Eu moro na montanha. Mas não é qualquer montanha; é a minha montanha. A casa onde moro fica exatamente no meio do caminho entre o cume e a base e só se chega lá passando pelo cume. A minha montanha é o paraíso dos parapentistas, que eu não sabia o que era até ver aquele trambolho enorme planando pelo céu ser esforço.
Parapentes de todos os lugares do mundo passam por aqui. Eles vêm, sobem até o alto e se jogam na imensidão com seus equipamentos de vôo até que, muito tempo depois, tocam o solo lá embaixo. Mas teve esse dia que um parapente, meio que sem querer, teve que fazer um polso de emergência nas vizinhanças da minha casa - ele havia rasgado. Eu nada tinha a ver com aquilo tudo, mas não pude deixar de oferecer minha humilde hospitalidade. E aquele era, de fato, um parapente bonito, agradável. Era bom estar com ele. Depois de um tempo que não consigo mensurar e tendo remendado o rasgo, o parapente se despediu e foi ao parapeito da encosta para ir embora, mas eu não deixei. Eu rasguei o parapente novamente e dessa vez o rasgo foi por minha causa, afinal, não queria que ele fosse. E isso me rendeu mais tempo com aquele parapente. Mas aí ele remendou o rasgo de novo e eu, novamente sem que ele soubesse, fiz outro. E era remendado. E eu fazia outro. E era remendado. E assim eu descobri um modo de ter aquele parapente para mim pelo tempo que eu quisesse.
Um dia esse parapente foi embora, é verdade. Mas outros parapentes vieram. E ficaram. Alguns, tamanho o seu encanto, eu fiz questão de rasgar de forma a se consumir muito tempo remendando. Outros eu nem olho quando passam. E agora eu sempre tenho um parapente comigo. Porque essa é a minha montanha.
Parapentes de todos os lugares do mundo passam por aqui. Eles vêm, sobem até o alto e se jogam na imensidão com seus equipamentos de vôo até que, muito tempo depois, tocam o solo lá embaixo. Mas teve esse dia que um parapente, meio que sem querer, teve que fazer um polso de emergência nas vizinhanças da minha casa - ele havia rasgado. Eu nada tinha a ver com aquilo tudo, mas não pude deixar de oferecer minha humilde hospitalidade. E aquele era, de fato, um parapente bonito, agradável. Era bom estar com ele. Depois de um tempo que não consigo mensurar e tendo remendado o rasgo, o parapente se despediu e foi ao parapeito da encosta para ir embora, mas eu não deixei. Eu rasguei o parapente novamente e dessa vez o rasgo foi por minha causa, afinal, não queria que ele fosse. E isso me rendeu mais tempo com aquele parapente. Mas aí ele remendou o rasgo de novo e eu, novamente sem que ele soubesse, fiz outro. E era remendado. E eu fazia outro. E era remendado. E assim eu descobri um modo de ter aquele parapente para mim pelo tempo que eu quisesse.
Um dia esse parapente foi embora, é verdade. Mas outros parapentes vieram. E ficaram. Alguns, tamanho o seu encanto, eu fiz questão de rasgar de forma a se consumir muito tempo remendando. Outros eu nem olho quando passam. E agora eu sempre tenho um parapente comigo. Porque essa é a minha montanha.