segunda-feira, 21 de junho de 2010

Boca-de-felicidade

Sentir-se bem. Estar na paz, de boa, curtindo a vibe, sussa, só no filé, sombra e aguá fresca. É o que resume bem aquela sensação esquisita que a gente sente quando o Brasil faz um gol. Ou quando ganha a Copa do Mundo. Ou quando a gente passa no vestibular. Ou quando a gente, no auge dos nossos nove anos, passa a tarde toda engelhando na piscina. Ou quando a gente ganha o primeiro videogame. Ou quando a gente acha cinqüenta contos na rua. Ou quando a gente fica bêbado. Em especial quando a gente fica bêbado. E é tudo, pois, culpa das endorfinas. Endorfinas são, na verdade, drogas endógenas produzidas com o único propósito de tornar ébrio tudo aquilo que é sóbrio. É como se a gente misturasse as coisas num tubo de ensaio só pra ver tudo explodindo: não há nada de interessante e feliz em se misturar coisas em um tubo de ensaio... até que tudo exploda. Eu até acho que os tudos de ensaio foram criados para isso e somente isso. É muito bacana, acreditem. Eu sei como é. Fazia direto nas aulas de bioquímica.

Aí eu, num momento inusitado, peguei-me pensando no seguinte: bicho, e se vendessem endorfinas como se vende cocaína? Já pensou? Felicidade alí, à beira da porta, ao módico custo de alguns trocados?








Post Scriptum 1: Mas quem precisa, né?!

Post Scriptum 2: Nunca tinha reparado como é feliz observar alguém comemorando um gol da seleção.


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...