Foi com ela que tudo começou. Foi ela que, de início, arrancou-me a timidez e me mostrou o mundo de possibilidades que se escancarava à minha frente. Foi ela que, por vezes, fez-me ir à luta quando esta já parecia perdida, e me mostrou que o sabor da vitória, no fim, sempre justifica tudo. Foi por ela que eu perdi as estribeiras, que eu gritei, dei show, virei galã, conquistador barato, canalha. Com ela, eu conheci o lado mais animalesco do meu ser. Foi ela que me deixou bonito, às vezes, também. Foi ela também que me deixou rico e me encorajou diversas vezes a alcançar "a maçã do topo da árvore". Na verdade, ela já era, por si só, uma maçã do topo da árvore. Foi ela que fez minha cabeça fervilhar, meu mundo girar, fez-me ver estrelas, cometas, barcos, navios e até mesmo elefantes no céu. Foi ela que, dentre tantas outras, ganhou o meu olhar, o meu beijo, o meu carinho e, quase sempre, a minha gratidão. É dela que eu lembro e é com ela que eu quero estar quando a felicidade bate à minha porta. Por ela, já fiz coisas inexplicáveis, por que não indizíveis. Larguei as outras só por causa dela e, embora muitas outras ainda passem por minha vida, no fim, é com ela que eu quero terminar. Porque é ela que está sempre radiante da cor do sol quando me vê, como se a cada novo encontro eu tivesse que conquistá-la de novo, do começo, só pra relembrar tudo que já passou. Apesar de eu não falar muito, ela sabe que o meu amor é todo dela. Ela, por sua vez, também não é muito de falar, mas eu sei que ela me ama em pé de igualdade.
Por isso, é ela!
E foi por ela também que eu menti, que eu enganei, trapaceei, traí. Por ela, eu traí a confiança, a minha, a dos outros, a confiança que tinham e a que não tinham em mim. Por causa dela, fui chamado de conquistador barato e de canalha, mas também de ridículo, de sem-limites, de sem-noção. Foi por causa dela que eu levei alguns tapas na cara, mas nenhum tapa, por pior que fosse, era pior que o dela. Ela me mostrou que o chão é o pior lugar onde se pode chegar, literalmente. Mostrou-me o fundo do poço com um riso sardônico no rosto. Fez-me pagar vexame, pagar conta, pagar multa, pagar mico, pagar de ridículo. Caçoou de mim quando estive em maus bocados. Por ela eu passei mal. Por ela eu fui confundido até com bandido. Foi ela que me seduziu só pra que eu não pudesse ter as outras e que, depois de tudo, deixava-me sozinho a ver navios, os mesmos navios de antes. Ela me fez ter ciúme dela e das outras. Mostrou o que é raiva, meteu-me em confusão. Por ela eu até briguei, usei meus punhos em cólera, esmurrei outros por ela. Logo eu que sou tão pacífico (Pra você ver, né?!...). Por ela fiquei tonto e desorientado, sem saber pra onde ir e sem saber o que dizer. Era ela que não saía da minha cabeça nas horas vagas. E nas não-vagas também, por que não?! Foi por causa dela que tudo chegou a desabar quando parecia perfeito. Viraram as costas pra mim por causa dela. Não tive quem eu queria por ciúmes dela.
Mas mesmo assim, mesmo em meio à tanta tribulação, é ela, meu chapa.
Porque depois de tanto tempo de relacionamento, depois de tanta coisa vivida juntos, cheguei a seguinte conclusão: nas vitórias, ela é extremamente merecida; nas derrotas, imprescindivelmente necessária. Eu te amo, loirinha.
Post Scriptum: Nunca estive tão apaixonado... Ah, como é bom estar apaixonado...
Post Scriptum: Nunca estive tão apaixonado... Ah, como é bom estar apaixonado...