, todo mundo deve largar os namorados, as mulheres, amigos, familiares e passar a viver na mais total solidão. Não, não. Nem a pau! Num sei se vocês sabem dessa história mas, antigamente, existia uma revistinha, espécie de gibi, que era muito famosa. Tinha circulação mundial e conquistava (quase) todo mundo pelo modo com o qual ela contava histórias sobre pessoas. Pois bem. Numa dessas histórias, a revistinha dizia que teve um dia no qual um rapaz muito inteligente resolveu criar bonequinhos à sua imagem e semelhança. Depois de criado o primeiro bonequinho, ele achou que seria muito estranho aquele bonequinho viver sozinho. Foi quando, então, num momento de extrema epifania, o rapaz criou, da costela do primeiro, um segundo bonequinho bastante semelhante, que tinha como propósito fazer companhia ao primeiro. E a história seguia, mostrando em seu desfexo uma macieira muito reluzente e uma cobra, aparentemente muito má, que falava. Enfim, a idéia é mostrar que, mesmo naquele tempo longíqüo, já se dizia que o bacana mesmo era viver em companhia de outros "bonequinhos", muito embora algumas pessoas muito mal-humoradas da época não tenham achado a mínima graça nessa historinha e tenham pregado o rapaz num trambolho feito com pedaços de madeira pra que ele aprendesse a não contar mais histórias sem graça. Coitado.

Desse dia em diante, as pessoas sempre buscam a companhia umas das outras como forma de descobrir se aquilo que o rapaz tinha dito era bacana mesmo. E parece que ele tinha razão, viu? Tem gente que não sabe ficar sozinha. E isso, de vez em quando, configura um problema. Problema porque tem coisas, muitas coisas, que só se completam na solidão. Mais da metade dos grandes problemas que afligem a cabeça das pessoas seriam bem menos pesarosos se elas admitissem que precisam estar sozinhas de vez em quando. Grandes decisões não podem, em hipótese alguma, serem tomadas no meio de um boteco, aos quarenta e quatro do segundo tempo de um Fla-Flu. Nem muito menos no meio da tarde, às 15h, durante aquele expediente nada estressante no escritório. As pessoas precisam saber que têm de estar sozinhas, oras. É necessário. Aliás, extremamente necessário, eu diria, reconsiderando como tudo acontece hoje em dia.

E o estranho é que, desde criança, não nos é dado o devido momento pra refletir sobre a importância de se estar sozinho. Por isso, ninguém (ou quase ninguém) sabe a hora de procurar a solidão, ao invés de deixá-la simplesmente aparecer em meio à melancolia. E o pior de tudo é quando o costume com os outros é tal a ponto de se achar que a solidão é algo nocivo, desnecessário e, em certos casos, doentio. Ou vai me dizer que você nunca julgou assim aquele garotinho do colégio que sentava na última cadeira da última fila, num fala uma palavra e nunca era lembrado nas festas da sala? "Ele é estranho", dizem as patricinhas. Sempre. O pior é que esses garotinhos sempre escondem uma genialidade singular. E sempre se dão bem. Ao contrário das patricinhas, óbvio, que seriam aquilo que Rubem Alves certa vez chamou sabiamente de "maritacas".

Isso tudo se nem mencionar que há coisas que só são devidamente contempladas e/ou entendidas durante aquele nosso momento autista. Não há vergonha alguma, inclusive, em se ter amigos imaginários. São eles que nos dão conselhos quando todo mundo acha que a gente tá falando sozinho. Às vezes, só eles riem com nossas piadas, só eles sabem nossos segredos, só eles parecem dar as melhores idéias. E se você parar pra pensar, eles estão dentro da sua cabeça, do seu mundo, e geralmente eles não gostam muito dos seus outros amigos. Sem falar que, quando estamos sozinho, a vida parece até ter trilha sonora. Aí pronto: um momento seu e de seus amigos, solitariamente, com aquela música de fundo. Isso é bacana demais, rapaz. Faça o teste e você vai ver.

Agora se eu fosse o rapaz lá dos bonequinhos, tinha demorado um pouco mais pra colocar o segundo bonequinho na jogada. Ele foi muito afobado nesse ponto. Mas também pudera: o coitado talvez também não soubesse como conviver com os amigos imaginários dele. Tsc tsc tsc.


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Super-poder: filhos

Charles Darwin sabiamente disse que a natureza é operada pela evolução. Assim, peixes viraram anfíbios, que viraram répteis, que viraram aves e mamíferos. Os peixes nadam, os répteis têm escamas, as aves põem ovos e os mamíferos dão leitinho aos seus rebentos. Contudo, uma coisa permeia a vida de toda e qualquer espécie, inclusive aquelas que precederam os vertebrados superiores: vive-se tão somente para se reproduzir. O que importa, a nível evolutivo, é que seus genes sejam passados a jusante, e se você consegue fazer isso é porque está evolutivamente apto, teoricamente falando. Logo, é de praxe que se comece nascendo, para depois crescer, reproduzir-se, envelhecer e, por fim, bater das botas. Se posto num gráfico, esse ciclo resultaria numa curva gaussiana onde no ápice estaria a parte do "reproduzir-se". Em termos de evolução, a reprodução é algo muito lucrativo. Sem falar, claro, na parte lúdica.

