"É uma travessia impossível. Ninguém que tentou jamais voltou. Aquele é um rio amaldiçoado. Dizem que ela espera lá, espreitando, ansiando pela próxima vítima..."
Hermann, Hagar e Henoch eram três irmãos que adoravam viajar. Numa de suas epopéias, certa vez, andando por uma estrada tortuosa e deserta que marginava uma floresta tropical, eles se depararam com um rio. O rio não era tão largo, mas era fundo demais para vadear e perigoso demais para atravessar a nado. Os irmãos, porém, acostumados a passar por esse tipo de pendega, logo descobriram um modo de contornar o problema. Equipados com ferramentas apropriadas, os três irmãos construíram uma ponte com toras e cipós, trabalho esse que levou dois dias e meio para ser concluído. Feita a ponte, eles a colocaram na área onde o leito d'água era mais estreito, tornando travessia possível. Já era noite, mas mesmo assim eles decidiram atravessar. Já tinham perdido muito tempo.
Já estavam na metade da travessia quando viram um vulto encapuzado. Lembraram-se de uma lenda contada pelos aldeões da localidade sobra uma maldição que existia naquele rio, sobre a travessia impossível e sobre os muitos que perderam suas vidas tentando, mas não titubearam. Continuaram caminhando em direção ao vulto quando, de supetão, ele falou:
- Como ousam? - a voz grave ecoou por toda parte. Deram-se conta de que quem falava era a Morte, a própria. O que teoricamente seria seu rosto estava imerso na escuridão. Também parecia não ter pés, uma vez que flutuava sobre o tronco da ponte improvisada sem tocá-lo. Seu manto era mais negro que a própria escuridão.
Após um breve monólogo, os irmãos perceberam que a Morte estava zangada. Eles tinham acabado de lhe negar três vítimas, uma vez que o normal era que os viajantes se afogassem nas águas turbulentas do rio. Contudo, surpresa face tamanho petardo, a Morte decidiu que ofereceria a cada irmão uma recompensa por terem sido astutos o suficiente a ponto de lhe escaparem. Qualquer coisa que fosse.
Hagar, o irmão mais velho, combativo como sempre, pediu a Morte a sua foice, afiadíssima e que nunca perdia o fio. Sem hesitar, ela o entregou o seu objeto de desejo e deixou que fosse.
Hermann, o irmão do meio, conhecido por sua arrogância e prepotência, resolveu humilhar ainda mais a Morte e pediu o seu colar, que tinha o poder de reviver os mortos. Prontamente, o objeto lhe foi entregue sem qualquer objeção.
Henoch, por sua vez, sendo o caçula, ficou por último. Dos três irmãos, esse era o mais humilde e sábio, mantendo-se sempre numa posição defensiva desde o início. Afinal, trava-se da Morte. Pediu, então, algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela e a Morte, meio que de má vontade, entregou-lhe seu manto, que tornava o seu portador completamente invisível.
Após atravessarem o rio, os irmãos continuaram sua viagem, comentando, assombrados, a aventura que tinham vivido e admirando os "presentes" da Morte. O tempo passou e cada um tomou seu rumo.
Findada a viagem, Hagar foi ter com um velho inimigo. Armado com a foice, ele o enxotou para fora da sua aldeia, humilhando-o na frente de todos e dizendo que se ele tornasse a voltar, seria fatiado como um bife. Quando o inimigo virou as costas para ir embora, Hagar trespassou a foice pela seu tórax, matando-o no mesmo átimo. Impressionada e ao mesmo tempo assustada, a multidão recuou e temeu. Hagar se gabou de possuir a arma que, segundo ele, até mesmo a Morte temia. Na mesma noite, agindo por mera cobiça, um dos aldeões que presenciara a foice em ação entrou na casa de Hagar enquanto ele dormia, roubou-lhe a foice e cortou a sua garganta. Assim, a Morte levou o primeiro irmão.
Entrementes, Hermann viajou para sua própria casa, onde vivia sozinho. Ali, usou o poder do colar para trazer de volta a figura de uma moça a qual tivera esperança de desposar antes da sua morte precoce, ainda na juventude. A moça, contudo, estava triste e fria, como que separada dele por um véu. Embora estivesse agora no mundo dos vivos, era visível que seu lugar não era aquele, e ela sofria. Diante disso, Hermann, enlouquecido pelo desesperado desejo, matou-se para poder verdadeiramente se unir a ela. Então, a Morte levou o segundo irmão.
Já tendo levado dois irmãos, a Morte partira em busca do último, Henoch. Entretanto, por mais que procurasse, jamais conseguia encontrá-lo, e isso fez com que sua busca fosse vã por muitos anos. Somente depois de velho, quando uma vida inteira já lhe tinha sido suficiente, foi que Henoch despiu a capa e a deu de presente para o seu filho, alertando-o para seu uso e sua importância. Quando a Morte o encontrou finalmente, Henoch a acolheu como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram dessa vida.
