sábado, 12 de julho de 2008

Tratado sobre a liberdade

Parte 1 de milhões.


É basicamente isso mesmo: ir pra onde der vontade, falar o que der na telha, entrar na locadora e ter a possibilidade de escolher entre um filme
cult ou um pornô vagabundo. E por ser um assunto tão amplo e, por vezes, vago, acaba dando muito pano pra manga. Manga essa que pode ser pra fazer suco com água ou leite, que, por sinal, vem da vaca, aquele mamífero tetrateta, cujo excremento serve de adubo vegetal. Vegetais, por sua vez, crescem a partir de resíduos nitrogenados presentes nas fezes animais, gerando lindos e suculentos frutos quando, logicamente, a planta é do tipo angiosperma. Favor não confundir com o esperma, aquele líquido branco-leitoso secretado pelos mamíferos do sexo masculino na hora da cópula e que transforma a mucosa vaginal num meio menos hostil às células germinativas, também conhecidas como espermatozóides. Aproveitando o ensejo, "óide" é uma terminação bastante empregada em algumas palavras e denota significado de "semelhante a", como, por exemplo, os hidrogenóides, que, por possuírem apenas um próton no núcleo, equiparam-se ao hidrogênio, primeiro elemento da tabela periódica idealizada por Mendeleiev.

Viu só? Sair de "manga" e chegar até "Mendeleiev" num papo casual é algo que somente uma pessoa liberta conseguiria, desconsiderando os milíndres óbvios do conhecimento de mundo requerido para tanto.

Mas o que seria afinal a tal liberdade além daquilo que vem à nossa cabeça quando vemos um pássaro em pleno vôo?
Sorry! Não sei ao certo. Mas sei que é igual ao frio ou ao medo: a gente sente. A gente se sente livre ou quase sempre busca a liberdade, embora não seja comum fazer o mesmo para o frio ou medo. É a vontade de ir embora, de jogar tudo pra cima, de comer de madrugada, de ir pra praia antes do sol despontar no horizonte ou de fazer absolutamente qualquer coisa de qualquer jeito e a qualquer hora, sem ressentimentos. Sem ressentimentos mesmo. É ir pra batizado de calça jeans e sandálias havaianas, para completo desespero da sua mãe, avó e tias.

Outro ponto interessante em ser teoricamente livre é que você não precisa necessariamente se submeter a certas regras ou convenções sociais, o que, pra mim, é um cu. Pronto... cu! Poder dizer cu quando se está puto da vida é algo bastante revigorante. Imagine só: a pessoa mete a canela na quina da cama e tem que se conter porque disseram que é feio falar palavrão. "Ó meu Deus, que dor lancinante e em pontadas está acometendo o terço proximal da minha tíbia nesse momento... Estou com muita raiva por isso e queria que passasse". Pra quê essa repressão toda? Nada que um "Puta que pariu, que dor cu do caralho!!" não resolva. Eu sempre fui, desde pequenininho, instruído a não reprimir certas coisas. Palavrões é uma delas - e não me entendam mal por isso. Teve até essa vez que, meio que sem querer, eu falei "fuderoso" na igreja. Não que eu me orgulhe demais disso, mas eu não acho que Aquele rapaz que mora lá em cima vá me condenar a passar a eternidade queimando nos rios de lava só porque eu deixe escapar um "fuderosozinho" na porta da casa Dele. Eu sou livre pra ter um bom relacionamento com Ele. A gente é bróder.

Portanto, você que vive acorrentado, engaiolado, enjaulado, enclausurado, revolte-se. Liberte-se!
Break free, dude! Abra as asas e voe, voe pra longe e volte esporadicamente. Ou não volte. Ou não voe, sei lá. O que importa é não virar escravo da rotina e de tudo aquilo que tentam impor por aí. Ande com a cueca aparecendo, mostre o bucho, o resto de feijoada no dente, o cabelo despenteado, fale palavrão e seja educado com os pedintes e mendigos. Passe um dia sem tomar banho e uma semana sem estudar nada. Estudar, na verdade, é para os fracos, aprisiona a mente e causa úlcera. Troque o Introdução a Matemática Avançada Volume II por Dom Quixote ou O Guia do Mochileiro das Galáxias (dá-lhe Marvin!). Converse amenidades com sua avó e pare de dormir até as duas horas da tarde. E pratique bungee-junp sempre que possível. Porque ser assim, livre, não é uma questão de sorte; é uma escolha, como tudo mais.

E vou me dar a liberdade de deixar aqui uma citação que eu vi pixada em um muro, certa vez: "O medo de ser livre provoca o orgulho de ser escravo".

Né?








Post Scriptum: Ter blog é coisa de gente livre?


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...