sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um sinal...

Se era só isso que você estava esperando, ei-lo.
Agora você não tem mais desculpa para permanecer na inércia. Vá e faça o que deve ser feito!

Mova esse traseiro gordo e enrugado! Saia da cadeira e vá fazer aquela visita que há tanto tempo você promete porque, a uma altura dessa, pode ter certeza que a pessoa não agüenta mais esperar. Pare de juntar dinheiro sem motivo... Ele não vai com você para o túmulo. Empreste-o como se nunca fossem te pagar porque, muito provavelmente, não vão mesmo. Ligue pr'aquela pessoa que você gosta tanto e diga o que você sente, seu enrustido! E termine logo aquele namoro pé-no-saco que há tanto tempo você vem levando com a barriga... Acredite: você não vai querer entrar o ano novo com as angústias e frustrações do ano velho. Por isso, é melhor deixá-las aqui enquanto ainda é tempo.

Se você funciona na base da promessa, essa é a hora. Jogue as mãos para o céu e diga na maior cara-de-pau que você tiver "eu prometo!". Deus sabe que você foi um péssimo cristão, que num deu uma moeda de esmola, que faltou todos os domingos de missa porque tava de ressaca e que num sabe mais nem rezar o Pai-Nosso, mas Ele vai entender. Afinal de contas, Ele é Pai e não padrasto. Nesse ano que está vindo, fale mais baixo, jogue fora os livros de auto-ajuda, seja mais paciente, mais coerente, passe menos tempo na internet, ande mais a pé, coma mais frutas e verduras, cumprimente as pessoas por onde passar, use a buzina com parcimônia, leia mais livros e não ande devagar na faixa da esquerda. E não fique pedindo pra ser uma pessoa melhor. Se você tiver essa intenção dentro de você, com o tempo, você será. Você vai ver...

Enfim, que dois mil e doze venha cheio de coisa boa pra todo mundo. E rezemos para que, se o mundo tiver mesmo que acabar, que seja depois do carnaval, né?!





Até lá, gente.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Desabafo

Foda mesmo é você gostar do arrependimento.
É ser grato por aquele alguém que não gosta de você.
É fazer o mal pensando no bem.
E se apaixonar todo dia por um vilão diferente.

Não somos ensinados assim.
Não deveria ser assim, mas é.







É foda.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carnot

O cérebro é uma máquina fantástica. É responsável por grande parte das coisas que permitem que você viva: ver, ouvir, respirar, raciocinar. Controla, inclusive, coisas que estão muito além da sua vontade e sem as quais você seria somente mais uma planta ou lesma. Lá atrás, arrancou-nos das entranhas dos macacos, deu-nos polegares opositores, a escrita, a linguagem, a ponta-de-flecha, o controle do fogo, a marcha bípede, a filosofia, a malícia, a cara-de-pau e o touchscreen. Sem dúvidas, uma máquina extraordinária.

E funcionará vinte e quatro horas por dia, todo dia, por todos os dias da sua vida... até que você se apaixone.


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Obrigado e volte sempre

Existem dois tipos básicos de pessoas na vida: as explosivas e as implosivas.

A pessoa explosiva é aquela velha chata e escrota que entra na fila do caixa rápido com um carrinho e descarrega toda a sua raiva no atendente de caixa do supermercado pelo fato de ele não ter somado os preços corretamente, por ele estar cansado demais depois de um longo dia de trabalho, por ele não ter troco, pela demora no atendimento, pela falta de alguém para ensacar as mercadorias, pelo carrinho-de-compras que está com a rodinha quebrada, pelo mamão que veio podre, pela perda de tempo, enfim. E dia após dia, cliente após cliente, é sempre assim.

A pessoa implosiva é o atendente do caixa.


