quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010,

espere! Não se vá!

Eu tenho dois mil e dez motivos para você não ir embora. Não que eu ache que vá fazer muita diferença ou que vá fazer você ficar pra mais uma saideira, mas qualé?!... São dois mil e dez motivos, afinal.


(...)



Porque liberdade e sensatez nunca são o bastante. E que 2011 venha cheio disso e muito mais pra todo mundo.


Até.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Desabafo

Escolha entre o que é certo e o que é fácil.


Ser colocado contra a parede é foda.
De um lado é a parede. Do outro, um dedo audaz apontando diretamente pro seu peito.
E, ainda por cima, pedindo satisfações.

É foda.








Post Scriptum 1: Isso funciona melhor quando eu não penso muito.

Post Scriptum 2: E eu que pensava que num tinha mais nada pra escrever aqui...


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Papo-cabeça

Conversas da vida real.


(...)
Ela: Mas até mesmo Deus segue regras. As coisas não são assim a la vantour...
Eu: Mesmo? E que tipo de regras Ele segue? Porque até onde eu sei, como Criador, foi Ele mesmo quem criou as regras, não?
Ela: É, mas isso não quer dizer que ele não tenha seus próprios princípios. Até para criar regras você tem que ter regras, entende?
Eu: Não.
Ela: E por que você acha que ele demorou seis dias para criar tudo? Tá na cara que não podia ser de qualquer jeito. Regras, meu rapaz.
Eu: Pois me diga uma regra aí a qual Deus segue. Só uma.
Ela: Por exemplo... Hum... Ele não pode interferir no livre-arbítrio... No nosso livre-arbítrio.
Eu: Como assim?
Ela: Ele não pode simplesmente fazer ou deixar de fazer algo que dependa da vontade.
Eu: Tipo?
Ela: Ah... Sei lá. Você não pode simplesmente pedir a Deus que faça alguém amar você. Amar é uma coisa que depende da pessoa, de cada um. Deus não pode forçar ninguém a amar alguém.
Eu: Você fez o teste e quebrou a cara, num foi? Haha.
Ela: Não, lesado. É assim. Ele tem regras... dizendo.
Eu: E como faz quando a gente quer que alguém nos ame?
Ela: Num sei. Vai ver foi por isso que Ele criou o Departamento de Cupidos...
Eu: hUHuahuHAUhauHUAHuahUAHUhauHAUHuahUA.
Ela: hUAHuahuHAUhauHAUhauhUAHuahuHAUhuHAUha.
Eu: Vai ver é por isso que Ele é solteiro.

(...)

Ela: E digo mais:
cupidos são todos cargos comissionados. Não estudaram para estar onde estão. É foda...
Eu: HUAHuahuHAUhauhUAHuahuHAUhauHAUhuahUA...


sábado, 18 de dezembro de 2010

Rasgando parapentes

Eu moro na montanha. Mas não é qualquer montanha; é a minha montanha. A casa onde moro fica exatamente no meio do caminho entre o cume e a base e só se chega lá passando pelo cume. A minha montanha é o paraíso dos parapentistas, que eu não sabia o que era até ver aquele trambolho enorme planando pelo céu ser esforço.

Parapentes de todos os lugares do mundo passam por aqui. Eles vêm, sobem até o alto e se jogam na imensidão com seus equipamentos de vôo até que, muito tempo depois, tocam o solo lá embaixo. Mas teve esse dia que um parapente, meio que sem querer, teve que fazer um polso de emergência nas vizinhanças da minha casa - ele havia rasgado. Eu nada tinha a ver com aquilo tudo, mas não pude deixar de oferecer minha humilde hospitalidade. E aquele era, de fato, um parapente bonito, agradável. Era bom estar com ele. Depois de um tempo que não consigo mensurar e tendo remendado o rasgo, o parapente se despediu e foi ao parapeito da encosta para ir embora, mas eu não deixei. Eu rasguei o parapente novamente e dessa vez o rasgo foi por minha causa, afinal, não queria que ele fosse. E isso me rendeu mais tempo com aquele parapente. Mas aí ele remendou o rasgo de novo e eu, novamente sem que ele soubesse, fiz outro. E era remendado. E eu fazia outro. E era remendado. E assim eu descobri um modo de ter aquele parapente para mim pelo tempo que eu quisesse.

