Estava eu, dia desses, num momento raro. Raríssimo até, eu diria: assistindo TV. Não que eu realmente não assista. Eu apenas o faço com outros propósitos. Ao contrário da minha mãe, por exemplo, que prima pela fofoca e pela notícia inútil, eu gosto mais das coisas úteis e que tenham algum proveito na vida prática. Por isso, caso você se depare comigo em frente a um aparelho televisivo na vida, é bem provável que ele esteja sintonizado em algum canal que contenha desenho, filme ou algum documentário de cunho científico-nerd mais apurado. E só. Novelas, reality shows e qualquer coisa do gênero sofrem severa repulsa por parte da minha pessoa.
Entretanto, como há de ser de vez em quando, eu me pego descompromissadamente vagando canal após canal e, de súbito, deparo-me com uma propaganda que, não fosse pelos seus quatro segundos finais, seria apenas mais uma propaganda. Já tinha sido mencionado sobre ela antes por alguém, mas confesso que quando eu vi parecia que era mesmo uma novidade. Apareciam nela algumas pessoas, fazendo algumas coisas e tarará. Daí, ao fim, a tela ficava preta e aparecia uma frase que certamente faria você sentar na cadeira e pensar sobre ela alguns minutos. "Quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?". Pois é... Quando?
E nem me diga que não se lembra porque a primeira vez a gente nunca esquece. De fato, com os dias nos quais vivemos onde as tarefas são demais e o tempo é de menos, talvez fique complicado sair da rotina e tentar algo de novo. O problema é que a rotina leva à morosidade, a morosidade leva ao tédio, o tédio leva à preguiça e a preguiça não leva a lugar nenhum. E se você não vai a lugar nenhum, como pode experimentar algo novo? Não dá. Portanto, lembre-se daquilo dito sabiamente por alguém, certa vez: "Sempre há tempo. Sempre." Por mais que você creia no contrário, há tempo sim. Cada um tem seu próprio tempo e controle suficiente para comandá-lo. Mostre quem manda. Os reféns do tempo são meras marionetes, vagando ao sabor da correnteza sem sequer notar por onde vão. Zumbis, eu diria. E pobres coitados.
O grande truque está na arte de fazer com que suas vinte e quatro horas se tornem quarenta e oito. Ou então você pode se desdobrar em cinco ou seis iguais a você e dar conta de todo o serviço. De uma forma ou de outra, quem estará no controle das coisas é você. Assim sobra mais tempo pra, de repente, fazer algo pela primeira vez de novo. Algo que você nunca se atreveu por vergonha, medo ou por simples falta de tempo. Aí a vida passa de sacrilégio à aventura em um piscar de olhos e você aprende que realmente sempre há tempo.
Porque o importante, no final das contas, é tirar as rodinhas da bicicleta e correr o risco de se estrepar de novo. É dar o primeiro beijo, sentir a primeira vergonha, ruborizar-se. É tirar a primeira nota baixa. Ou alta, né?! Nunca se sabe. É roubar o carro do seu pai, fugir de casa, viajar pra bem longe "sozinho", tomar aquele porre. O importante é ajudar alguém sempre e de novo. Sempre e de novo. E quando menos se é esperado. É fazer aquela surpresa. Surpresa, por si só, é algo novo, é uma "primeira vez". Tanto é verdade que raramente as surpresas são esquecidas. Importante também é fazer aquilo que se tem medo e, nesse caso, você estará sempre fazendo pela primeira vez. É pular de pára-quedas aos sessenta anos, ir ao médico sozinho de novo, deixar o carro em casa e caminhar pra onde quer que seja. É sair da aula na quarta-feira às quatro da tarde e não ir pra casa. Visitar a praia, um amigo, quem sabe. É estar sempre mudando o rumo previsível das coisas. É aprender a tocar alguma coisa, a cantar, mesmo que pessimamente. Importante é abrir as asas e voar. E pense numa coisa que quase ninguém sabe que é possível: voar. É curtir a chuva na cara e o vento nos cabelos... de novo. É parar trinta segundos do dia e olhar pro céu, é dar mais que cinqüenta centavos de esmola. Eu conheço alguém que já deu as próprias calças, sabe?! Talvez querendo um lugar ao céu, não sei. Enfim, o importante é não esquecer que, apesar do tempo ser curto, a vida é longa demais para ser vivida em ciclos viciosos. E, independente de qualquer coisa, ela sempre tem algo de novo por aí. Basta procurar. Basta procurar.