domingo, 9 de outubro de 2011

No seu mundinho

A ciência já especula que a teoria que afirma existir um único universo é uma furada. O termo mais correto seria "multiverso", uma vez que são muitos os universos previstos. Mas calma! Não precisa entrar em crise existencial... ainda. Um desses muitos universos, de fato, é o seu - ou nosso. Nele, especula-se que existam cerca de duzentos bilhões de galáxias, que nada mais são do que aglomerados de estrelas. Uma dessas galáxias é a nossa: a Via Láctea, que por ter uma cor que lembra o branco do leite, foi alcunhada assim. Dentro dela, estima-se que haja cerca de cem bilhões de estrelas, o que não chega a ser muito para uma galáxia em si. Um dessas estrelas, pasmem, é o nosso glorioso sol, aquele pontinho sempre brilhante que garante a sua felicidade durante o verão. Em volta dele, como você bem pode lembrar das aulas de biologia da, sei lá, quinta série, giram massas planetárias sem luz própria - nove, para ser mais exato (ou oito, dependendo da sua corrente filosófica) - conhecidas como planetas. A terceira delas a partir do sol é, pasmem de novo, o nosso querido planeta Terra. Sem especular muito, sabe-se que na Terra ocorre um fenômeno pouco usual para o resto do universo, que é a existência de vida. Atualmente, foram catalogadas cerca de três milhões de espécies vivas, muito embora se avente a existência de pelo menos trinta milhões. Dentre esses três milhões de espécies conhecidas há uma bastante peculiar e excêntrica conhecida como Homo Sapiens, muito famosa por possuir telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor. Segundo estudos da própria espécie, estima-se que haja pouco mais de seis bilhões de exemplares da mesma circulando pelo planeta e um desses exemplares, pasmem, é você.

Ou seja, você está aí agora olhando para a tela do seu computador em meio a outros seis bilhões iguais a você, vivendo em conjunto com outras três milhões de espécies diferentes, num planetinha que, junto com outros oito (ou nove), fica dando voltas ao redor de uma estrelinha que é só uma em meio a outras cem bilhões, dentro de uma galáxia que também é só mais uma em meio às outras duzentas bilhões de galáxias universo adentro. E olhe que nesse arrodeio todo em nem falei que isso é só aqui, no nosso universo.

Por isso e exatamente por isso, pense bem antes de achar que só você faz as coisas do jeito que você faz. Ou pensa. Ou age. E jamais - jamais - saia por aí de novo dizendo que a sua religião é a melhor, que o seu sotaque é o mais bonito, que o único lugar que presta é aquele onde você vive e que o mundo realmente precisa de você aqui. A ciência e a probabilidade acabaram de provar que não.

Pronto, Homo Sapiens. Agora pode entrar na sua crise existencial.

domingo, 11 de setembro de 2011

Duas-caras

Ah!, minha moeda de estimação. Tão querida! Andava com ela para cima e para baixo, sempre revirando-a entre os dedos, jogando-a para o ar a esmo, observando suas ranhuras, seu relevo, suas peculiaridades mais discretas, os detalhes... Eram os vinte e cinco centavos mais queridos do mundo. De estimação de fato. Não saía de perto de mim. Sempre comigo inclusive nas horas difíceis onde o fato de tê-la apenas na mão já parecia amenizar em muito qualquer angústia. Que moeda querida!

E teve até essa vez na qual tinha uma escolha muito difícil a fazer e aquilo parecia sugar toda a minha energia. Perdia horas ponderando a fim de fazer a escolha mais acertada, mas nada parecia me agradar suficientemente. Aí eu parava por um momento, tirava minha moedinha do bolso, e começava a jogá-la para o alto como se aquele gesto fosse escolher por mim e, com isso, acabar com a minha miséria. E de repente, involitivamente, eu já tinha atribuído à cara e à coroa cada uma das escolhas que não conseguia tomar por si. E brinquei jogando a moeda para o alto e vendo o que ela me mostraria. Cara, coroa, cara, coroa...

E, em meio à brincadeira, subitamente parei: descobrira o que queria. Não que a moeda tivesse, de fato, escolhido por mim, mas, naquele breve momento no qual ela estava girando no ar, eu repentinamente sabia exatamente que escolha eu queria que ela tomasse quando caísse na minha mão.

Ah, minha querida moeda...


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Desabafo

Você vai perder um tempo lastimavelmente incalculável correndo atrás de quem nem sequer se importa com você.
Acredite. Você vai.

Até o dia no qual você pára.
Dá meia volta.
Olha para trás...
E vê a quantidade de gente correndo exatamente atrás de você.






E acredite: é foda.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Empurrãozinho

Fingia que era médico na cara-de-pau mesmo. Mentia, mas mentia com fervor de modo a não deixar margem para desconfianças. Tampouco simpatizava com a arte da cura - na verdade, sempre achei aquilo tudo uma grande enrolação -, mas precisava desse "disfarce" para colocar em prática meu plano.

