sexta-feira, 2 de maio de 2008

Tudo o que não presta

Coisa boa nessa vida é descer o pau. Tem coisa mais fácil que reclamar? Falar, falar, dizer que é ruim, que não presta, que precisa melhorar. Isso, claro, no mais absoluto conforto de uma poltrona, por exemplo, sem ter que se dar ao luxo de fazer alguma coisa em prol da mudança que a reclamação subentende em si. Reclamar é muito bom porque sempre é fácil achar os defeitos, os erros. Eles sempre são sobressalentes e distoam das qualidades e virtudes na grande maioria das vezes. Nesse sentido, sinto-me na obrigação de elencar aqui algumas das coisas que simplesmente não prestam, não valem a pena, não deviam sequer existir. Eu sei que são milhões e milhões de coisas, mas aqui entram somente as principais, aquelas das quais se mais reclama.

Cerveja quente, por exemplo. Quer um negócio mais sem futuro do que uma bela de uma cerveja quente?! Beber cerveja quente é pior que uma broxada, é quase um coito interrompido. Quantas vezes nós, no afã de matar a danada da sede, frustramo-nos com aquela coisa beirando os 35ºC? Deplorável, simplesmente deplorável. Outra coisa irritante: ventilador-que-faz-barulho. Justamente quando a pessoa mais necessita do bom e velho silêncio, vem aquela máquina defasada com aquele "tec tec tec" inconfundível. Dá vontade de dar um murro. Eu, por vezes, não fiquei só na vontade. E o que dizer, então, do computador que vive travando? Ou que simplesmente se recusa a funcionar como deveria? E melhor: justamente quando você tem aquele e-mail super urgente pra mandar. Murphy nunca deixa barato. Murphy é um galado.

E tem também o num-sei-pra-quê-inventaram suco de tamarindo. Além de promover dispepsia e refluxo gastroesofágico, ele tem gosto de água de sarjeta... e pode corroer suas entranhas. Livre-se dele logo! Se quiser suco de qualidade, tente a laranja, a tangerina ou o morango. A manga também é bacana, mas dizem que misturada ao leite pode corroer suas entranhas do mesmo jeito. E seu cérebro. E falando em cérebro, coisa que num presta pra nada é a tal da decoreba. Decoreba na escola, no trabalho, na faculdade. A decoreba foi criada com um único propósito: criar um nó nas suas sinapses neurais, predispondo, assim, ao aparecimento da forma aguda daquela doença neurodegenerativa chamado Alzheimer. Além, claro, de corroer suas entranhas. Perceba que suas entranhas são alvo de um monte de coisas inúteis. Logo, se você gosta delas, livre-se da inutilidade.

Outra coisa altamente dispensável nesse nosso país de meu Deus é o tal do imposto. A pessoa passa um terço do ano trabalhando só pra pagar os impostos pra, no fim das contas, morrer de fome, de doença e de analfabetismo. E olhe que são pra lá de 52 títulos diferentes, indo desde cobrança de borracha de pneu, passando por lapiseira 0.7 até imposto sobre o próprio imposto. Um lixo. Antes servisse pra alguma coisa, o que justificaria sua criação e existência. Se bem que o imposto, por si só, não é culpado. Tem aquela canalha que vive trabalhando naquele lugar que tem aquela rampa grande e aqueles pratos enfeitando a entrada. Sem falar nas piscinas, cheias de ratos. Aqueles, sim, não prestam pra nada. Tenho tanta aversão a político que bateria em um ou dois de graça, só pelo prazer. E depois ia ter que beber cerveja quente, trabalhando num laptop peba, com um ventilador barulhento, sem poder dormir, bebendo suco de tamarindo e tendo que decorar as primeiras 200 casas decimais do número pi. Isso mesmo: decorar. Tá vendo como eu sou mau? HU HU HA HA HA HA HA (risada maligna de Shao Kahn em "Mortal Kombat III"). Aí eu queria ver neguinho roubando dinheiro de pobre pra comprar carro de luxo...

Mas não se iludam, nobres amigos. A despeito de tudo isso, muita coisa que presta existe por aí. Beber cerveja gelada com picado e limão, por exemplo...


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...