terça-feira, 30 de setembro de 2008

TOP 10 - Aforismas hollywoodianos

Dez momentos memoráveis da história de Hollywood.

1. "You know how to fight six men. I can teach you how to engage six hundred." (Ra's Al Ghul, Batman Begins);

2. "What we do in life echoes in eternity." (Maximus, Gladiador);

3. "You could spend your life looking for the perfect blossom and, yet, it wouldn't be a wasted life." (Katsumoto, O Último Samurai);

4. "There's is no spoon." (Neo, Matrix);

5. "Much to learn you'll always have, padawan." (Mestre Yoda, Star Wars Episódio II: O Ataque dos Clones);

6. "I believe whatever doesn't kill you simply makes you stranger." (Coringa, O Cavaleiro das Trevas);

7. "This is what I call happiness." (Chris Gardner, A Procura da Felicidade);

8. "See the eyes glittering? It's the eyes of the tiger, man!" (Apollo Creed, Rocky III);

9. "It means no worries
For the rest of your days
It's our problem-free philosophy
Hakuna Matata!" (Timão e Puumba,
O Rei Leão);

10. "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." (Morfeu, Matrix).








Post Scriptum 1: Ah, o momentos nerds...

Post Scriptum 2: Músicas? Alguém falou em músicas?


sábado, 20 de setembro de 2008

CPI

Era uma creche. E começou assim...

- Olá! Tudo bem com você?

- Tudo! (balançando a cabeça positivamente).

- Como é o seu nome?

- Iana.

- Que nome bonito, o seu! Quantos anos você tem, Iana?

(mostra a mão com quatro dedos)

- Tá com vergonha da gente?

(balança a cabeça positivamente de novo)

- Mas num fique não. Hoje a gente vai brincar com você. Você quer brincar com a gente?

- Quero.

- Pois pronto. Ó, meu nome é Yuri, esse aqui é tio Léo e esse outro, tio Hugo. Quer uma massinha?

(estende a mão pra pegar a massinha)

As brincadeiras foram continuando até o ponto onde foram feitas uma série de perguntas.

- Iana, você sabe o que são as nuvens?

- As nuvens
é quando a chuva se junta com o sol. Aí forma as nuvens.

- Hum. E você sabe de onde vem a chuva?

- Vem das nuvens, ué.

- Sei, sei. Mas e o sol? Como é o sol?

- Redondo. E amarelo. E fica lá no céu, junto com as nuvens.

- Eita! Mas como você sabe disso?

- Porque eu já vi, ué.

- Ah! Então quer dizer que o sol e as nuvens moram no céu, é isso?

- É.

- Hum. Mas esse céu que você diz, ele fica aonde mesmo?

(apontou o dedo pro alto)

- Osh. O céu fica no teto da sala?

- Não... (rindo timidamente). O céu fica lá em cima, lá longe. É aquela coisa azul lá em cima.

- Azul? Mas por que azul?

- Er... er... É porque é. Eu vi.

- Hum. E você sabe como os passarinhos voam?

- Batendo as asas assim: (balança os braços como asas batendo).

- Eita! E você sabe voar também, é?

- Nãããããããooooooooo! (rindo espalhafatosamente).

- Ah, pensei que soubesse. Mas e quando fica escuro, à noite, pra onde vai o sol?

- Ele se esconde por detrás das nuvens.

- Ah, então é por isso! Danado! Mas me diga outra coisa, Iana: de onde vêm os bebês, você sabe?

Breve pausa.

- Vêm do céu, ué.

- Osh. E eles caem do céu assim, de repente?

- Nãããooooo! Eles vêm de pára-quedas.

- Aaaaahhhhhh! Mas esses pára-quedas, onde eles conseguem?

- Deus que dá pra eles. Deus faz os bebês e manda eles de pára-quedas pra cair na barriga da mãe.

- Hum. E foi assim que você veio pra barriga da sua mãe?

- Hum-rum (balança a cabeça positivamente).

- Sei. Mas eu não vim de pára-quedas, não. Eu entrei na barriga da minha mãe escorregando por um tobogã, lá do céu.

(cara de espanto e vontade de rir)

- Você já viu esse tobogã?

- Não.

- Pois depois eu te mostro. Quer dizer mais alguma coisa?

(balança a cabeça negativamente)

- Num quer nem contar uma piada?

(balança a cabeça negativamente de novo)

- Você sabe a piada do pinto, Iana?

- Não.

- É, nem eu. Quer fazer um desenho? Chegue, tome esse lápis.

(desenha algo no verso do papel)

- Eita! Que desenho bonito. Quem é esse?

(aponta pra Hugo)

- E esse?

(aponta pra Léo)

- E esse?

(aponta pra mim)

- E essa deve ser você, né?

- É.

- Hum. Agora assine aqui. Coloque seu nome pra gente saber que foi você que desenhou.