Mas o objetivo aqui não é discutir as vicissitudes do ato em si, não. O produto pelo qual a aptidão evolutiva é perpetuada é, pois, o resultado direto do processo reprodutivo, ou seja, a prole. No caso do Homo sapiens, apelido do ser humano que pensa ter o dom exclusivo da sapiência e da racionalidade, dá-se o nome de filho. Os filhos, portanto, são os alevinos da raça humana. Nascem sem qualquer graça, perspicácia ou capacidade de se defender, e vêm com um kit ultra-básico no HD que mal dá pra suprir necessidades básicas, como andar ou comer. Em contraposição, tem os filhotes de elefante, por exemplo, que, arrefecendo de inteligência, já nascem andando. Por isso, mas que qualquer outra espécie, a prole humana necessita em severa demasia da constate vigilância e observância dos seus progenitores, para que não sejam moldados conforme as vontades do meio, que, segundo Rousseau, era deveras cruel.

Sendo assim, é fácil perceber como ter um filho é tarefa fácil. Tão fácil que tem criança que faz com divina destreza. Difícil, no entanto, é educá-lo de forma a diferenciá-lo de um macaco. E olhe que tem muito macaco por aí que num deixa nada a dever, viu?! De todo modo, é importante que, numa coletividade como a de hoje, que em nada difere da selva na qual vive o elefantinho, os filhos possam sobreviver sem grandes seqüelas. E essa é uma tarefa delegada quase - eu disse quase - que inteiramente aos pais. É preciso mostrar que nem tudo é docinho como pirulito, nem todas as pessoas dão presente e que o mundo não se resume ao quintal com piscina do vovô. Filhos são como pedra de mármore bruto: pra ficar bonito, tem que ir lapidando aos poucos e com cuidado.

Então é bom ir mostrando, desde pequetitinho, a verdade sobre as coisas. Não precisa chegar dizendo que Papai Noel capotou a carruagem, que o coelhinho da Páscoa morreu atropelado e que a cegonha entrou na turbina de um avião, muito embora toda criança goste de brinquedo embaixo da cama e ovo de chocolate na Páscoa. Tem que pôr as coisas com a devida sutileza. Tem que dizer que cerveja é bom mas tem que ter limites. Tem que explicar quem foi Einstein, o que ele fez na vida, porque o cabelo dele era daquele jeito e mostrar, dependendo do caso, uma ou duas equações pro moleque saber com quem tá lidando. Estimular, desde cedo, o gosto pelo esporte, incitando brincadeiras como tocar-a-campainha-e-correr, briga-de-galo e tora-réia. Nada de idiotices do tipo "Saia da chuva pra não gripar, menino!", "Não coma carne de porco", "Vá calçar as sandálias, já!" ou "Se eu souber que você tá roubando goiaba do terreno do vizinho, vou colocar de castigo!". Muitas infâncias são frustradas porque os pais ficam cerceando coisas essenciais na formação dos rebentos. Ao invés de ficar falando asneiras, vá ensinar como se faz uma pipa, como ser um profissional na corrida-de-tampinha, como dar cavalo-de-pau em carrinho-de-rolimã ou como construir uma casa na árvore de respeito. E nunca, jamais, em tempo algum minta. Nada de falar de leões como se fossem bichinhos de pelúcia, nada de ensinar a dirigir antes dos 12 anos (14 no caso das meninas), nada de dar o carro antes dos 15 (18, nas meninas) e nada de dizer que menino tem torneirinha e menina, florzinha. O nome é pênis e vagina, porra! Se for preciso, dê uma aula de anatomia mesmo. E diga também que serve para, entre outras coisas, mijar. MIJAR! Nem venha com essa de fazer pipi.

Desse modo, talvez eles - os filhos - não cheguem à adolescência como completos oligofrênicos. Nesse momento, sim, você poderá falar tudo sem qualquer comedimento. Vai e deve dizer que, mais do que qualquer outra coisa, ele vai ser julgado pelo que faz ou pelo que tem, em vez do sê-lo pelo que é. As notas, o tênis, o carro, a roupa, o corte de cabelo, o jeito de se vestir, de falar e todas as outras efemeridades terão mais significância que a inteligência e a bondade que possa existir em seu coração. Diga que, agora, toda vez que houver um momento de infinita alegria, a cerveja será boa inclusive se não houver nenhum limite. Diga que é vida é uma eterna senóide e que, não importa o ponto que esteja, sempre haverá um ombro para se debruçar. E, quem sabe, chorar. Aliás, diga que não há vergonha alguma em chorar por tristeza, raiva ou saudade. Pior é deixar isso ir corroendo por dentro até que não haja mais nada para corroer, até que o alicerce rache e tudo venha por terra. Fale dos amores, das aventuras, do mundo, do céu, do infinito. Fale de como o seu tempo era bom, como as coisas eram mais difíceis, como as coisas de hoje também já aconteciam antes. Para saber para onde têm de ir, filhos precisam primeiro saber de onde vieram. E nunca, jamais, em tempo algum deixe que a idade deles impeça-lhes de fazer qualquer coisa com a mesma inocência de outrora. Adulto que nunca viu o mar nunca vai poder dizer aos filhos o quão longe é o horizonte.

E mais uma coisa: lembre-os de nunca subestimar a reprodução e de sempre usar o paletó.