E, assim, as pessoas começaram a vir. E reclamavam de tudo: farnizim, ânsia de morte, passamento, sistema nervoso, garganta, cobreiro, maleita, impingem, peito gordo, bexiga baixa, esquecimento, amarelão, chiado, perna fraca, bicho-geográfico e vontade-de-sei-lá. E tinha mais, bem mais. Sempre tem. E para todas eu dava seis meses de vida indiscriminadamente. Seis meses porque achei um tempo mais que justo e suficiente. Seis meses porque não é tão pouco quanto um mês nem tanto quanto um ano. Sei meses. Contados. E não vou dizer que elas saíam felizes. O choque, na verdade, era a primeira sensação, acompanhada de perto por um intenso sentimento de negação. Mas assim elas iam.

E sabe o que foi o melhor de tudo? Ver todas aquelas pessoas, de repente, realizando seus mais queridos e preciosos sonhos.


domingo, 14 de agosto de 2011

Bicicleta

É massa.

Ladeira abaixo,
fronte apontada para o céu,
olhos semi-cerrados,
cabelos ao vento,
mãos apertando levemente o guidão,
leve trepidação do conjunto,
sensação de liberdade, serenidade, felicidade...
Enfim.

É massa demais.
Esse é todo o seu universo e nada pode ser mais legal.
Nada.

Até o dia que você tira as rodinhas.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Drogadição?

Usuário de droga que é - ou já foi - usuário de droga sabe: droga vicia. Parece engraçado e ridículo até você experimentar e ver que é verdade. Funciona assim...

Você, o seu corpo, funciona de uma determinada maneira padrão. Você usualmente tem hábitos saudáveis, tipo correr, comer, dormir, estudar, ver filme, beber vinho, ter sexo casual, ter sexo todo dia, et cetera. Logo, seu corpo passa a operar de uma forma mais ou menos cíclica, sempre sofrendo influência dos seus hábitos diariamente. Esse ciclo, por assim dizer, não precisa de nada além do que já tem para se autoperpetuar. Homeostase perfeita.

Aí um belo dia você decide experimentar uma coisa nova: uma droga. Aí seu corpo se depara com algo estranho e isso meio que esculhamba todo aquele ciclo no qual seu corpo estava acostumado a operar. A sensação é boa - coração acelera, pensamento vai nas nuvens, borboletas irrompem estômago adentro - e, por isso, associando a droga à sensação, o corpo faz com que o ciclo passe a depender dela. Daí nem importa mais se você come bem, corre longas distâncias ou pratica sexo todo dia... O que importa agora é a droga.

Aí é que a casa cai. No início, enquanto você ainda crê que está "controlando" a coisa, toda situação na qual tem droga no meio te é deveras convidativa. Você sempre dá um jeitinho de aparecer, dar as caras, só pra ver a droga de novo, experimentá-la de novo, sentir o que ela tem pra te oferecer. Aí depois, bem depois, você mesmo começa a forjar situações só pra encontrar a droga, mesmo sabendo que no fundo você está atentando contra si. E a droga vai te consumindo dia após dia, e não sai mais da sua cabeça, e você começa a ficar sem saber o que fazer, pensa que vai pirar, que não pode mais viver sem ela. A droga agora é a sua vida. Você, de fato, é um adicto. E tá fudido até a última gota. Ou ponta. Ou pedra.








Agora leia de novo trocando as expressões em negrito pelo nome da pessoa que você mais gosta ou ama e veja a prova que o amor é uma droga.


terça-feira, 19 de julho de 2011

Tratamento de choque

É o que todo mundo diz: não guarde rancor, mágoa ou ressentimento. Não vale a pena, não te enobrece, são sentimentos que só vão te consumir, trazer tristeza, miséria, ruína. Esqueça o que passou, tudo o que não deu certo, que te fez sofrer e se arrepender. Livre-se disso! É isso que todo mundo diz. É isso que você deve fazer.

Não é?

Na verdade, não. Guarde toda a sua raiva e rancor dentro de você, no lugar mais profundo que você encontrar. Deixe-os lacrados, intocados até, mas não os jogue no lixo. Ninguém sabe, mas a raiva, por vezes, dá-te foco, concentração e força que sentimento nenhum outro consegue. É difícil até explicar, mas dá. Vai ter - ou já teve, pra quem já captou a mensagem - uma situação na sua vida na qual você terá que se agarrar com a sua raiva para se safar, porque, dentre todos os seus sentimentos, é só ela que vai sobrar. Mesmo.

Acostume-se com ela. Ou melhor: aprenda a usá-la.








