Estavam todos contra mim. Parecia que só eu fazia coisas erradas. Parecia que somente eu gostava de fazê-las. Na boca dos outros, eu era um canalha, um calhorda, cafajeste mesmo. Porque tinha que viver à sombra do que todo mundo dizia ser "certo", "nobre" e "virtuoso". Mas eu insistia que certos erros, como aquele, precisavam ser cometidos uma vez. Tamanha era a satisfação que, para alguns, inclusive, uma vez não era simplesmente suficiente. Findou que acabei gostando deles e, ao que parecia, eles de mim.
Daí todo mundo pegou sua indignação e seu punhado de hipocrisia, colocou no bolso e foi embora. Todo mundo menos aquele velhinho que limpava a calçada. Ele me olhava com tanta dificuldade por entre as rugas que o tempo lhe trouxera que por um instante achei que aquela austeridade fosse de propósito. E era só o que me faltava: escutar de um velhote que eu não devia ter feito aquilo...
- Vai começar a me julgar também, velho? - perguntei.
- Não mesmo. Julgar é coisa de gente velha e sábia. E para sermos velhos e sábios temos antes que ser jovens e estúpidos.
Daí todo mundo pegou sua indignação e seu punhado de hipocrisia, colocou no bolso e foi embora. Todo mundo menos aquele velhinho que limpava a calçada. Ele me olhava com tanta dificuldade por entre as rugas que o tempo lhe trouxera que por um instante achei que aquela austeridade fosse de propósito. E era só o que me faltava: escutar de um velhote que eu não devia ter feito aquilo...
- Vai começar a me julgar também, velho? - perguntei.
- Não mesmo. Julgar é coisa de gente velha e sábia. E para sermos velhos e sábios temos antes que ser jovens e estúpidos.