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

(Des)saber

O mundo urge! Foi assim que minha professora de endocrinologia, conhecedora da medicina como poucos, referiu-se aos tempos atuais após um breve flashback relembrando seus tempos de estudante. Estupefazia-se ela com a velocidade com a qual as coisas aconteciam nos tempos "dela" e como tudo ocorre nos tempos "da gente". O mundo andava muito apressado, aos atropelos, onde os valores de outrora não eram mais os valores de agora. As coisas aconteciam muito precocemente: um dia se vai à escola pela primeira vez; no outro, você está defendendo sua tese de doutorado. E assim vai, com as coisas passando borradas como paisagem na janela do ônibus em viagem.

Por causa disso, somos cada vez mais pressionados por um mundo sem paciência. Tornamo-nos sem paciência. Aceleramos nossa vida para poder acompanhar o ritmo de prova de cem metros rasos que as coisas impõem. Sobra menos tempo pra pensar no que fazer e, com isso, chegamos aos quarenta anos com rugas de sessenta, cabelos de setenta e coração de oitenta. Tomamos escolhas motivados não pelo nosso arbítrio, mas pela influência determinista de mundo ao nosso redor. Pensamos ter total domínio sobre que fazemos e, vivendo essa ilusão, acabamos servindo às necessidades de todos menos às nossas próprias. Somos escravos, minha gente. E do pior tipo de escravidão: aquela que nos faz pensar que somos livres.

Temos, portanto, pressa para nascer. Depois em crescer, estudar, ser alguém na vida. "Alguém", como se nascêssemos com o carimbo de "ninguém" na testa. Freqüentamos a escola não mais para sermos pessoas cultas e íntegras na idade adulta, mas para acumular conhecimentos metódicos e algorítmos para poder fazer algum exame chinfrim e poder ter acesso a uma faculdade. E esperam que tudo ocorra de forma natural, com todo mundo tendo que escolher o "alguém" que vai ser na vida justamente no auge da adolescência. Belo momento pra se fazer uma escolha como essa, ainda mais quando se corre o risco enorme - e bastante provável - dessa escolha ser exatamente a escolha errada. Pensar que se sabe o que quer sempre faz parte da ilusão de que você manda na sua vida, escravo. Saímos da faculdade, trabalhamos, formamos família e chegamos na velhice sem nem pensar se era pra ser assim mesmo.

Com isso, eu volto para o momento da aula, mais precisamente para o momento que mais me surpreendeu: quando todo mundo começou a dizer em alto e bom som que sabia exatamente o que queria da vida, ignorando desde já tudo que ainda faltava para se passar até lá - e olhe que é muita coisa. Aí nessas horas eu penso ser um algo de outro planeta, pois foi nessa hora, nessa mesmíssima hora, que eu me dei conta de que era o único que não sabia. E não sabia com a mesma certeza com a qual os outros sabiam. Mas será que eu tenho necessariamente que saber? Será que essa é mesmo a hora de tomar essa decisão? Até quando o não saber é tido como normal? E vos digo: não sei. Mas não creio que seja um crime não saber que escolha tomar na hora que o mundo assim requer. Muito pelo contrário. O normal é nascer não sabendo.

A aula já acabou. O dia também já acabou. Mas o conflito permanece dentro da cabeça. E nessas horas é compreensível a angústia de quem se sente obrigado a tomar decisões firmes sempre, daquelas que mudam o rumo de tudo. Nossas escolhas, na verdade, são tomadas a cada dia que passa. Cada dia nos é dada a possibilidade de mudar ou continuar exatamente do mesmo jeito, e essa é uma decisão que nós tomamos quase que inconscientemente. Não há porque, pois, sentir-se culpado por não saber, aos dezoito, o que fazer da vida. Muito cinqüentão por aí acha que viveu sabendo, mas no fundo daria tudo pra voltar atrás. Não saber, às vezes, é a coisa mais sabia a se fazer. Não é porque encontramos uma bifurcação no meio do caminho que temos necessariamente que escolher por onde ir. Há ainda a possibilidade de parar. E de permanecer parado por um bom tempo.








Post Scriptum: Continuo sem saber.


terça-feira, 19 de agosto de 2008

Meio copo de água

Era chegado o dia. Depois de doze anos alí dentro, o tão aguardado dia chegara. Para eles, abrir os olhos e vislumbrar a possibilidade de uma mudança era algo que nunca estivera tão palpável. Por doze anos, ambos dividiram celas vicinais, separadas por uma maciça parede de tijolos sem cor, sem vida. Doze anos antes, por aquilo que alegaram ser "fraqueza de espírito", deixaram que o sangue subido à cabeça ceifasse uma vida rebenta em um ato impensado, coisa que não aconteceu nos cento e quarenta e quatro meses seguintes. Impensar. Impensar era muito pra quem já não tinha nada, mas não era suficiente. Não ter nada - amigos, família, dinheiro - era mais que suficiente. Talvez vergonha. E cautela que o medo talvez reponha.

Nesses tempo todo, que agora parecia ontem, muitas manhãs foram de guerra. Pra ambos. Deu vontade de dizer adeus, mas até isso lhes foi vetado. Era preciso estar aqui, assim, para que quando o momento de hoje chegasse, o lado de fora da porta fosse contemplado de outra forma. Da forma que fosse, mas de outra.