Mas e aí? Quando foi mesmo a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?
Entretanto, como há de ser de vez em quando, eu me pego descompromissadamente vagando canal após canal e, de súbito, deparo-me com uma propaganda que, não fosse pelos seus quatro segundos finais, seria apenas mais uma propaganda. Já tinha sido mencionado sobre ela antes por alguém, mas confesso que quando eu vi parecia que era mesmo uma novidade. Apareciam nela algumas pessoas, fazendo algumas coisas e tarará. Daí, ao fim, a tela ficava preta e aparecia uma frase que certamente faria você sentar na cadeira e pensar sobre ela alguns minutos. "Quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?". Pois é... Quando?
E nem me diga que não se lembra porque a primeira vez a gente nunca esquece. De fato, com os dias nos quais vivemos onde as tarefas são demais e o tempo é de menos, talvez fique complicado sair da rotina e tentar algo de novo. O problema é que a rotina leva à morosidade, a morosidade leva ao tédio, o tédio leva à preguiça e a preguiça não leva a lugar nenhum. E se você não vai a lugar nenhum, como pode experimentar algo novo? Não dá. Portanto, lembre-se daquilo dito sabiamente por alguém, certa vez: "Sempre há tempo. Sempre." Por mais que você creia no contrário, há tempo sim. Cada um tem seu próprio tempo e controle suficiente para comandá-lo. Mostre quem manda. Os reféns do tempo são meras marionetes, vagando ao sabor da correnteza sem sequer notar por onde vão. Zumbis, eu diria. E pobres coitados.
O grande truque está na arte de fazer com que suas vinte e quatro horas se tornem quarenta e oito. Ou então você pode se desdobrar em cinco ou seis iguais a você e dar conta de todo o serviço. De uma forma ou de outra, quem estará no controle das coisas é você. Assim sobra mais tempo pra, de repente, fazer algo pela primeira vez de novo. Algo que você nunca se atreveu por vergonha, medo ou por simples falta de tempo. Aí a vida passa de sacrilégio à aventura em um piscar de olhos e você aprende que realmente sempre há tempo.
Porque o importante, no final das contas, é tirar as rodinhas da bicicleta e correr o risco de se estrepar de novo. É dar o primeiro beijo, sentir a primeira vergonha, ruborizar-se. É tirar a primeira nota baixa. Ou alta, né?! Nunca se sabe. É roubar o carro do seu pai, fugir de casa, viajar pra bem longe "sozinho", tomar aquele porre. O importante é ajudar alguém sempre e de novo. Sempre e de novo. E quando menos se é esperado. É fazer aquela surpresa. Surpresa, por si só, é algo novo, é uma "primeira vez". Tanto é verdade que raramente as surpresas são esquecidas. Importante também é fazer aquilo que se tem medo e, nesse caso, você estará sempre fazendo pela primeira vez. É pular de pára-quedas aos sessenta anos, ir ao médico sozinho de novo, deixar o carro em casa e caminhar pra onde quer que seja. É sair da aula na quarta-feira às quatro da tarde e não ir pra casa. Visitar a praia, um amigo, quem sabe. É estar sempre mudando o rumo previsível das coisas. É aprender a tocar alguma coisa, a cantar, mesmo que pessimamente. Importante é abrir as asas e voar. E pense numa coisa que quase ninguém sabe que é possível: voar. É curtir a chuva na cara e o vento nos cabelos... de novo. É parar trinta segundos do dia e olhar pro céu, é dar mais que cinqüenta centavos de esmola. Eu conheço alguém que já deu as próprias calças, sabe?! Talvez querendo um lugar ao céu, não sei. Enfim, o importante é não esquecer que, apesar do tempo ser curto, a vida é longa demais para ser vivida em ciclos viciosos. E, independente de qualquer coisa, ela sempre tem algo de novo por aí. Basta procurar. Basta procurar.
Mas e aí? Quando foi mesmo a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?