Usualmente, meu cotidiano é repleto de dias cheios de estresse com faculdade, com imprevistos, reclamações, coisas dando errado, irmãos me tirando do sério. Entretanto, é com o mesmo usualmente que eu digo que meus dias são lindos, todos eles. As coisas boas que me ocorrem estão quase sempre naquilo que alguém olharia displicentemente, e elas sobrepujam qualquer estresse diário. Tá parecendo piegas, mas esse tópico de hoje vai ser sobre essas coisas. O dia de hoje me fez refletir muito a respeito delas e da sua importância na vida de qualquer um.
Pois bem. Há de se convir que, quando se é criança, nada nos alegra mais do que ganhar aquele pirulito. Ou aquele videogame, aquela boneca, aquela figurinha que faltava no álbum do seu desenho preferido. Feliz é correr pra "pegar o campo" quando toca pro intervalo, o qual a gente chamava descaradamente de "lanche". Daí a gente cresce mais um pouquinho e o feliz passa a ser paquerar com aquela pessoa que você acha bonita, durante a aula tediosa de matemática. Foi num momento como esse que a mania de passar bilhetinhos ficou famosa e se tornou útil. E, mais feliz ainda, é saber que aquela pessoa paquera com você também, e que, mais cedo ou mais tarde, em alguma festa de amigo-secreto ou São João da turma, vocês vão se "pegar" e se curtir até enjoar. Enjoar, inclusive, não é feliz. Então pula essa parte.
Aí a gente cresce mais um pouco. Nesse instante, a maior felicidade que pode existir é passar no vestibular. E essa é uma felicidade tão grande e intensa que se espalha por todos os lados e direções com a velocidade da luz, contaminando quem quer que esteja no seu raio de ação. Pai, mãe, irmãos, tios, avós, sobrinhos, cunhados, cachorros, casas, carros, passarinhos, privadas, garrafas de cerveja, o vento, a água, o céu. É impressionante como tudo brilha e sorri pra você. Paralelo a isso, vem as felicidades secundárias: o carro, a viagem, as férias prolongadas, as festas, os amigos, as noites de curtição, os churrascos, as muitas pessoas que paqueram com você porque agora, sim, você é universitário, e por aí afora vai. Daí você entra na faculdade. Mas pula essa parte também.
Aqui você cresce mais um pouquinho. Felicidade agora é se formar, ser um bom profissional e arranjar um emprego digno. É trabalhar com prazer e saber que está sendo útil pra alguma coisa. Felicidade é quando você olha pra sua namorada (que talvez seja aquela dos bilhetinhos da aula de matemática) e, agora, já a vê como a mulher da sua vida. E daí em diante, quando você se casa, tem filhos, tem uma casa, vive bem. Quando acorda na manhã de domingo pra pegar o jornal e, despretenciosamente, "perde" quinze minutos em uma boa conversa com o seu vizinho sobre o jogo do dia anterior. Feliz é quando seu filho torce pro time diretamente rival do seu, e vocês quebram o pau dentro de casa quando tem jogo. Felicidade é quando sua mulher aprende a fazer aqueles pratos que somente ela sabe. Nessa época, felicidade é saber que ainda há muito o que se viver, embora muito já tenha se passado. Mas essa ainda não é a hora da saudade. Então, pula.
E a gente cresce. E começa a olhar pro passado, recordando-se de tudo que já se foi, e tem aquela saudade, aquela vontade de querer que tudo ocorra de novo, do mesmo jeito. Isso, sim, é felicidade. Agora, a gente senta na cadeira à beira do terraço, olhando as pessoas que passam e nos saúdam, chamando-nos de "Seu Fulano" e "Dona Fulana". Felicidade é caminhar meia hora pelo parque sem sentir dispnéia, vertigem ou paresia. É chegar até aqui com o coração de quarenta anos antes, esperando pelos próximos quarenta que virão. É gastar todo o seu dinheiro com presentes pros netos. E se você é mulher, saiba que, para eles, a sua é a melhor comida. E, de repente, você deixa de crescer aqui, nesse plano. E te deitam numa cama estranha, pequena, apertada e te colocam num buraco só pra depois jogar areia em cima. Areia essa que, quase sempre, vem acompanhada de rosas, lágrimas e saudades.