Hermann, Hagar e Henoch eram três irmãos que adoravam viajar. Numa de suas epopéias, certa vez, andando por uma estrada tortuosa e deserta que marginava uma floresta tropical, eles se depararam com um rio. O rio não era tão largo, mas era fundo demais para vadear e perigoso demais para atravessar a nado. Os irmãos, porém, acostumados a passar por esse tipo de pendega, logo descobriram um modo de contornar o problema. Equipados com ferramentas apropriadas, os três irmãos construíram uma ponte com toras e cipós, trabalho esse que levou dois dias e meio para ser concluído. Feita a ponte, eles a colocaram na área onde o leito d'água era mais estreito, tornando travessia possível. Já era noite, mas mesmo assim eles decidiram atravessar. Já tinham perdido muito tempo.
Já estavam na metade da travessia quando viram um vulto encapuzado. Lembraram-se de uma lenda contada pelos aldeões da localidade sobra uma maldição que existia naquele rio, sobre a travessia impossível e sobre os muitos que perderam suas vidas tentando, mas não titubearam. Continuaram caminhando em direção ao vulto quando, de supetão, ele falou:
- Como ousam? - a voz grave ecoou por toda parte. Deram-se conta de que quem falava era a Morte, a própria. O que teoricamente seria seu rosto estava imerso na escuridão. Também parecia não ter pés, uma vez que flutuava sobre o tronco da ponte improvisada sem tocá-lo. Seu manto era mais negro que a própria escuridão.
Após um breve monólogo, os irmãos perceberam que a Morte estava zangada. Eles tinham acabado de lhe negar três vítimas, uma vez que o normal era que os viajantes se afogassem nas águas turbulentas do rio. Contudo, surpresa face tamanho petardo, a Morte decidiu que ofereceria a cada irmão uma recompensa por terem sido astutos o suficiente a ponto de lhe escaparem. Qualquer coisa que fosse.
Hagar, o irmão mais velho, combativo como sempre, pediu a Morte a sua foice, afiadíssima e que nunca perdia o fio. Sem hesitar, ela o entregou o seu objeto de desejo e deixou que fosse.
Hermann, o irmão do meio, conhecido por sua arrogância e prepotência, resolveu humilhar ainda mais a Morte e pediu o seu colar, que tinha o poder de reviver os mortos. Prontamente, o objeto lhe foi entregue sem qualquer objeção.
Henoch, por sua vez, sendo o caçula, ficou por último. Dos três irmãos, esse era o mais humilde e sábio, mantendo-se sempre numa posição defensiva desde o início. Afinal, trava-se da Morte. Pediu, então, algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela e a Morte, meio que de má vontade, entregou-lhe seu manto, que tornava o seu portador completamente invisível.
Após atravessarem o rio, os irmãos continuaram sua viagem, comentando, assombrados, a aventura que tinham vivido e admirando os "presentes" da Morte. O tempo passou e cada um tomou seu rumo.
Findada a viagem, Hagar foi ter com um velho inimigo. Armado com a foice, ele o enxotou para fora da sua aldeia, humilhando-o na frente de todos e dizendo que se ele tornasse a voltar, seria fatiado como um bife. Quando o inimigo virou as costas para ir embora, Hagar trespassou a foice pela seu tórax, matando-o no mesmo átimo. Impressionada e ao mesmo tempo assustada, a multidão recuou e temeu. Hagar se gabou de possuir a arma que, segundo ele, até mesmo a Morte temia. Na mesma noite, agindo por mera cobiça, um dos aldeões que presenciara a foice em ação entrou na casa de Hagar enquanto ele dormia, roubou-lhe a foice e cortou a sua garganta. Assim, a Morte levou o primeiro irmão.
Entrementes, Hermann viajou para sua própria casa, onde vivia sozinho. Ali, usou o poder do colar para trazer de volta a figura de uma moça a qual tivera esperança de desposar antes da sua morte precoce, ainda na juventude. A moça, contudo, estava triste e fria, como que separada dele por um véu. Embora estivesse agora no mundo dos vivos, era visível que seu lugar não era aquele, e ela sofria. Diante disso, Hermann, enlouquecido pelo desesperado desejo, matou-se para poder verdadeiramente se unir a ela. Então, a Morte levou o segundo irmão.
Já tendo levado dois irmãos, a Morte partira em busca do último, Henoch. Entretanto, por mais que procurasse, jamais conseguia encontrá-lo, e isso fez com que sua busca fosse vã por muitos anos. Somente depois de velho, quando uma vida inteira já lhe tinha sido suficiente, foi que Henoch despiu a capa e a deu de presente para o seu filho, alertando-o para seu uso e sua importância. Quando a Morte o encontrou finalmente, Henoch a acolheu como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram dessa vida.