Talvez vocês não saibam, mas ultimamente eu tenho andado meio ocupado com um trabalho da faculdade (esse "meio" foi puro eufemismo) que tem consumido minhas madrugadas. Não bastassem as perguntas sem noção (Qual a importância química, física e biológica do arco-íris?), agora eu sou obrigado a responder perguntas que nem a filosofia se atreveria. Daí, depois de muita consulta google adentro, eu estou quase convencido de que sou o Platão da era moderna. Por isso, resolvi fazer um post a respeito do que talvez seja o assunto mais complexo e controverso que há: o eu. Perceba que o substantivo "eu" é precedido pelo artigo "o", fazendo com que esse "eu" não seja, na verdade, esse que humildemente vos escreve. O eu de que falo é aquele que vive dentro de nós, aquela vozinha no fundo da nuca, aquela coisa com vida que a gente pensa, por vezes, ser nosso estômago roncando.
Um dicionário que eu tenho desde a 4ª série, o Larousse, dá a seguinte definição para eu: "EU (lat. ego). pron. pess. da 1ª pessoa do sing. (caso reto), empregado como sujeito. * s.m. O sujeito que fala, pensa ou sente, por oposição à sua exterioridade. * Psican. Sin. de EGO". Pois bem. Acho que todo mundo concorda com isso. Mas tem uma coisa aí (e é capaz de você tê-la deixado passar desapercebida) que me chamou a atenção mais do que todas: por oposição à sua exterioridade. Exterioridade, até onde minha vã filosofia supõe, relaciona-se ao que se é "para fora", "para o exterior", para o mundo (?). Na verdade, era aqui que eu queria chegar. O eu que nós somos para nós mesmos nos é bastante familiar. Lidamos com ele todo dia. Já o que nós somos para o mundo, nem tanto. Complexo, né?! Eu disse...
O mundo, por ser tão grande e dinâmico, vê os "eus" que o habitam como minúsculas personagens, vivendo suas vidinhas pacatas. Nessas horas que eu adoro aquele filme, que fala mais ou menos sobre isso. Como é mesmo o nome dele? É... é... Ah, lembrei! "Matrix". Num universo de bilhões de eus diferentes, o seu se torna insignificante. De certo modo, até um clichê. Simplesmente não importa. Você é o que você é e não o que o mundo vê. Você, meu amigo, é o que ninguém vê. Ninguém.
Agora pare e pense em quantas coisas a gente faz sem ninguém saber. Quantas coisas sentimos, falamos, pensamos, tudo no mais absoluto sigilo. Pensar, por si só, já é algo por demais sigiloso. Você é o que ninguém vê simplesmente porque, para os outros, o que você é não importa muito. Eles já são ocupados demais com o que eles mesmos são. E sem perceber você se pega fazendo aquelas coisas nas quais sua única companhia é você mesmo. Quem nunca cantou durante o banho? Ou dançou freneticamente no quarto, como se estivesse no meio da boate? Ou ficou horas e horas sentando na areia, olhando para o horizonte e pensando em absolutamente porra nenhuma? Sair andando sem rumo, escrever um poema, falar sozinho, ter amigos imaginários. Isso tudo é você sendo aquilo que ninguém vê. Pode acreditar.
E não pense que essas coisas são motivo de tratamento psiquiátrico. Não, não, não. É nesses momentos que a gente conhece aquele que nos acompanha por toda a vida. O nosso eu. Pais, irmãos, namorada, amigos, vizinhos... todos, um dia, vão embora sem nós. Todos menos um. E as pessoas não entendem que esse "um" também precisa de atenção. Muitos problemas são resolvidos quando a gente admite que precisa estar sozinho. Porque é sozinho que a gente é o que ninguém vê. E o que ninguém vê é o que importa verdadeiramente. O que todo mundo vê pode ser fruto do nosso personagem (lembra do minúsculo personagem?). E o personagem não reflete necessariamente a essência daquele que o interpreta. Se assim fosse, todos os vilões seriam maus, todos os mocinhos casariam com as mocinhas, todo mundo poderia voar ou parar balas com a mão. Mas não é.
