Não é difícil entender o porquê se simpatiza com uma criança apenas por vê-la em foto ou em propaganda de celular dizendo "oi". Elas, na maioria maciça das vezes, são fofinhas, rechonchudinhas, com narizes de bolinha, falam engraçado, se lambuzam, têm dobrinhas pelo corpo e exalam um cheirinho vulgarmente batizado pela indústria cosmética como "cheirinho de bebê". Verdadeiros anjinhos. Ou quase. Há muito que a infância de hoje vem translocando seus valores, alguns dos quais imprescindíveis na formação de qualquer ser humano digno de viver em sociedade. Ninguém brinca mais de boneco, de casinha, de médico, de tica, de esconde-esconde. Carrinho-de-rolimã, pipa, corrida de tampinha, cascudinho e desenho animado estão se tornando coisas obsoletas. A degeneração é tanta que já tem criança por aí que nasce equipada com celular, iPod e manual prático de como usar internet. Esse poderá ser o futuro dessa nação cada vez mais alienada, lamentavelmente.
E o que mais me enraivece é que, até meus doze ou treze anos, eu sentia enorme prazer em brincar com Playmobil, jogar bola, construir pistas pra corrida de tampinha, ir à praia, correr, pular, subir onde não podia, tocar a campainha e correr, essas coisas que a gente faz quando é criança. E o prazer que elas me davam equipara-se a muitos poucos prazeres da vida adulta ou adolescente. Até mesmo o videogame, pelo qual sempre fui aficcionado, nunca me impedia de fazer coisas mais saudáveis, como brincar de tica-alguma-coisa ou de "tô no poço", brincadeira essa que precipitou muitas relações amorosas nas infâncias "da minha época". Até mesmo as pessoas que eu chamava de "grandes" me causavam medo. Era impossível eu, no auge da minha quarta série (no meu tempo era quarta série ainda), afrontar algum malandro da sexta. Morria de medo mesmo. "Ele é mais grande demais", eu pensava. Por isso, em contrapartida, eu me revolto ao ver garotinhos e garotinhas de 10 anos metidos a marmanjos-playboys e patricinhas, respectivamente.
Outra coisa que incomoda e incomoda muito: crianças mimadas. Quem nunca viu aquela garotinha chorando no meio da loja de brinquedos, batendo o pé no chão e dizendo "Eu quero!" pra mãe, apontando o dedo pr'aquela boneca de algumas centenas de reais? Dá vontade de descer a mão, mesmo não sendo nem parente nem nada. Que mané eu quero o quê, rapaz! Crianças mimadas crescem com a ilusão de que podem manipular os outros ao seu bel-prazer e de que o mundo gira em torno das suas cabeças timpânicas e cheias de estrume de ganso. Sem falar que criança mimada é criança sem limite. Basta olhar o noticiário e você vê adolescente idiota batendo em empregada doméstica por esta ser empregada doméstica, ou tocando fogo em índio, ou aliciando crianças que não tiveram uma infância como a dele, ou fazendo qualquer babaquice digna de um completo retardado mental - os retardados que me perdoem pela comparação. A Lei Seca tá aí por causa dessas pessoas também. E é o certo. Tem que fazer agora o que painho e mainha não fizeram quando era a hora, playboy.
Outro grande mal da juventude de hoje é a tal da televisão. Mal porque ela não é usada de forma perspicaz. Televisão tem que passar somente Cartoon Network, Discovery Channel, History Channel e qualquer canal correlato. Mais algum canal em espanhol e em inglês e talvez um canal de filmes. E só, ponto! Qualquer outra coisa é lixo e lixo do brabo. Só serve pra corroer o cérebro frágil e ainda em formação dos rebentos e infundir no que resta porcaria, fazendo com que se tornem cada vez mais alienados a cada hora perdida em frente àquele quadrado de vidro. Criança gordinha sentada no sofá comendo coxinha com molho de bacon deveria ser criança magrinha deitada na rede lendo O Pequeno Príncipe. Porque a falta de leitura também é outro problema sério, tal qual a televisão, principalmente num país que precisa mesmo é de educação em todas as suas nuances. Sem falar do sedentarismo precoce que todas essas coisas causam. A criança gordinha que vê muita TV e não lê, hoje, é o rapaz de 168 quilos que tem diabetes, hipertensão arterial e problemas coronarianos de amanhã, coisa que dá muito dinheiro a endocrinologista.
E como forma de fazer algo por isso, quero apenas fazer o apelo de que depende de nós, a velha-guarda, mudarmos o curso das coisas. Um dia, cada um vai ter seus filhos e, provavelmente, não vai querer que ele cresça um completo incompetente social, que adora dormir e colecionar bens materias e fica por fora quando o assunto é Machado de Assis ou Império Romano. É como as águias, que fazem de tudo até que seu filhote possa voar sozinho do ninho no alto da montanha. Depois disso, só o vento, amigo velho. Só o vento.