Mas também houve muitas manhãs de paz. As cabeças não eram iguais, apesar dos poucos cabelos que agora assentiam à brisa, nunca antes percebida com tanta agrabilidade. O tempo, por si só, opera alguma coisa. Milagre? Talvez. Mas é difícil acreditar em milagre quando o silêncio te chama de amigo por quase todo o dia. De todo modo, diziam que o sol que se põe é o mesmo que nasceu. E ele sempre nasce, para, depois, pôr-se.

E embora a cama fosse dura e a cela abafada, a sensação de adeus viera pesarosa, como aquela que se sente quando se volta à terra natal. Todos os detalhes, tudo que fazia lembrar cada dia. Mas era hora de ir. Homens livres, por lei, tinham que ir para dar lugar àqueles com os quais a lei se desentendera. Foi um longo processo desde o momento de se levantar até o de finalmente ir de encontro à porta. Mas ela estava lá. E foi quando ela foi aberta e a fresta de luz acompanhou toda a sua angulação crescente pelo chão. E os dois pisaram, enfim, do lado de fora. Lado a lado, como meros desconhecidos.

O primeiro olhou para o chão e contemplou a lama.

O segundo olhou para o céu e contemplou o sol, que, por sinal, acabara de nascer.


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O futuro da humanidade?

Não é difícil entender o porquê se simpatiza com uma criança apenas por vê-la em foto ou em propaganda de celular dizendo "oi". Elas, na maioria maciça das vezes, são fofinhas, rechonchudinhas, com narizes de bolinha, falam engraçado, se lambuzam, têm dobrinhas pelo corpo e exalam um cheirinho vulgarmente batizado pela indústria cosmética como "cheirinho de bebê". Verdadeiros anjinhos. Ou quase. Há muito que a infância de hoje vem translocando seus valores, alguns dos quais imprescindíveis na formação de qualquer ser humano digno de viver em sociedade. Ninguém brinca mais de boneco, de casinha, de médico, de tica, de esconde-esconde. Carrinho-de-rolimã, pipa, corrida de tampinha, cascudinho e desenho animado estão se tornando coisas obsoletas. A degeneração é tanta que já tem criança por aí que nasce equipada com celular, iPod e manual prático de como usar internet. Esse poderá ser o futuro dessa nação cada vez mais alienada, lamentavelmente.

E o que mais me enraivece é que, até meus doze ou treze anos, eu sentia enorme prazer em brincar com
Playmobil, jogar bola, construir pistas pra corrida de tampinha, ir à praia, correr, pular, subir onde não podia, tocar a campainha e correr, essas coisas que a gente faz quando é criança. E o prazer que elas me davam equipara-se a muitos poucos prazeres da vida adulta ou adolescente. Até mesmo o videogame, pelo qual sempre fui aficcionado, nunca me impedia de fazer coisas mais saudáveis, como brincar de tica-alguma-coisa ou de " no poço", brincadeira essa que precipitou muitas relações amorosas nas infâncias "da minha época". Até mesmo as pessoas que eu chamava de "grandes" me causavam medo. Era impossível eu, no auge da minha quarta série (no meu tempo era quarta série ainda), afrontar algum malandro da sexta. Morria de medo mesmo. "Ele é mais grande demais", eu pensava. Por isso, em contrapartida, eu me revolto ao ver garotinhos e garotinhas de 10 anos metidos a marmanjos-playboys e patricinhas, respectivamente.

Outra coisa que incomoda e incomoda muito:
crianças mimadas. Quem nunca viu aquela garotinha chorando no meio da loja de brinquedos, batendo o pé no chão e dizendo "Eu quero!" pra mãe, apontando o dedo pr'aquela boneca de algumas centenas de reais? Dá vontade de descer a mão, mesmo não sendo nem parente nem nada. Que mané eu quero o quê, rapaz! Crianças mimadas crescem com a ilusão de que podem manipular os outros ao seu bel-prazer e de que o mundo gira em torno das suas cabeças timpânicas e cheias de estrume de ganso. Sem falar que criança mimada é criança sem limite. Basta olhar o noticiário e você vê adolescente idiota batendo em empregada doméstica por esta ser empregada doméstica, ou tocando fogo em índio, ou aliciando crianças que não tiveram uma infância como a dele, ou fazendo qualquer babaquice digna de um completo retardado mental - os retardados que me perdoem pela comparação. A Lei Seca tá aí por causa dessas pessoas também. E é o certo. Tem que fazer agora o que painho e mainha não fizeram quando era a hora, playboy.

Outro grande mal da juventude de hoje é a tal da televisão. Mal porque ela não é usada de forma perspicaz. Televisão tem que passar somente
Cartoon Network, Discovery Channel, History Channel e qualquer canal correlato. Mais algum canal em espanhol e em inglês e talvez um canal de filmes. E só, ponto! Qualquer outra coisa é lixo e lixo do brabo. Só serve pra corroer o cérebro frágil e ainda em formação dos rebentos e infundir no que resta porcaria, fazendo com que se tornem cada vez mais alienados a cada hora perdida em frente àquele quadrado de vidro. Criança gordinha sentada no sofá comendo coxinha com molho de bacon deveria ser criança magrinha deitada na rede lendo O Pequeno Príncipe. Porque a falta de leitura também é outro problema sério, tal qual a televisão, principalmente num país que precisa mesmo é de educação em todas as suas nuances. Sem falar do sedentarismo precoce que todas essas coisas causam. A criança gordinha que vê muita TV e não lê, hoje, é o rapaz de 168 quilos que tem diabetes, hipertensão arterial e problemas coronarianos de amanhã, coisa que dá muito dinheiro a endocrinologista.