Mas a gente cresceu. E como cresceu.
Pois bem. Há de se convir que, quando se é criança, nada nos alegra mais do que ganhar aquele pirulito. Ou aquele videogame, aquela boneca, aquela figurinha que faltava no álbum do seu desenho preferido. Feliz é correr pra "pegar o campo" quando toca pro intervalo, o qual a gente chamava descaradamente de "lanche". Daí a gente cresce mais um pouquinho e o feliz passa a ser paquerar com aquela pessoa que você acha bonita, durante a aula tediosa de matemática. Foi num momento como esse que a mania de passar bilhetinhos ficou famosa e se tornou útil. E, mais feliz ainda, é saber que aquela pessoa paquera com você também, e que, mais cedo ou mais tarde, em alguma festa de amigo-secreto ou São João da turma, vocês vão se "pegar" e se curtir até enjoar. Enjoar, inclusive, não é feliz. Então pula essa parte.
Aí a gente cresce mais um pouco. Nesse instante, a maior felicidade que pode existir é passar no vestibular. E essa é uma felicidade tão grande e intensa que se espalha por todos os lados e direções com a velocidade da luz, contaminando quem quer que esteja no seu raio de ação. Pai, mãe, irmãos, tios, avós, sobrinhos, cunhados, cachorros, casas, carros, passarinhos, privadas, garrafas de cerveja, o vento, a água, o céu. É impressionante como tudo brilha e sorri pra você. Paralelo a isso, vem as felicidades secundárias: o carro, a viagem, as férias prolongadas, as festas, os amigos, as noites de curtição, os churrascos, as muitas pessoas que paqueram com você porque agora, sim, você é universitário, e por aí afora vai. Daí você entra na faculdade. Mas pula essa parte também.
Aqui você cresce mais um pouquinho. Felicidade agora é se formar, ser um bom profissional e arranjar um emprego digno. É trabalhar com prazer e saber que está sendo útil pra alguma coisa. Felicidade é quando você olha pra sua namorada (que talvez seja aquela dos bilhetinhos da aula de matemática) e, agora, já a vê como a mulher da sua vida. E daí em diante, quando você se casa, tem filhos, tem uma casa, vive bem. Quando acorda na manhã de domingo pra pegar o jornal e, despretenciosamente, "perde" quinze minutos em uma boa conversa com o seu vizinho sobre o jogo do dia anterior. Feliz é quando seu filho torce pro time diretamente rival do seu, e vocês quebram o pau dentro de casa quando tem jogo. Felicidade é quando sua mulher aprende a fazer aqueles pratos que somente ela sabe. Nessa época, felicidade é saber que ainda há muito o que se viver, embora muito já tenha se passado. Mas essa ainda não é a hora da saudade. Então, pula.
E a gente cresce. E começa a olhar pro passado, recordando-se de tudo que já se foi, e tem aquela saudade, aquela vontade de querer que tudo ocorra de novo, do mesmo jeito. Isso, sim, é felicidade. Agora, a gente senta na cadeira à beira do terraço, olhando as pessoas que passam e nos saúdam, chamando-nos de "Seu Fulano" e "Dona Fulana". Felicidade é caminhar meia hora pelo parque sem sentir dispnéia, vertigem ou paresia. É chegar até aqui com o coração de quarenta anos antes, esperando pelos próximos quarenta que virão. É gastar todo o seu dinheiro com presentes pros netos. E se você é mulher, saiba que, para eles, a sua é a melhor comida. E, de repente, você deixa de crescer aqui, nesse plano. E te deitam numa cama estranha, pequena, apertada e te colocam num buraco só pra depois jogar areia em cima. Areia essa que, quase sempre, vem acompanhada de rosas, lágrimas e saudades.
Mas a gente cresceu. E como cresceu.