Post Scriptum: Agora você sabe o que fazer com aquela lembrancinha que sempre te deixou puto e que você sempre quis esquecer.


terça-feira, 12 de julho de 2011

Desabafo

Cinqüenta por cento do que as pessoas dizem brincando são uma verdade irrefutável.
É bem mais fácil fazer tudo parecer uma simples brincadeira do que abaixar a espada.
Ou pior: o escudo.

Sem falar que sempre ficará no ar a incerteza se aquilo era, de fato, uma brincadeira mesmo.

Típico estratagema.







É foda.


sábado, 2 de julho de 2011

Stand by someone

No matter who you are. No matter where you go in your life.
At some point you are gonna need somebody to stand by you.

Vídeo TODO fuderoso. Já devia tê-lo postado há muito.




"No matter how much money you got..."








Post Scriptum 1: Vovô Elliott... canta pra caralho!

Post Scriptum 2: O projeto do vídeo chama-se Playing For Change. Quem se interessar, é ó clicar aqui.

Post Scriptum 3: Vacation mothafuckin' soundtrack!


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sinestesia

Pessoas não são pessoas. Na verdade, o que eu quero dizer é que as pessoas não são necessariamente o que achamos que elas são. Elas são o que sentimos, as sensações que elas nos causam. Isso mesmo: sensações! É isso que elas são.

Toda e qualquer pessoa, independente da imagem material que ela tenha, causa em você uma sensação que lhe é peculiar, e é essa sensação que você assimila. Você pode nem lembrar direito a fisionomia, os trejeitos ou pode, inclusive, ter tido contato com ela uma única vez na vida, mas com certeza você vai lembrar da sensação que ela te causou. Pessoas são sensações mesmo.

E se você ainda tem alguma dúvida, é só lembrar do que você sente quando escuta palavras como "mãe", "melhor amigo", vizinho chato", "velha do andar de cima" ou "ex-namorada(o)".








Num disse?!


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Geek scoundrelness


Plumbers are red
Hedgehogs are blue
Push start to join
And be my player two


(#1 pick-up line for sure)








Post Scriptum: Overpowering irresistibility - ow yeah!


quinta-feira, 16 de junho de 2011

A outra pessoa

Você nunca vai ser quem você acha que é o tempo todo. Pode ter certeza... Dentro de você existe outra pessoa doida pra jogar tudo que você guarda pra fora: seus segredos, suas angústias, seus orgulhos, suas façanhas, seus pensamentos, seus sonhos, tudo. Vez por outra - e bem mais freqüentemente do que você imagina - ela vai vir à tona contra a sua vontade e te mostrar coisas que você, sendo você mesmo, recusa-se a ver; vai te compelir a fazer coisas que você, por si, jamais teria coragem. Vai mudar seu mundo. E, acredite, você não vai achar ruim.

Depois, muito depois, você vai voltar a si e ver tudo que ela te proporcionou. E vai achar válido. E vai se dar conta de que, se não fosse por ela, você não o teria feito ou dito. No fim, você vai continuar sendo você mesmo, guardando as mesmas coisas no lugar mais fundo do seu íntimo, sem aquela coragem toda pra fazer o que quer ou dizer o que vem à cabeça, mas ela vai estar lá... Olhando pelos seus olhos e esperando. E seus dias serão eternos duelos pra ver quem fica no comando.

O problema é que ela está dentro de você. E, às vezes, ela ganha.


domingo, 5 de junho de 2011

Desabafo

A covardia é a posição mais cômoda que existe.


Você pode esconder tudo que sente. Tudo que tem vontade de dizer. Falar. Fazer.
Você pode, inclusive, esconder o que você tem vontade de esconder.
E não ter que dar satisfação de nada. E esconder tudo.
E no fim se passar por covarde, por ingênuo, por mole, por incapaz.
Comodamente.






É foda.


terça-feira, 31 de maio de 2011

Volta-e-meia

E se você não gosta, por que sempre retorna aqui? Por que insiste em aparecer, em ligar, em escrever? Por que lê aquilo que você sabe que não vai te agradar ou engrandecer? Por que olha reiteradamente tudo aquilo que você sabe que vai te fazer sofrer? Por que repassa mentalmente tudo aquilo que você quer esquecer? E volta... ?! Por quê?

- Ainda ando por aqui. E nunca saio sem nada.


Lado B

Péssimas companhias tenho tido.