E como forma de fazer algo por isso, quero apenas fazer o apelo de que depende de nós, a velha-guarda, mudarmos o curso das coisas. Um dia, cada um vai ter seus filhos e, provavelmente, não vai querer que ele cresça um completo incompetente social, que adora dormir e colecionar bens materias e fica por fora quando o assunto é Machado de Assis ou Império Romano. É como as águias, que fazem de tudo até que seu filhote possa voar sozinho do ninho no alto da montanha. Depois disso, só o vento, amigo velho. Só o vento.

Pfu! E pensar que eu adorava aquele programa da TV Cultura, Terra, que mostrava tudo sobre a natureza e ainda por cima tinha Raul Seixas cantando majestosamente a música de abertura.

É... eu que era estranho mesmo. Totalmente.








Post Scriptum: Ah! A título de informação, não é normal as meninas terem sua menarca aos nove anos, okey?


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Adendo

Queria dizer o seguinte:





Homem-Aranha, você é um bosta!


(Rapel - 60 mts - na Pedra da Caveira, no Parque da Pedra da Boca)








Post Scriptum 1: Créditos para Bárbara, que estava por detrás da lentes.

Post Scriptum 2: Para ampliar a imagem e se estupefar com tamanho petardo, é só clicar.

Post Scriptum 3: Eu sou um ninja!


quinta-feira, 24 de julho de 2008

TOP 10 - Blogueiros

Algumas poucas e boas verdades sobre esses seres do submundo da internet:

1. Blogueiros são, na verdade, pseudo-poetas desavergonhados, inescrupulosos, libertinos, que exprimem sua visão de mundo por meio de textos de caráter quase sempre amador. Para tanto, utilizam-se de uma apurada capacidade de observação e abstração, um relevante conhecimento de mundo e uma habilidade louvável de discorrer, ainda que de maneira controversa e relutante, acerca de assuntos dos mais variados campos concernentes à área do conhecimento humano;

2. O blog em si é um instrumento poderoso de divulgação de opiniões, fatos e idéias. Como tal, deve ser usado de forma inteligente e condizente com a realidade e o intuito daquele que o criou - o blogueiro. Logo, fofocas, pornografia e episódio de novela ou seriado devem ser discutidos no intervalo do colégio, de preferência longe de todo mundo para evitar situações embaraçosas;

3. O blogueiro é, antes de tudo, parte de uma pessoa normal, que freqüenta a faculdade/colégio, quase sempre tira notas boas e se dá muito bem com pessoas em geral, principalmente as do sexo oposto. Entretanto, todo blogueiro tem um lado leptossomático refinado e bem mais aguçado que as demais pessoas normais, fato que facilita o trabalho de pôr em palavras aquilo que se passa na cabeça ou no coração;

4. Primeira verdade máxima de todo blogueiro: Fazer um blog é fácil. Mantê-lo sempre atualizado é obra do divino;

5. Não há necessidade alguma em ser Ph.D em Ciências Vernáculas, Mestre em Jornalismo Investigativo ou Doutor em Ciências Obscuras para se ter um blog de respeito. Porém, blogueiro que é blogueiro sabe como usar a língua com sapiência. E também é bom em frases de sentido ambígüo;

6. Blogueiro não sente amor, raiva, sono, fome, vontade de ir ao banheiro ou de ver televisão. De fato, blogueiro não sente nada. E tudo deve ser encarado como fonte de inspiração;

7. Para se ter um bom arsenal de argumentos, contra-argumentos, provas, idéias e raciocínios, faz-se necessário o gosto pelos ramos da arte, da culinária, da informação científica e, em pequeno grau, pelas amenidades da vida, mas apenas aquelas sem completa irrelevância;

8. Blogueiros não são nerds necessariamente. Todavia, ter um passado de gibis, animés, videogames e trilogias como Star Wars e Matrix ajuda bastante. Ademais, nerds são nerds e blogueiros são blogueiros.

9. Segunda verdade máxima de todo blogueiro: Blogueiros jamais escrevem motivados por vontades alheias;

10. Blogueiros possuem pouquíssimos amigos: dicionário, cafeína e, por vezes, o Wikipédia. Namoradas(os), caso existam, fazem parte do mundo da entidade que abriga essa personalidade doentia.








Post Scriptum 1: Blogueiros deveriam receber salário, ter carteira assinada e direito a aposentadoria.

Post Scriptum 2: The Bobs.

Post Scriptum 3: Um abraço efusivo a todos os meus comparsas.


quarta-feira, 16 de julho de 2008

Tratado sobre a religião

Parte 2 de milhões.


