segunda-feira, 25 de abril de 2011

DR

Esbravejando, ela me obrigou a sentar à mesa com ela para uma "discussão muito séria". E sem qualquer nota introdutória começou...

Colocou em cima da mesa uma camisa branca com marca de batom. Depois colocou o que parecia ser algumas cartas - umas, inclusive, escritas em guardanapo vagabundo. Depois vieram algumas fotos que, segunda ela, eram muito suspeitas. Cada item da lista, que a essa altura já me parecia infindável, era entremeado por alguns segundos de um discurso colérico e pouco inteligível. Aí veio um bilhete de cinema para uma comédia romântica, uma conta de bar e uma nota fiscal de abastecimento de combustível, nessa ordem. Após, alguns papéis amassados de chocolate e mais discurso colérico. Interessante como a veia na sua testa pulsava forte quando ela falava. Aí foi a vez de uma série de objetos que não eram do meu conhecimento - um deles sendo uma haste com cerdas na ponta e que lembrava uma escova-de-dente, mas sem sê-lo; seguidos de perto por um pingente bem afeminado. Daí para a frente, seguiu-se um monólogo longo e passional, tomado por gestos e dedos na cara, que foi finalizado com um firme "explique-se" como ponto-final.

- Er... Isso aqui que parece uma escova-de-dente... Como se chama?

Aí ela deu um grito muito alto que, supus eu, era de raiva. Colocou o dedo na minha cara mais uma vez, apontando diretamente para a minha glabela, mandou que eu fosse embora e nunca mais lhe olhasse na cara. Só que depois disso tudo quem saiu da cena sem nem dar adeus foi ela. E eu fiquei lá sentado, dando-me conta de como camisas brancas são péssimas para disfarçar manchas de batom.

E esse estardalhaço todinho só porque eu queria saber o que danado era um rimel. Eu, hein!


domingo, 17 de abril de 2011

Nuvole Bianche

Caralho!

Foi a primeira coisa que eu disse quando escutei essa música pela primeira vez. Aí fuçei internet adentro e achei esse vídeo dela. O vídeo - e a música - falam por si.



A música, que dá nome ao post, é de um pianista e compositor italiano chamado Ludovico Einaudi e pertence ao álbum Una Mattina, de 2004. Quem curte piano tem obrigação de baixar e escutar. Quem não curte, intrigue-se de mim para sempre.








Post Scriptum 1: Obrigado, piano... de novo.

Post Scriptum 2: Ah, domingo chuvoso...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Alfinetada

Ela era a pessoa mais cheia de si que eu conheci.
Sequer pisava no chão.










Mas aí, certo dia, espetei-a com um alfinete e... BOOM: ela estourou.
E agora ela está por todo o lugar.
Inclusive pelo chão.


Principalmente pelo chão.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Altruísmo

Quem vai nos pagar?
As noites de sono mal dormidas
As manchas de sangue na camisa
E os cabelos que caem no chão

Quem vai nos pagar?
A indignação engolida
A raiva toda suprimida
E a dignidade presa no porão

Quem vai nos pagar?
A voz esbaforida
A renúncia descomedida
E o suor derramado em vão



E as apunhaladas no coração
Quem vai pagar?


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...