quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Clichê

Às vezes eu tenho vontade de ter uma vidinha clichê.


Ter um dia clichê, daqueles que se acorda sempre pra comer torradas no café, ir ao trabalho, voltar para a feijoada do almoço, novamente ao trabalho, pegar as crianças no curso de inglês e voltar pra casa, apreciando aquela sopinha de legumes antes de dormir.
Ter amigos clichês, aqueles com os quais eu possa conversar sobre amores, decepções, aventuras, conquistas e mostrar que sempre pode haver um ombro para se chorar.
Viver um amor clichê, daqueles nos quais se diz "docinho de coco" e "eu te amo" a cada batida do relógio.
Ter sentimentos clichês, sem precisar esconder o choro e o riso que a vida traz.
Agir de modo clichê, dando um buquê de flores, uma esmola, um aperto de mão e sabendo que isso tudo não significa muito, que o que importa está sempre invisível aos olhos e ao coração.
Ser, enfim, uma pessoa clichê, daquelas bem clichê mesmo.


À vezes eu tenho vontade de ser clichê.
Mesmo sabendo que surpreender e contrariar o comum e o esperado é sempre mais interessante.


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...