Há de se convir que o ser humano é, evolutivamente, um ser altamente despreparado para viver nesse mundo selvagem. Aliás, nem tanto. Assim o seria não fosse o seu grande triunfo evolutivo: o intelecto. Deveras privilegiado, eu diria. E olhe que ainda assim continua sendo um ser despreparado - mas nem tanto. É só parar pra pensar se tivéssemos que realmente viver na selva. Não temos garras ou chifres, o que com certeza nos torna péssimos em qualquer disputa por comida ou território. Não temos lá uma pelagem digna de um verdadeiro mamífero, como o urso, o que não é muito bacana se o inverno dura mais de meia hora. Não temos nadadeiras, não conseguimos nos locomover satisfatoriamente sobre dois membros (avalie sobre quatro), nossa visão não é adaptada ao escuro, nosso olfato é escravo da gripe, nossos dentes são meras protrusões ósseas, nada de guelras, nada de asas, de veneno, nada. Nada! Seres humanos, a exceção do belo exemplar de cérebro, não têm nada. Agora imagine o que nos resta a fazer na seguinte situação: sozinhos, na selva, no escuro, cercados por um bando de leões famintos, no frio, sem roupas, sem dinheiro, sem coragem, sem nada. O que resta a fazer? Se você pensou "rezar", chegou exatamente onde eu queria. Porque, nesse caso, talvez só Ele salve mesmo. E olhe lá. Tem que ver também o quão famintos estão os leões...

A questão é exatamente essa: o que a evolução nos negou, Ele, por meios obscuros, provê-nos. Pelo menos assim prega a religião. E quando eu digo "Ele" não me refiro a ninguém especificamente. Ele, na verdade, é aquela força incomum, dita superior, na qual os seres humanos põem suas crenças e esperanças afim de compensar sua completa inaptidão em se virarem sozinhos. Deus, Buda, Alá, Zé Ramalho... Dependendo da seita, cabe um nome diferente, mas sempre com o mesmo propósito e para a mesma, digamos, "pessoa". E como Ele quase nunca dá as caras por aqui no mundo dos mortais, resta-nos crer sem vê-lo, apenas ouvindo diversas anedotas ao seu respeito sobre suas mungangas, gambiarras e as baladas badaladíssimas que Ele costumava freqüentar no passado. Tem munganga maior que transformar água em vinho? Por que num podia ser em vários barris de chopp gelado?!

E aí que entra o significado de uma religião. Teoricamente, ela defende uma doutrina pregada por algum rapaz que quer que você, ser humano incompetente, se dê bem. Ou pelo menos não se dê tão mal. E ela age exatamente no ponto que a evolução falhou (eu não diria "falhou"; acho que esse foi um lance muito inteligente da parte dela, o de sermos uma cagada evolutiva), provendo de modo sigiloso e esfumaçado toda a proteção e consolo que a falta de garras e pêlos não nos permite ter. Por isso, exatamente por isso, que quando o negócio tá apertado até o talo as pessoas vão para o templo - tipo igreja, terreiro, essas coisas - e rezam, e dão dinheiro aos pobres, e pagam o dízimo, e se confessam com o sacristão - tipo padre, médium, essas coisas assim -, e fazem promessas, e pedem perdão, e rezam de novo. Na verdade, elas todas estão dando o migué nEle. Migué descarado e sem escrúpulos e Ele, no auge da sua benevolência e ingenuidade, passa a mão na cabecinha de todo mundo. Pronto! Esmola dada é proteção garantida. Anti-pecados e anti-promessas-não-cumpridas. Isso chama-se religião.

E, claro, que esse serviço não sai assim, de graça. Há os secretários que trabalham nos postos de arrecadação fiscal. Coisa simples, rápida e quase nada burocrática. Isso às custas de um bom nível de proteção contra todos os males, inclusive os males do bolso (ou você já viu padre morrendo de fome e andando de ônibus?). E tem também a possibilidade dEle deixar sempre as portas da sua casa aberta, das seis da manhã até às oito, talvez nove da noite. Mas sempre abertas. Isso quando Ele tem casa, né? Porque, às vezes, Ele opta por ser bem humilde e qualquer quartinho de fundo de quintal serve. Há também os adeptos - assim chamados os seres humanos incompetentes - que gostam da ostentação e do quase "divino" em termos de grandiosidade, e, para isso, o secretariado faz questão de erguer chão acima verdadeiros cataclismos arquitetônicos. Mas vale lembrar: Ele diz que gosta do humilde. E eu acredito. Mas seria mais bacana se ele tivesse nos dado garras.

Mas antes que alguém me apredeje, eu queria deixar claro que o fato dEle estar sempre por qualquer lugar é algo da minha apetência. Dizem que ele cuida da chuva, das nuvens, dos passarinhos, das paisagens bonitas, do pôr-do-sol e de toda essa canalhice romântica que fazem as doidinhas chorarem. Eu, como afamado romântico assumido, gosto disso. E, se isso é coisa dEle, então eu gosto dele, correto? Raciocínio lógico. Mas que fique claro que é só dEle. E eu continuo a achar que nossa relação seria bem mais amigável se ele tivesse me feito nascer com garras, pelagem anti-frio, visão noturna ultra
High-Tech e um rabinho pra dar o charme. Fêmeas gostam de rabinhos, ouvi dizer. E por favor: não venha me dizer que o seu "Ele" é melhor que o meu. Isso é igual a... a... a... bem, cada um tem o seu e não se discute. Aceita-se apenas. E dentro de certos limites condizentes com o intelecto que lhe foi dado. Por isso, nada de correr maratona de joelho e jejuar por um semestre. Controle-se!

E não entre em pânico. Quando você estiver sozinho na selva, rodeado de leões famintos, no escuro e sem qualquer expectativa de se safar, use o intelecto. A evolução achou que ele seria mais útil que um par de garras. Vai que ela tava certa mesmo, pra variar. Só não demore tanto. Ouvi dizer que leões são horríveis no quesito paciência.