(assina o nome)

- Eita. "Iana Diógenes..." de quê?

- Iana Diógenes de Azevedo Brito.




- Aaaahhhhhh. Muito bem. Ficou realmente muito bom, seu desenho. Agora vamos que tá na hora de voltar pra salinha, tá bom?

(balança a cabeça positivamente)

E ela voltou pra sala.








Post Scriptum 1: Iana era uma garotinha de quatro anos, moreninha, com cara de índia e um tanto tímida.

Post Scriptum 2: Custava nada dizer a verdade sobre a origem dos bebês?

Post Scriptum 3: Quando acabou, a professora ainda veio me dizer que Iana tinha dito que o tio grandão era o mais bonito.


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O caduceu de Asclépio

Segundo reza a mitologia grega, Asclépio (ou Esculápio, na mitologia romana) nasceu mortal, mas depois da sua morte o seu pai, Apolo, concedeu-lhe o direito à imortalidade transformado-o em uma constelação, a Serpentária. Filho de Apolo e Corônis, Asclépio foi criado por um centauro chamado Quíron, com o qual aprendeu a manipular ervas medicinas com divina maestria. Tornou-se tão perito na arte da cura que, não bastando curar os enfermos, passou também a ressuscitar os mortos, tarefa essa antes reservada apenas aos deuses. Tal atitude despertou a ira de Zeus que, tomado pela cólera, fulminou Asclépio com um de seus temerosos raios. Na lenda mitológica, Asclépio era sempre retratado portando uma espécie de bastão, salvo-conduto dos arautos, que conferia imunidade àquele que o portava em missão de paz. Esse bastão se chamava caduceu e é parte da simbologia representativa da ciência médica moderna.

A outra parte do símbolo, o
ofídio, veio como forma de mostrar que o bastão, com sua imunidade, poderia proteger de algum veneno ou perigo iminente. Sendo assim, o símbolo é formado pelo bastão entremeado por uma serpente, e isso é a medicina. Curar às vezes, aliviar com freqüência, consolar sempre, já dizia Hipócrates nos tempos idos de outrora. E é disso que consiste a medicina: um eterno combate ao "veneno" que por vezes acomete o homem, cerceando-lhe aquilo que se julga mais primoroso: a vida. Conhecendo-se a história de Asclépio é fácil entender porque, desde os primórdios, o médico é encarado como deus. Ou o porquê dos mesmos agirem como o fossem. Inclusive nos dias de hoje.

A grande questão é que a medicina não é uma ciência melhor que qualquer outra. Química, matemática, filosofia, engenharia, astronomia, sociologia, todas têm o seu lugar na formação do conhecimento de um mundo que, pra nós, acaba logo
alí depois da esquina. O grande problema com a medicina é que, além de lidar com a subjetividade do ser humano e da sua essência, seu embasamento se fundamenta em algo inexoravelmente único como a saúde e, em última análise, a vida. A medicina é praticada com a crença de que o dom da cura plena só é reservado aos deuses, e, por isso, o seu insucesso é a sua maior frustração: a morte. E não adianta lutar contra ela. Por mais que se tente, ainda somos formados de uma matéria pobre, com validade determinada, que vai virar pó no fim de tudo. Não há razão de achar que o branco é reflexo do manto dos deuses.

E, tal qual os deuses, médicos criam para si o seu próprio Olimpo, separando-os do resto dos, digamos, mortais. Seus méritos e motivos não se equiparam a nenhum outro e o seu envolvimento só será aceito quando com outro integrante desse Olimpo. Tem até quem pregue por aí que médico tem mesmo é que casar com médico pra não contaminar a divindade que os cerca e não comprometer a pureza do sangue. E de tão deuses que são acabam esquecendo que nasceram mortais, na esperança de que um dia seus nomes estejam nas constelações do
Zodíaco. E perdem o lado humano com o qual deveriam olhar para aqueles que os procuram, aqueles que não podem alcançar o Olimpo nem sequer possuem ervas medicinais. Não sabem eles que Zeus está por aí, afiando seus raios para lançá-los com toda a ferocidade. O Olimpo vai pegar fogo.

[ O parágrafo que era para vir aqui deveria conter comentários mais positivistas. Mas não vai ter parágrafo algum aqui. Imaginem o positivismo que quiserem... ]

E que fique bem claro:
doutor é um título concedido apenas e tão somente apenas a quem doutorado. Ponto.








Post Scriptum: Tem coisas na medicina que são definitivamente inadmissíveis.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Por que solidão?