Pfu! E pensar que eu adorava aquele programa da TV Cultura, Terra, que mostrava tudo sobre a natureza e ainda por cima tinha Raul Seixas cantando majestosamente a música de abertura.
É... eu que era estranho mesmo. Totalmente.
Post Scriptum: Ah! A título de informação, não é normal as meninas terem sua menarca aos nove anos, okey?
E o que mais me enraivece é que, até meus doze ou treze anos, eu sentia enorme prazer em brincar com Playmobil, jogar bola, construir pistas pra corrida de tampinha, ir à praia, correr, pular, subir onde não podia, tocar a campainha e correr, essas coisas que a gente faz quando é criança. E o prazer que elas me davam equipara-se a muitos poucos prazeres da vida adulta ou adolescente. Até mesmo o videogame, pelo qual sempre fui aficcionado, nunca me impedia de fazer coisas mais saudáveis, como brincar de tica-alguma-coisa ou de "tô no poço", brincadeira essa que precipitou muitas relações amorosas nas infâncias "da minha época". Até mesmo as pessoas que eu chamava de "grandes" me causavam medo. Era impossível eu, no auge da minha quarta série (no meu tempo era quarta série ainda), afrontar algum malandro da sexta. Morria de medo mesmo. "Ele é mais grande demais", eu pensava. Por isso, em contrapartida, eu me revolto ao ver garotinhos e garotinhas de 10 anos metidos a marmanjos-playboys e patricinhas, respectivamente.
Outra coisa que incomoda e incomoda muito: crianças mimadas. Quem nunca viu aquela garotinha chorando no meio da loja de brinquedos, batendo o pé no chão e dizendo "Eu quero!" pra mãe, apontando o dedo pr'aquela boneca de algumas centenas de reais? Dá vontade de descer a mão, mesmo não sendo nem parente nem nada. Que mané eu quero o quê, rapaz! Crianças mimadas crescem com a ilusão de que podem manipular os outros ao seu bel-prazer e de que o mundo gira em torno das suas cabeças timpânicas e cheias de estrume de ganso. Sem falar que criança mimada é criança sem limite. Basta olhar o noticiário e você vê adolescente idiota batendo em empregada doméstica por esta ser empregada doméstica, ou tocando fogo em índio, ou aliciando crianças que não tiveram uma infância como a dele, ou fazendo qualquer babaquice digna de um completo retardado mental - os retardados que me perdoem pela comparação. A Lei Seca tá aí por causa dessas pessoas também. E é o certo. Tem que fazer agora o que painho e mainha não fizeram quando era a hora, playboy.
Outro grande mal da juventude de hoje é a tal da televisão. Mal porque ela não é usada de forma perspicaz. Televisão tem que passar somente Cartoon Network, Discovery Channel, History Channel e qualquer canal correlato. Mais algum canal em espanhol e em inglês e talvez um canal de filmes. E só, ponto! Qualquer outra coisa é lixo e lixo do brabo. Só serve pra corroer o cérebro frágil e ainda em formação dos rebentos e infundir no que resta porcaria, fazendo com que se tornem cada vez mais alienados a cada hora perdida em frente àquele quadrado de vidro. Criança gordinha sentada no sofá comendo coxinha com molho de bacon deveria ser criança magrinha deitada na rede lendo O Pequeno Príncipe. Porque a falta de leitura também é outro problema sério, tal qual a televisão, principalmente num país que precisa mesmo é de educação em todas as suas nuances. Sem falar do sedentarismo precoce que todas essas coisas causam. A criança gordinha que vê muita TV e não lê, hoje, é o rapaz de 168 quilos que tem diabetes, hipertensão arterial e problemas coronarianos de amanhã, coisa que dá muito dinheiro a endocrinologista.
E como forma de fazer algo por isso, quero apenas fazer o apelo de que depende de nós, a velha-guarda, mudarmos o curso das coisas. Um dia, cada um vai ter seus filhos e, provavelmente, não vai querer que ele cresça um completo incompetente social, que adora dormir e colecionar bens materias e fica por fora quando o assunto é Machado de Assis ou Império Romano. É como as águias, que fazem de tudo até que seu filhote possa voar sozinho do ninho no alto da montanha. Depois disso, só o vento, amigo velho. Só o vento.
Pfu! E pensar que eu adorava aquele programa da TV Cultura, Terra, que mostrava tudo sobre a natureza e ainda por cima tinha Raul Seixas cantando majestosamente a música de abertura.
É... eu que era estranho mesmo. Totalmente.
Post Scriptum: Ah! A título de informação, não é normal as meninas terem sua menarca aos nove anos, okey?