Post Scriptum 1: Esse post faz parte de um desafio. E eu curto desafios...

Post Scriptum 2: Esse texto não reflete necessariamente, em toda a sua extensão e magnitude, a opinião certeira do seu autor. Eu diria, sem nenhum sarcasmo, que ele tem traços de opinião, daqueles bem sutis.


sábado, 12 de julho de 2008

Tratado sobre a liberdade

Parte 1 de milhões.


É basicamente isso mesmo: ir pra onde der vontade, falar o que der na telha, entrar na locadora e ter a possibilidade de escolher entre um filme
cult ou um pornô vagabundo. E por ser um assunto tão amplo e, por vezes, vago, acaba dando muito pano pra manga. Manga essa que pode ser pra fazer suco com água ou leite, que, por sinal, vem da vaca, aquele mamífero tetrateta, cujo excremento serve de adubo vegetal. Vegetais, por sua vez, crescem a partir de resíduos nitrogenados presentes nas fezes animais, gerando lindos e suculentos frutos quando, logicamente, a planta é do tipo angiosperma. Favor não confundir com o esperma, aquele líquido branco-leitoso secretado pelos mamíferos do sexo masculino na hora da cópula e que transforma a mucosa vaginal num meio menos hostil às células germinativas, também conhecidas como espermatozóides. Aproveitando o ensejo, "óide" é uma terminação bastante empregada em algumas palavras e denota significado de "semelhante a", como, por exemplo, os hidrogenóides, que, por possuírem apenas um próton no núcleo, equiparam-se ao hidrogênio, primeiro elemento da tabela periódica idealizada por Mendeleiev.

Viu só? Sair de "manga" e chegar até "Mendeleiev" num papo casual é algo que somente uma pessoa liberta conseguiria, desconsiderando os milíndres óbvios do conhecimento de mundo requerido para tanto.

Mas o que seria afinal a tal liberdade além daquilo que vem à nossa cabeça quando vemos um pássaro em pleno vôo?
Sorry! Não sei ao certo. Mas sei que é igual ao frio ou ao medo: a gente sente. A gente se sente livre ou quase sempre busca a liberdade, embora não seja comum fazer o mesmo para o frio ou medo. É a vontade de ir embora, de jogar tudo pra cima, de comer de madrugada, de ir pra praia antes do sol despontar no horizonte ou de fazer absolutamente qualquer coisa de qualquer jeito e a qualquer hora, sem ressentimentos. Sem ressentimentos mesmo. É ir pra batizado de calça jeans e sandálias havaianas, para completo desespero da sua mãe, avó e tias.

Outro ponto interessante em ser teoricamente livre é que você não precisa necessariamente se submeter a certas regras ou convenções sociais, o que, pra mim, é um cu. Pronto... cu! Poder dizer cu quando se está puto da vida é algo bastante revigorante. Imagine só: a pessoa mete a canela na quina da cama e tem que se conter porque disseram que é feio falar palavrão. "Ó meu Deus, que dor lancinante e em pontadas está acometendo o terço proximal da minha tíbia nesse momento... Estou com muita raiva por isso e queria que passasse". Pra quê essa repressão toda? Nada que um "Puta que pariu, que dor cu do caralho!!" não resolva. Eu sempre fui, desde pequenininho, instruído a não reprimir certas coisas. Palavrões é uma delas - e não me entendam mal por isso. Teve até essa vez que, meio que sem querer, eu falei "fuderoso" na igreja. Não que eu me orgulhe demais disso, mas eu não acho que Aquele rapaz que mora lá em cima vá me condenar a passar a eternidade queimando nos rios de lava só porque eu deixe escapar um "fuderosozinho" na porta da casa Dele. Eu sou livre pra ter um bom relacionamento com Ele. A gente é bróder.

Portanto, você que vive acorrentado, engaiolado, enjaulado, enclausurado, revolte-se. Liberte-se!
Break free, dude! Abra as asas e voe, voe pra longe e volte esporadicamente. Ou não volte. Ou não voe, sei lá. O que importa é não virar escravo da rotina e de tudo aquilo que tentam impor por aí. Ande com a cueca aparecendo, mostre o bucho, o resto de feijoada no dente, o cabelo despenteado, fale palavrão e seja educado com os pedintes e mendigos. Passe um dia sem tomar banho e uma semana sem estudar nada. Estudar, na verdade, é para os fracos, aprisiona a mente e causa úlcera. Troque o Introdução a Matemática Avançada Volume II por Dom Quixote ou O Guia do Mochileiro das Galáxias (dá-lhe Marvin!). Converse amenidades com sua avó e pare de dormir até as duas horas da tarde. E pratique bungee-junp sempre que possível. Porque ser assim, livre, não é uma questão de sorte; é uma escolha, como tudo mais.

E vou me dar a liberdade de deixar aqui uma citação que eu vi pixada em um muro, certa vez: "O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo".

Né?








Post Scriptum: Ter blog é coisa de gente livre?


sábado, 5 de julho de 2008

Metaliguagem


Pura metaliguagem.


(Tirinha totalmente excelente, extraída diretamente dos Malvados)








*Primeira Lei do Tio Ben: Grandes poderes trazem grandes responsabilidades.


quinta-feira, 3 de julho de 2008

O que será?