Só ando me envolvendo com gente da pior laia. Vendo de longe, há quem jure que faço por prazer ou vontade própria, mas é o acaso que me guia. Não nego, entretanto, que é sempre bom ter algo novo para entreter, observar, analisar. Afinal de contas, não é todo dia que você tem frieza suficiente pra ver um delito ou outro e, mesmo assim, conter sua indignação. Somos pessoas originalmente inclinadas para o bem. Queremos fazer o bem. Queremos, sim, andar com pessoas de bem, do bem. Mas eu? Ném! Confabulo em meio a ladrões, mentirosas, estelionatários, usurpadoras, patifes, calhordas e minhas favoritas, as marias... gasolina, chuteira, bata-branca. Elas estão por todo lugar disfarçadas de belas moças. É como a sereia que chama para o beijo, mas te arrasta para o fundo só para te afogar e te comer as entranhas.

Sinto-me em casa já.

E não me venha com lições de moral e falsa demagogia! Ando com quem quero, quando quero. Antes mal acompanhado do que só. A solidão só tem como vantagem o fato de se poder usar o banheiro com a porta aberta.


domingo, 22 de maio de 2011

Terapêutica: amnésia

Conversa da vida real. Da vida real da parada de ônibus.


(...)

- Daí eu pulei logo fora. Imagina só... A menina veio dizer que o amor é um estado de amnésia...
- Amnésia?!
- Porque a pessoa quando ama, esquece que existem outras milhões de pessoas no mundo. Vê se pode!
- Sério? Que lindo! E você, disse o quê?
- Mandei ela tomar linhaça. É ótimo pra quem tem amnésia.








Post Scriptum: Dizem que ginkgo biloba também.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Em tempos assim...






Times Like These
(Foo Fighters)

I, I'm a one way motorway
I'm a road that drives away
And follows you back home
I, I am a streetlight shining
I'm a white light blinding bright
Burning off and on

It's times like these you learn to live again
It's times like these you give and give again
It's times like these you learn to love again
It's times like these time and time again

I, I am a new day rising
I'm a brand new sky
To hang the stars upon tonight
I, I´m a little divided
Do I stay or run away
And leave it all behind?


It's times like these you learn to live again
It's times like these you give and give again
It's times like these you learn to love again
It's times like these time and time again [x4]


domingo, 15 de maio de 2011

Desabafo

Pedir desculpas sem ter culpa de nada é uma escolha muito difícil.





Primeiro porque quando você pede desculpas, tendo culpa ou não, você põe seu orgulho no chão.
Segundo que, quando você pede desculpa e não tem culpa, é sinal que, de algum modo, você valoriza algo mais do que o próprio ego.

Mas quem iria gostar de dar as costas pro ego e ver o orgulho todo pelo chão?




É foda.


domingo, 8 de maio de 2011

Consulta de rotina

Lembre-se de sempre consultar seu médico regularmente.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Papo-cabeça

Conversas da vida real.


Ela: Nossa! O que aconteceu?
Ele: Briguei...
Ela: Sério? Mas... Mas... Por que você está sorrindo? Consigo ver sua gengiva sangrando daqui!
Ele: Foi por uma boa causa.
Ela: Boa causa?! Que tipo de briga acontece por uma boa causa?
Ele: Briguei pra ajudar alguém.
Ela: Ajudar quem?
Ele: A pessoa com a qual eu briguei.
Ela: Você tá de brincadeira comigo, ?! Como você acha que ajudaria uma pessoa brigando com ela?
Ele: Não sei. Foi a única idéia que me ocorreu. Pelo menos deu certo...
Ela: E quem foi a pessoa?
Ele: Esse rapaz na boate... Ele parecia muito triste e sozinho, escorado no balcão e segurando a garrafa de cerveja entre os dedos como se aquele fosse o último dos seus dias. Não fazia mais nada. Havia muitas garotas em volta, inclusive, mas ele não dava nem bola.
Ela: E a sua brilhante idéia foi socar o rapaz e, com isso, fazer com que toda a solidão e depressão dele fossem embora? Genial...
Ele: Na verdade, foi. Eu ainda sussurrei um "desculpe" antes de começar a coisa toda. Depois, até onde me lembro, a gente estava se batendo enquanto toda a multidão - inclusive as garotas - assistiam.
Ela: E eu imagino que depois de tudo ele foi te agradecer por você ter feito a melancolia dele ir embora, ?!
Ele: Isso aí, eu não sei... Mas teve essa garota muito bonita que apartou a briga, chamou-me de idiota, pegou na mão dele e o levou lá pra fora, enquanto enxugava o sangue que escorria pelo seu nariz...


domingo, 1 de maio de 2011

Como um guerreiro

Mulheres foram feitas para serem trancafiadas em mausoléus ou torres prisionais, sem qualquer contato mais íntimo com o mundo exterior. Além de todas as armadilhas, tem sempre um muro de cerca farpada e um dragão faminto no meio do percurso, apenas para garantir que a donzela não saia e que o príncipe não entre.

