Eu estou num mundo repleto de pessoas mal-educadas. Todo dia vejo um exemplo atrás do outro de como não se deve tratar um ser humano, um animal e até mesmo um objeto inanimado - que, por sorte, não possui senso crítico e evita, assim, uma vã indignação. E nem faça essa cara de quem não sabe do que se trata porque você sabe. Você, inclusive, assim como eu, tem lá seus momentos de pessoa repugnante. Mas eu não vim aqui pra promover o auto-denegrimento, portanto vou falar dos outros e, quem sabe assim, faço um exame de consciência e reflito sobre mim mesmo.
A questão é que, à vista, parece-me que as pessoas nascem fadadas à mal-educação. Rosseau dizia que o homem nasce bom e a realidade o corrompe, mas eu duvido. Até as criancinhas de hoje, proclamadas como o futuro do país, dão provas de que esse futuro vai feder. Provo isso com um simples exemplo: quando eu tinha meus oito ou nove anos e andava de ônibus com minha mãe, ela sempre mandava eu dar o lugar no ônibus para a velhinha que acabara de subir. Sem questionar muito - porque, àquela época, tudo que mamãe dizia e fazia parecia ser certo e coerente -, eu dava meu lugar à velhinha, que sempre agradecia passando a mão nos meus cabelos loiros e dizendo que eu já era um rapazinho lindo. As crianças de hoje em dia não sabem o que é isso. As crianças de hoje em dia choram em frente à vitrine porque os pais não querem dar aquele brinquedo caríssimo que brilha através do vidro. Daí elas esperneiam, fazem algazarra, jogam coisas a esmo, gritam, mordem e fazem todo aquele escarcéu só porque elas querem o brinquedo. Grande parte das vezes fica por isso mesmo. Quando os pais são sérios sempre rola uma violênciazinha, que, nesses casos, ao meu ver, é imprescindível.
Mas não posso simplesmente colocar a culpa nas coitadas das crianças, pois, afinal, tem sempre um adulto por trás. E um adulto muito mal-educado, diga-se de passagem. Outro dia, uma mulher invadiu o pronto-socorro do Gilseda Trigueiro porque tinham furado a frente dela. De fato, tinham mesmo. O motivo foi porque uma senhora passou muito mal na fila de espera para ser atendida e precisou de atendimento preferencial. Mas a mulher estava indignada porque estava esperando alí fazia "duas horas" com seu filho (que havia sido mordido por um gato na mão) e não tinha nada a ver com os problemas da outra senhora que furou sua vez. Veja bem, ela disse exatamente isso: eu não tenho nada a ver com o fato de ela ter passado mal. Bem, sorte a nossa que também não tínhamos nada a ver com o fato do filho dela ter colocado a mão na boca de um gato. Depois de escutar o que não queria, ela foi sentar-se na cadeira e esperar sua vez bufando.
E nem precisa ir tão longe pra ver essas coisas. O trânsito é hoje o ambiente onde se vê o maior número de pessoas sem educação. E eu não falo daqueles que não sabem ou não têm experiência. Eu falo de todos os filhos da puta que nunca, absolutamente nunca dão a sua vez, dos que querem fazer fila tripla, dos que não param na faixa de pedestre, dos que saem furando a fila, dos que fazem ultrapassagem pela direita e de todos os filhos da puta que dirigem moto, táxi ou ônibus. Quantos não morrem por imprudência alheia. E quando eu digo "imprudência" leia "falta de educação". E por aí afora vai... Ninguém dá mais o lugar no ônibus, ninguém ajuda mais as velhinhas a atravessarem a rua, ninguém joga o lixo no lixo. A coisa tá tão séria que ninguém dá mais "bom-dia" ou sequer diz "obrigado". "Por favor", então, é coisa rara. Parece ser muito bonito a mal-educação. Daí todo mundo o é e ninguém reclama. E assim a gente vai vivendo, e se acostumando, e achando normal, e nem ligando. Nem ligando até o dia que você perceber o que há a sua volta. Aí você vai ligar, ah, se vai.