Eu me pergunto: o que será?
Quando o mar secar
O sol apagar
E a chuva parar de cair
plantar

O que será?
Quando o vento fugir
A lua cair
E o céu, escuro, ruir

O que será, amigo?
Quando a pebice pebar
O tatu acordar
E a cadeira quebrar

O que será?
Quando o frio chegar
A cerveja embriagar
E o carvão, em brasa, queimar

O que será?
Quando o morango acabar
O controle desesperar
E a canseira acomodar

O que será?
Vá, explique
Ou pelo menos um palpite
De tudo que será
No dia que o errado
certo virar
No dia que a janela
para sempre fechar
E no dia que o beija-flor
para longe voar

E eu pergunto: o que será?








Post Scriptum: Resultado de um breve momento de descontrole/inspiração há algum tempo atrás. Muito tempo atrás.



terça-feira, 24 de junho de 2008

Um post pessoal e depressivo...

...é disso que esse blog tá precisando. Não que eu vá ser mal-agradecido por tudo que tá acontecendo, dada a enxurrada de notícias semi-boas, boas e ótimas que eu venho recebendo: é nota boa, matéria que acabou, final de semestre, férias, cerveja gelada, amigos ligando, farras, festas, visitas surpresa, viagens, birita gratuita, etc. E tem também as notícias pseudo-boas, que fingem que são boas sem serem boas verdadeiramente. Pelo menos dão a impressão de ser algo bom, o que já é alguma coisa. Enfim, felicidade é bom e nunca é demais, mas convenhamos que uma melancoliazinha de vez em quando é legal também. É ruim mas é bom. Digaí: um redezinha, numa noite chuvosa, fria, escura, sem ninguém por perto e você lá, sozinho, devaneando sobre o real sentido da existência humana e se achando a pessoa mais solitaritamente-deitada-numa-rede que existe...

Ou então você, no último dia de aula, chegando na saída da sala da aula. Aí olha tudo e vê aquelas cadeiras desarrumadas, papel no chão, giz ainda rabiscado na lousa... Num dá uma tristeza interna, não? Dá, ome! Ou então, o que é bem mais comum, aquele seminário que você se lascou todinho pra fazer, varou noites a fio pesquisando e estudando aquela merda de artigo totalmente desnecessário e complicado, cheio de palavras difíceis - beligerância, grandiloqüência, edícula -, tabelas sem nexo e frases sem nenhuma conexão lógica, pra chegar no dia da apresentação e a professora olhar pra você e dizer: "Ficou bom, mas poderia ter ficado melhor...". Resumindo, ela acaba de atestar que tudo que você fez é o maior cocô científico da história da ciência da humanidade e que, sem nenhum remorso, ela usaria aquilo para limpar a bunda do cachorro Yorkshire dela. Sem falar que a turma foi avisada por ela, de modo justo, o quanto competente você é para fazer trabalhos acadêmicos. Agora me diga... Num é de dar dó?

Mas chega de falar de assuntos academicamente (im)pertinentes. Quero discorrer sobre as tristezas do cotidiano. O que dizer, pois, de você, ávido escritor, por vezes metido a poeta, leitor até de bula de remédio e verso de xampu, eterno viciado na lombra que a literatura amadora impõe, possuidor de milhões de neurônios a menos e detentor do blog mais peba de todos os tempos desde os idos da internet discada - ou dial up -, chegar e encontrar zero comentários no seu outrora tido como blog "interessantezinho"? É emocionalmente extenuante. Até as lágrimas, companheiras eternas dos nobres letrados e verdadeiros detentores da vernácula artística e das rimas etéreas, recusam-se a escorrer fronte abaixo. Além de depressivo e degradante, é incitativo de trejeitos suicidas. Eu soube até, inclusive, de um jovem pós-púbere que, não suportando os módicos doze comentários em seu fotolog, perdeu a noção de valor à vida e, em um ato de nítido desespero, cancelou sua conta sem qualquer delonga. Para ele, era inconcebível receber doze comentários num fotolog que sempre teve prestígio pra mais de cinqüenta. Deplorável, eu diria. Simplesmente deplorável.


Por isso, fiquemos todos tristes. Tristes em prol daqueles que, infelicitosamente (essa palavra existe ou eu acabo de dar uma de Guimarães Rosa?), só conhecem as lágrimas e o despedaçamento cardíaco. Triste por aqueles que um dia já broxaram, que levaram um pé-na-bunda, que são feios irremediáveis,
que se tornaram padres, que só bebem suco e água, que tiraram aquele zero naquela prova que todo mundo tirou 9,3. Triste, sim, pelas bundas dos estupradores que vão presos, pelo garotinho que deixou o pirulito cair no chão, pelas crianças que esperaram Papai Noel (aquele galado), pela senhora que usou Super Bonder como colírio, pelo viciado que apostou a mulher no jogo e perdeu, pelo torcedor que viu seu time do coração falir, pelos diabéticos em loja de docinhos, enfim... Todos aqueles portadores de depressão crônica e inveterada, minhas condolências são todas de vocês. Não é porque as notícias boas me perseguem que eu vou esquecer de vocês, assim como a vida fez. Esse post está aqui pra deixar claro. E eu estou em profunda resignação.


Precisando de um ombro amigo, já sabe. Só não chore demais. Ombro molhado é uma merda.









Post Scriptum: Eu sou horrível como maníaco-depressivo, né?!


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...