Os homens, por outro lado, não nasceram necessariamente para serem taxados de príncipes. Quem inventou essa patente, inclusive, não sabia nada sobre o funcionamento do sexo masculino. Homens foram feitos para carregarem um grossa cota-de-malha sob uma armadura imponente, uma espada afiadíssima em uma das mãos e um escudo virtualmente impenetrável na outra. Tudo isso para dar cabo do muro, da torre e, principalmente, do dragão, a fim de, no desfecho inexorável, obter os espólios do suado esforço.

E o perigo reside exatamente aí, camarada. Para desferir qualquer golpe, há que se baixe o escudo. E é esse mesmo o problema com os homens: baixar, por vezes, o escudo.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

DR

Esbravejando, ela me obrigou a sentar à mesa com ela para uma "discussão muito séria". E sem qualquer nota introdutória começou...

Colocou em cima da mesa uma camisa branca com marca de batom. Depois colocou o que parecia ser algumas cartas - umas, inclusive, escritas em guardanapo vagabundo. Depois vieram algumas fotos que, segunda ela, eram muito suspeitas. Cada item da lista, que a essa altura já me parecia infindável, era entremeado por alguns segundos de um discurso colérico e pouco inteligível. Aí veio um bilhete de cinema para uma comédia romântica, uma conta de bar e uma nota fiscal de abastecimento de combustível, nessa ordem. Após, alguns papéis amassados de chocolate e mais discurso colérico. Interessante como a veia na sua testa pulsava forte quando ela falava. Aí foi a vez de uma série de objetos que não eram do meu conhecimento - um deles sendo uma haste com cerdas na ponta e que lembrava uma escova-de-dente, mas sem sê-lo; seguidos de perto por um pingente bem afeminado. Daí para a frente, seguiu-se um monólogo longo e passional, tomado por gestos e dedos na cara, que foi finalizado com um firme "explique-se" como ponto-final.

- Er... Isso aqui que parece uma escova-de-dente... Como se chama?

Aí ela deu um grito muito alto que, supus eu, era de raiva. Colocou o dedo na minha cara mais uma vez, apontando diretamente para a minha glabela, mandou que eu fosse embora e nunca mais lhe olhasse na cara. Só que depois disso tudo quem saiu da cena sem nem dar adeus foi ela. E eu fiquei lá sentado, dando-me conta de como camisas brancas são péssimas para disfarçar manchas de batom.

E esse estardalhaço todinho só porque eu queria saber o que danado era um rimel. Eu, hein!


domingo, 17 de abril de 2011

Nuvole Bianche

Caralho!

Foi a primeira coisa que eu disse quando escutei essa música pela primeira vez. Aí fuçei internet adentro e achei esse vídeo dela. O vídeo - e a música - falam por si.



A música, que dá nome ao post, é de um pianista e compositor italiano chamado Ludovico Einaudi e pertence ao álbum Una Mattina, de 2004. Quem curte piano tem obrigação de baixar e escutar. Quem não curte, intrigue-se de mim para sempre.








Post Scriptum 1: Obrigado, piano... de novo.

Post Scriptum 2: Ah, domingo chuvoso...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Alfinetada

Ela era a pessoa mais cheia de si que eu conheci.
Sequer pisava no chão.










Mas aí, certo dia, espetei-a com um alfinete e... BOOM: ela estourou.
E agora ela está por todo o lugar.
Inclusive pelo chão.


Principalmente pelo chão.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Altruísmo

Quem vai nos pagar?
As noites de sono mal dormidas
As manchas de sangue na camisa
E os cabelos que caem no chão

Quem vai nos pagar?
A indignação engolida
A raiva toda suprimida
E a dignidade presa no porão

Quem vai nos pagar?
A voz esbaforida
A renúncia descomedida
E o suor derramado em vão



E as apunhaladas no coração
Quem vai pagar?


terça-feira, 29 de março de 2011

Querer

Sabe quando a gente quer muito uma coisa?