Dentro do universo de perguntas incompreendidas, essa deve ser a mais incompreendida delas. Você, inclusive, deve ter se questinado, tentando imaginar algum como ou porquê. É típico: você no meio de alguma multidão - na sala de aula do colégio, da faculdade, no meio da rua, numa festa... enfim - quando, de repente, tudo fica em câmera lenta, quase como se o tempo intencionasse paralisar. A impressão que dá é que só você vê a coisa daquele jeito (e, provavelmente, só você vê assim mesmo), porque tudo continua ocorrendo independente da sua vontade ou julgamento, sem falar que ninguém nota a sua presença. Ninguém. Se você já passou por situação similar, não se espante. Isso ocorre quando a boa e velha solidão resolve te visitar. E, ao contrário do que a maioria crê, essa não é uma visita necessariamente desagradável, ou pelo menos não deveria ser. Solidão é um negócio, por vezes, necessário. E como.

Mas isso também não quer dizer que, a partir de agora, todo mundo deve largar os namorados, as mulheres, amigos, familiares e passar a viver na mais total solidão. Não, não. Nem a pau! Num sei se vocês sabem dessa história mas, antigamente, existia uma revistinha, espécie de gibi, que era muito famosa. Tinha circulação mundial e conquistava (quase) todo mundo pelo modo com o qual ela contava histórias sobre pessoas. Pois bem. Numa dessas histórias, a revistinha dizia que teve um dia no qual um rapaz muito inteligente resolveu criar bonequinhos à sua imagem e semelhança. Depois de criado o primeiro bonequinho, ele achou que seria muito estranho aquele bonequinho viver sozinho. Foi quando, então, num momento de extrema epifania, o rapaz criou, da costela do primeiro, um segundo bonequinho bastante semelhante, que tinha como propósito fazer companhia ao primeiro. E a história seguia, mostrando em seu desfexo uma macieira muito reluzente e uma cobra, aparentemente muito má, que falava. Enfim, a idéia é mostrar que, mesmo naquele tempo longíqüo, já se dizia que o bacana mesmo era viver em companhia de outros "bonequinhos", muito embora algumas pessoas muito mal-humoradas da época não tenham achado a mínima graça nessa historinha e tenham pregado o rapaz num trambolho feito com pedaços de madeira pra que ele aprendesse a não contar mais histórias sem graça. Coitado.

Desse dia em diante, as pessoas sempre buscam a companhia umas das outras como forma de descobrir se aquilo que o rapaz tinha dito era bacana mesmo. E parece que ele tinha razão, viu? Tem gente que não sabe ficar sozinha. E isso, de vez em quando, configura um problema. Problema porque tem coisas, muitas coisas, que só se completam na solidão. Mais da metade dos grandes problemas que afligem a cabeça das pessoas seriam bem menos pesarosos se elas admitissem que precisam estar sozinhas de vez em quando. Grandes decisões não podem, em hipótese alguma, serem tomadas no meio de um boteco, aos quarenta e quatro do segundo tempo de um Fla-Flu. Nem muito menos no meio da tarde, às 15h, durante aquele expediente nada estressante no escritório. As pessoas precisam saber que têm de estar sozinhas, oras. É necessário. Aliás, extremamente necessário, eu diria, reconsiderando como tudo acontece hoje em dia.

E o estranho é que, desde criança, não nos é dado o devido momento pra refletir sobre a importância de se estar sozinho. Por isso, ninguém (ou quase ninguém) sabe a hora de procurar a solidão, ao invés de deixá-la simplesmente aparecer em meio à melancolia. E o pior de tudo é quando o costume com os outros é tal a ponto de se achar que a solidão é algo nocivo, desnecessário e, em certos casos, doentio. Ou vai me dizer que você nunca julgou assim aquele garotinho do colégio que sentava na última cadeira da última fila, num fala uma palavra e nunca era lembrado nas festas da sala? "Ele é estranho", dizem as patricinhas. Sempre. O pior é que esses garotinhos sempre escondem uma genialidade singular. E sempre se dão bem. Ao contrário das patricinhas, óbvio, que seriam aquilo que Rubem Alves certa vez chamou sabiamente de "maritacas".

Isso tudo se nem mencionar que há coisas que só são devidamente contempladas e/ou entendidas durante aquele nosso momento autista. Não há vergonha alguma, inclusive, em se ter amigos imaginários. São eles que nos dão conselhos quando todo mundo acha que a gente tá falando sozinho. Às vezes, só eles riem com nossas piadas, só eles sabem nossos segredos, só eles parecem dar as melhores idéias. E se você parar pra pensar, eles estão dentro da sua cabeça, do seu mundo, e geralmente eles não gostam muito dos seus outros amigos. Sem falar que, quando estamos sozinho, a vida parece até ter trilha sonora. Aí pronto: um momento seu e de seus amigos, solitariamente, com aquela música de fundo. Isso é bacana demais, rapaz. Faça o teste e você vai ver.

Agora se eu fosse o rapaz lá dos bonequinhos, tinha demorado um pouco mais pra colocar o segundo bonequinho na jogada. Ele foi muito afobado nesse ponto. Mas também pudera: o coitado talvez também não soubesse como conviver com os amigos imaginários dele. Tsc tsc tsc.


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...