Vou terminar agradecendo à minha mãe porque a pouca educação que tenho me foi dada por ela. Era ela que me batia quando eu dava "showzinho" na rua, que dizia "não e pronto" e que sempre me lembrava do "como é que se diz?". Muito obrigado, mãe.
A questão é que, à vista, parece-me que as pessoas nascem fadadas à mal-educação. Rosseau dizia que o homem nasce bom e a realidade o corrompe, mas eu duvido. Até as criancinhas de hoje, proclamadas como o futuro do país, dão provas de que esse futuro vai feder. Provo isso com um simples exemplo: quando eu tinha meus oito ou nove anos e andava de ônibus com minha mãe, ela sempre mandava eu dar o lugar no ônibus para a velhinha que acabara de subir. Sem questionar muito - porque, àquela época, tudo que mamãe dizia e fazia parecia ser certo e coerente -, eu dava meu lugar à velhinha, que sempre agradecia passando a mão nos meus cabelos loiros e dizendo que eu já era um rapazinho lindo. As crianças de hoje em dia não sabem o que é isso. As crianças de hoje em dia choram em frente à vitrine porque os pais não querem dar aquele brinquedo caríssimo que brilha através do vidro. Daí elas esperneiam, fazem algazarra, jogam coisas a esmo, gritam, mordem e fazem todo aquele escarcéu só porque elas querem o brinquedo. Grande parte das vezes fica por isso mesmo. Quando os pais são sérios sempre rola uma violênciazinha, que, nesses casos, ao meu ver, é imprescindível.
Mas não posso simplesmente colocar a culpa nas coitadas das crianças, pois, afinal, tem sempre um adulto por trás. E um adulto muito mal-educado, diga-se de passagem. Outro dia, uma mulher invadiu o pronto-socorro do Gilseda Trigueiro porque tinham furado a frente dela. De fato, tinham mesmo. O motivo foi porque uma senhora passou muito mal na fila de espera para ser atendida e precisou de atendimento preferencial. Mas a mulher estava indignada porque estava esperando alí fazia "duas horas" com seu filho (que havia sido mordido por um gato na mão) e não tinha nada a ver com os problemas da outra senhora que furou sua vez. Veja bem, ela disse exatamente isso: eu não tenho nada a ver com o fato de ela ter passado mal. Bem, sorte a nossa que também não tínhamos nada a ver com o fato do filho dela ter colocado a mão na boca de um gato. Depois de escutar o que não queria, ela foi sentar-se na cadeira e esperar sua vez bufando.
E nem precisa ir tão longe pra ver essas coisas. O trânsito é hoje o ambiente onde se vê o maior número de pessoas sem educação. E eu não falo daqueles que não sabem ou não têm experiência. Eu falo de todos os filhos da puta que nunca, absolutamente nunca dão a sua vez, dos que querem fazer fila tripla, dos que não param na faixa de pedestre, dos que saem furando a fila, dos que fazem ultrapassagem pela direita e de todos os filhos da puta que dirigem moto, táxi ou ônibus. Quantos não morrem por imprudência alheia. E quando eu digo "imprudência" leia "falta de educação". E por aí afora vai... Ninguém dá mais o lugar no ônibus, ninguém ajuda mais as velhinhas a atravessarem a rua, ninguém joga o lixo no lixo. A coisa tá tão séria que ninguém dá mais "bom-dia" ou sequer diz "obrigado". "Por favor", então, é coisa rara. Parece ser muito bonito a mal-educação. Daí todo mundo o é e ninguém reclama. E assim a gente vai vivendo, e se acostumando, e achando normal, e nem ligando. Nem ligando até o dia que você perceber o que há a sua volta. Aí você vai ligar, ah, se vai.
Vou terminar agradecendo à minha mãe porque a pouca educação que tenho me foi dada por ela. Era ela que me batia quando eu dava "showzinho" na rua, que dizia "não e pronto" e que sempre me lembrava do "como é que se diz?". Muito obrigado, mãe.