Muito ao ponto de não dormir, de não conseguir domar o pensamento que insiste em sempre pensar naquilo, em ir e voltar pr'aquilo. A gente até começa a se concentrar em alguma coisa, mas quando menos percebemos estamos com aquilo na cabeça. E nem sabemos o caminho que o pensamento fez até chegar lá: ele simplesmente chega. Quando a gente quer muito a ponto de não notar o tempo passando porque a nossa atenção está toda voltada para a coisa em si. Fazemos as tarefas diárias completamente no modo automático - tomar banho, comer, dirigir, andar, escrever, falar. Chegamos a querer de tal modo que fantasiamos várias conjunturas nas quais o desfecho envolve conseguir - ou não - a coisa pretendida. Queremos a ponto desse querer invadir subitamente nosso ser na horas mais impróprias - como na apresentação de um trabalho ou na ministração de uma palestra. Não sei se você entende o que quero dizer, a intensidade do que quero exprimir. É um querer muito forte, daqueles de mover uma montanha.

Sabe?
Sabe como é?

É quando a gente quer muito, muito mesmo. Muitíssimo, eu diria. Tanto, mas tanto que corremos o risco de não saber o que fazer com a coisa na hora que a conseguirmos. Tanto que, quando conseguimos, pode ser que aquela coisa nem pareça mais tão digna do nosso imenso querer.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Desabafo

Há de se ter sempre a cabeça a frente de tudo, no controle, dando cabo das rédeas.
Isso ou pagaremos um fardo desagradável por perder esse controle.

Seria como se marchássemos para uma guerra sem munição;
Jogássemos fora a chave que destranca a fechadura da prisão;
Ou déssemos as rédeas àquilo que bate no peito.


Tem que ser monge.
E por isso que é foda.


domingo, 13 de março de 2011

Coração de pedra

- Quem é aquela?
- Aquela? Juju. Por que?
- Nossa! Nunca tinha visto ela por aqui antes. Ela é linda...
- Ela estuda no outro andar... E não me parece ser essas coisas todas que todo mundo diz.
- Não ponha sua inveja de mulher no meio da conversa.
- Não é inveja, apenas não acho. É minha opinião.
- ...
- E pare de ficar olhando desse jeito! Ela não é para o seu bico.
- Não é você quem decide... Felizmente. Quem sabe se eu for lá...
- Não perca seu tempo. Não que você não seja interessante, mas ela não vai querer.
- Como você sabe?
- Eu sei.
- ?
- Dizem por aí que ela andou namorando alguns otários. Depois de levar tanta porrada, resolveu que seria melhor se tivesse um coração de pedra.
- Sério...?
- É. E ela vai ter dispensar sem sequer escutar o que você tem a dizer. Eu já vi... Ei, onde você vai?
- Pera aqui.

(Longe, conversando com o zelador, que entrega duas ferramentas)

- O que diabo é isso?
- Um martelo e um cinzel.
- E o que você pensa em fazer com isso?
- Vou lá conversar com ela.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Slo-mo

Eram muitos frames em cada segundo. Muitos. Cada piscada de olho durava o tempo de um bocejo. As roupas faziam dobras artísticas feito ondas num mar de seda. Corpos estavam em pleno ar como que mimetizando marionetes. E chovia. Chovia muito. A sensação de ver cada gota de chuva se desintegrando ao se chocar com tudo era indescritível. Os cabelos molhados deixavam tiras d'água em pleno ar. Os sorrisos pareciam eternos - e o eram. Eu estava fora da minha rotina completamente.

E foi lindo.








Post Scriptum: Maldita rotina - sempre trazendo de volta aquela sensação de testada-na-parede. Sempre.


quarta-feira, 2 de março de 2011

Hipocondria

É um remédio estranho.

Já na primeira semana de administração, muita gente chega com queixa de sensações do tipo "uma coisa aqui dentro" ou "uma vontade de sei-lá", o que dificulta enormemente a avaliação prognóstica. Por vezes, muitos pacientes vêm com aquela face ababacada típica do portador de distúrbio cognitivo leve - riso sardônico, olhar vago e perdido no horizonte, atenção sem foco e tenacidade e uma alteração epigástrica comumente descrita como "borboletas no estômago". A medida que o tratamento vai cronificando vão aparecendo efeitos colaterais mais evidentes, como palpitação, sudorese fria, mãos pegajosas, taquidispnéia, discreta pirose, disautonomia, escotomas visuais, boca seca, taquicardia, plenitude pós-prandial, exantema maculopapular, obstipação, lipotímia, afonia, hiporreflexia e tetania. Nos casos mais graves pode ocorrer amaurose, síndrome do intestino irritável e até dependência química, que é a complicação mais temida. Em qualquer outro paciente portador de doença crônica, isso seria péssimo. Mesmo.