Um dia esse parapente foi embora, é verdade. Mas outros parapentes vieram. E ficaram. Alguns, tamanho o seu encanto, eu fiz questão de rasgar de forma a se consumir muito tempo remendando. Outros eu nem olho quando passam. E agora eu sempre tenho um parapente comigo.
Porque essa é a minha montanha.


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Borboletas na barriga

Foi como se alguém tivesse me dado uma caixa cheia de letras, vírgulas e acentos e pedisse para eu fazer um poema.

É, foi exatamente assim. Mas não que eu seja um péssimo articulador da palavra, não. Sou dos melhores e reconheço - deixando a modéstia, que é verdadeira, de lado. Consigo falar no mesmo compasso com que penso e escrever no mesmo com que falo, e isso, sei, é para poucos. Coloco cada ponto-e-vírgula no seu devido lugar porque sei que não possuem a vaidade do ponto-final nem a efemeridade da vírgula. Meço minhas palavras com a precisão de um artesão lapidando uma
Pietà.

Mas isso é na teoria. Porque na hora que eu vi, o pensamento brigou com a fala e a expulsou da cognição. A língua tentou do jeito que pôde descer garganta abaixo como que numa tentativa de não se responsabilizar pela situação. As mãos, sempre desvairadas, inquietaram-se de pronto e esboçaram gestos que, ao meu julgo, não tinha qualquer nexo ou intencionalidade. A fronte embaçou e o coração batia por dentro do esterno com aquele ar de quem pergunta "que merda é essa, bicho?". Isso e eu ainda nem disse o que foi. Ou quem.

Mas só por causa da língua ainda acuada. Não o fosse, diria. Como o é, escrevi.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Desabafo

É impossível separar o ato do sentimento.
É algo indissolúvel, inexorável e irrevogável.

E é foda explicar o porquê.








Post Scriptum: Isso funciona melhor quando eu bebo (mais) cerveja.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Papo-cabeça

Conversas da vida real.


(...)
Eu: É uma discussão pertinente... Saber com quem você está lidando.
Ela: É. Descobri essa semana que só existem dois tipos de pessoas: os Homens-aranha e os Super-homens.
Eu: HQ era moda na minha vida quando eu tinha doze anos.
Ela: Não, é sério, po! Veja: o Homem-aranha não é o Homem-aranha. Ele é, na verdade, o Peter Parker. Ele acorda Peter Parker, veste sua camisa, vai trabalhar, tudo como Peter Parker. Aí quando o negócio pega, ele coloca a roupa e vira o Homem-aranha. O super-herói é só uma camisa que ele veste pra disfarçar seu alter-ego.
Eu: Nem tinha reparado nisso. Juro.
Ela: Engraçadinho...
Eu: E o Super-homem?
Ela: Pronto. O Super-homem nasceu Super-homem, com super poderes, visão de raio-X e o escambáu. Ele veio para a Terra, inclusive, sendo Super-homem. Mas aí calharam de chamá-lo de Clark Kent aqui. Mas quando ele acorda, ele é o Super-homem. Aí ele veste a camisa e vira o Clark Kent. Ele veste a camisa para virar Clark Kent! Clark Kent é inseguro, covarde, frouxo e pombão!
Eu: Não captei.
Ela: Burro! Peter Parker veste a roupa e vira super-herói! Clark Kent veste a roupa e vira pombão! Não percebe?
Eu: É verdade. Interessante... Mas onde você quer chegar com essa conclusão?
Ela: As pessoas... Elas são assim. Umas vestem a roupa pra realçar o que não são, enquanto outras vestem pra esconder o que são. E descobrir isso é foda.
Eu: Hum. E por que você quer descobrir? Num tem coisa que é melhor deixar escondida, não?!
Ela: Não! Tenho que saber quem é quem. Vou testar com você e descobrir quem você é.
Eu: Beleza. Descubra aí e me avise...


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...