Por isso, meu amigo, da próxima vez que o mundo estiver desabando na sua frente, lembre-se de quem você é. Lembre que você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra. Você é a saudade que sente da sua mãe, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora. Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda. Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, o ódio que tudo isso dá. Você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás. Vocé é o que ninguém vê.
Post Scriptum 1: Não me culpe pelo texto. Culpe o meu trabalho de semiologia.
Post Scriptum 2: Sou ou não sou o novo Platão? [risos]
Um dicionário que eu tenho desde a 4ª série, o Larousse, dá a seguinte definição para eu: "EU (lat. ego). pron. pess. da 1ª pessoa do sing. (caso reto), empregado como sujeito. * s.m. O sujeito que fala, pensa ou sente, por oposição à sua exterioridade. * Psican. Sin. de EGO". Pois bem. Acho que todo mundo concorda com isso. Mas tem uma coisa aí (e é capaz de você tê-la deixado passar desapercebida) que me chamou a atenção mais do que todas: por oposição à sua exterioridade. Exterioridade, até onde minha vã filosofia supõe, relaciona-se ao que se é "para fora", "para o exterior", para o mundo (?). Na verdade, era aqui que eu queria chegar. O eu que nós somos para nós mesmos nos é bastante familiar. Lidamos com ele todo dia. Já o que nós somos para o mundo, nem tanto. Complexo, né?! Eu disse...
O mundo, por ser tão grande e dinâmico, vê os "eus" que o habitam como minúsculas personagens, vivendo suas vidinhas pacatas. Nessas horas que eu adoro aquele filme, que fala mais ou menos sobre isso. Como é mesmo o nome dele? É... é... Ah, lembrei! "Matrix". Num universo de bilhões de eus diferentes, o seu se torna insignificante. De certo modo, até um clichê. Simplesmente não importa. Você é o que você é e não o que o mundo vê. Você, meu amigo, é o que ninguém vê. Ninguém.
Agora pare e pense em quantas coisas a gente faz sem ninguém saber. Quantas coisas sentimos, falamos, pensamos, tudo no mais absoluto sigilo. Pensar, por si só, já é algo por demais sigiloso. Você é o que ninguém vê simplesmente porque, para os outros, o que você é não importa muito. Eles já são ocupados demais com o que eles mesmos são. E sem perceber você se pega fazendo aquelas coisas nas quais sua única companhia é você mesmo. Quem nunca cantou durante o banho? Ou dançou freneticamente no quarto, como se estivesse no meio da boate? Ou ficou horas e horas sentando na areia, olhando para o horizonte e pensando em absolutamente porra nenhuma? Sair andando sem rumo, escrever um poema, falar sozinho, ter amigos imaginários. Isso tudo é você sendo aquilo que ninguém vê. Pode acreditar.
E não pense que essas coisas são motivo de tratamento psiquiátrico. Não, não, não. É nesses momentos que a gente conhece aquele que nos acompanha por toda a vida. O nosso eu. Pais, irmãos, namorada, amigos, vizinhos... todos, um dia, vão embora sem nós. Todos menos um. E as pessoas não entendem que esse "um" também precisa de atenção. Muitos problemas são resolvidos quando a gente admite que precisa estar sozinho. Porque é sozinho que a gente é o que ninguém vê. E o que ninguém vê é o que importa verdadeiramente. O que todo mundo vê pode ser fruto do nosso personagem (lembra do minúsculo personagem?). E o personagem não reflete necessariamente a essência daquele que o interpreta. Se assim fosse, todos os vilões seriam maus, todos os mocinhos casariam com as mocinhas, todo mundo poderia voar ou parar balas com a mão. Mas não é.
Por isso, meu amigo, da próxima vez que o mundo estiver desabando na sua frente, lembre-se de quem você é. Lembre que você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra. Você é a saudade que sente da sua mãe, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora. Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda. Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, o ódio que tudo isso dá. Você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás. Vocé é o que ninguém vê.
Post Scriptum 1: Não me culpe pelo texto. Culpe o meu trabalho de semiologia.
Post Scriptum 2: Sou ou não sou o novo Platão? [risos]