Além de tudo isso, não constam nos anais médicos nenhuma evidência de ensaios randomizados duplo-cegos comprovando sua eficácia. É uma droga que foi consagrada pelo uso e pelo tempo, ou seja, a gente usa, mas não sabe pra quê serve. Por causa disso, a ANVISA proibiu sua administração em ambiente intra-hospitalar e a comercialização mesmo mediante prescrição médica. Vai ver morreu alguém por causa de uma overdose, sei lá. Dizem que as drogas dessa classe podem até induzir o suicídio. Vai saber...




(Rolou um boato pela enfermaria que um farmaceuticozinho de fundo-de-quintal manipulou o princípio ativo e transformou o comprimido na mais nova sensação das casas noturnas. E tá fazendo o maior sucesso. Estão chamando por aí de pílula do amor...)








Post Scriptum: Tem gente que adooooooora texto assim =P


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Desabafo

É como ter milhões em dinheiro e ser pobre.
É como ter milhões de pessoas e ser sozinho.
E se dar conta que é impossível cometer o mesmo erro duas vezes.

Porque da segunda vez não é mais um erro... É uma escolha.






E é foda.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Para bom entendedor

Oitava enfermaria do Hospital Universitário Onofre Lopes, paciente do leito quatro - Josiel Onório. Tireoidectomia total por carcinoma folicular e tristeza a esclarecer.

- Bom dia, sêu Josiel! Como estamos hoje? Melhor?
- Hunrum.
- Dormiu bem?
- Hum-hum.
- Tá conseguindo fazer xixi e cocô direitinho?
- Hunrum.

(...)

- Ainda sentindo dor?
- Hunrum.
- Certo, certo. Vou aumentar a dose do antiinflamatório. Tá sentindo mais alguma coisa?
- Hunrum.
- O quê?
- O avesso da saudade.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Romantismo (in)apropriado

- Se eu te der um beijo, você me dá uma tapa?

- Lógico!

- E se eu te der uma tapa, você me dá um beijo?

(...)






Foi assim.
Juro.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Insight

Com tanta gente reclamando dos medos - que tem medo disso, medo daquilo -, calhei de lembrar hoje da época na qual nós tínhamos nossa própria fortaleza, intransponível, que nos guardava de todos os males: bicho-papão, monstro do armário, Pé-Grande, enchente, trovão, foguetão, cachorro bravo, fantasma e ladrão. Nela éramos invulneráveis, invisíveis e intocáveis. Nem mesmo nossa mãe podia com ela.

Foi inevitável lembrar de como, ao menor sinal de "perigo", nós corríamos para debaixo do lençol.
O nosso bom e velho lençol.


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ingenuidade

Era madrugada.

Eu vinha chegando em casa quando vi um pequeno flash luminoso pelo canto do olho. Parei com a chave na iminência de entrar na fechadura do portão quando o flash piscou de novo. Vinha de um dos galhos de um pequeno arbusto do jardim. Aproximei-me e confirmei minha suspeita: um vaga-lume. Mas não era um vaga-lume comum, pelo menos na minha opinião. Tinha uma luz viva, forte, amarelo-sol. Desnecessária àquela hora da noite, julgando o fato de que não se via qualquer outro vaga-lume por perto. Mas ele ficava lá, piscando intermitentemente, impávido.

Foi quando, então, eu percebi. Em meio à imensidão negra do céu, divisei uma estrela. E ela também brilhava num tom amarelo-sol, vivo, forte e solitário, como se respondesse aos cortejos do pequeno vaga-lume.








Post Scriptum 1: Fazia muito tempo que eu não via um vaga-lume.

Post Scriptum 2: Férias acabando... Voltando as atividades aos poucos. Aos poucos.


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Teste do Espírito

Foi durante seu treinamento em Dagobah, então refúgio do mestre Yoda, que Luke Skywalker passou pelo teste do espírito. O teste consistia em entrar sozinho numa caverna conhecida como Caverna da Sombras - ou Caverna do Mal, devido à grande presença do Lado Sombrio da Força em seu interior.

- É frio lá dentro - disse Luke.

- Esse lugar - falou Yoda - possui uma forte presença do Lado Negro. Um domínio do mal ele é. Lá você deve entrar...

- E o que eu vou encontrar lá dentro, mestre? - indagou Luke.

- Apenas o que você levar com você.







[ Guerra nas Estrelas: Episódio V - O Império Contra-Ataca ]


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...