Ow yeah!!! We´re back on business, mate!!! \o/
E eu já volto dizendo que estamos vivendo em tempos mudados. Os dias não são mais tão normais, se é que existe algo assim. Cada dia que passa percebo o quanto "o meu tempo" foi diferente e não vai mais voltar nem a pau mesmo. E no meu tempo isso era algo improvável. Mas quem diria... a probabilidade sempre faz jus ao nome que carrega. Passei esses últimos dois meses observando por demais e isso, de certo modo, ainda vai me render muitos parágrafos por aqui... assim espero.
E, de cara, isso é algo que, no meu tempo, não era muito comum: observar. Todo mundo gostava mesmo é de falar pelos cotovelos até a boca secar, para, daí, beber água e recomeçar tudo de novo, alienadamente. Ninguém parava no meio do dia para olhar o céu, por exemplo. Ninguém parava pra olhar um beija-flor no meio da rua, coisa raríssima de se ver hoje em dia. Me diga, vá: quantos beija-flores você viu só essa semana? Esse ano? Beija-flores são poesias com asas. Contemple um qualquer dia e você vai achar que, naqueles poucos segundos de admiração, o tempo parou. Mas não! Melhor é ficar falando da vida alheia porque isso sempre dá mais ibope. Sentar uma tarde na praia e sentir o vento no rosto é coisa de gente cretina. Caminhar na chuva é coisa de pobre e encarar o horizonte, coisa de autista. Ninguém sabe mais ficar sozinho esses dias. Precisam viver feito maritacas, cracrejando o mais alto que puder pra chamar atenção. Pfu!
No meu tempo, as crianças matavam apenas aula e formigas com lentes convergentes. A segunda opção, inclusive, rendera-me grandes momentos de diversão e uma ou duas pontas de dedo queimadas. A primeira, por bem, reservara-me apenas a diversão. Hoje, as crianças matam até outras crianças, usam roupa de gente grande, consomem coisa de gente grande, falam feito gente grande. Onde estão os bonecos, as bolas, a amarelinha, o esconde-esconde, o bom e velho "tô no poço"? Onde? Cadê os gibis? Videogames? No meu tempo, no colégio, eu morria de medo dos "grandes". Semana passada, um garoto passou por mim lá na cantina do colégio onde estudei e exigiu que eu desse dinheiro pra ele comprar o lanche dele. Isso mesmo: exigiu. Foi quando, então, eu levantei da cadeira e ele viu com quem ele estava lidando realmente. Lá de baixo, ele quis fazer uma cara de durão, mas já foi logo dando passos para trás. É bom demais ser grande, mas é ruim ver que o tempo mudou assim.
No meu tempo, menininhas de treze anos trocavam fraldas apenas das suas respectivas bonecas, que, por sinal, eram de plástico semi-vagabundo e tinha cabelos e pestanas feitos de piaçava. Hoje, as bonecas estão bem mais sofisticadas. Choram de verdade, comem de verdade, dormem de verdade, crescem de verdade, e as menininhas de treze anos têm que dividir suas atividades entre as bonecas de mentira e aquelas de verdade. Já os menininhos de treze anos do meu tempo se preocupravam basicamente em ganhar toda e qualquer partida de futebol, de corrida de tampinha e de Street Fighter que houvesse. E sabiam, de cor, os nomes dos doze cavaleiros de ouro da saga das doze casas do Zodíaco. Hoje, entretanto, eles preferem pegar coisas sem pedir e colocar o nariz onde não devem, literalmente. Eles precisam de um super-herói, isso sim.
Enfim, no meu tempo felicidade era correr na chuva até pegar um resfriado e não ter nenhum arrependimento por isso. Era sujar a roupa todinha de lama e ainda ter coragem de ir comprar sorvete dentro do Shopping. Era passar por debaixo da catraca do ônibus, roubar o carro do pai, fazer coisa proibida escondido. Felicidade era uma coisa que se vendia praticamente em toda esquina e era tão barata quanto um pirulito. Engraçado de se viver assim é porque, depois de certo tempo, você se acostuma a ver coisa boa em tudo e a dar sorrisos gratuitos mais freqüentemente. E no meu tempo, isso era completamente possível. Completamente. Ah, tempo bom aquele, viu?! Tempo bom...
Post Scriptum: Final do ano passado, estava andando pelo calçadão quando passou um pai com seu filhinho sentado em seus ombros, o pai andando como se o garotinho não existisse, o garotinho olhando pro tempo como se não houvesse pai. E ele - o garotinho - sorria copiosamente.
Queria ter uma câmera fotográfica exatamente naquele momento.
E eu já volto dizendo que estamos vivendo em tempos mudados. Os dias não são mais tão normais, se é que existe algo assim. Cada dia que passa percebo o quanto "o meu tempo" foi diferente e não vai mais voltar nem a pau mesmo. E no meu tempo isso era algo improvável. Mas quem diria... a probabilidade sempre faz jus ao nome que carrega. Passei esses últimos dois meses observando por demais e isso, de certo modo, ainda vai me render muitos parágrafos por aqui... assim espero.
E, de cara, isso é algo que, no meu tempo, não era muito comum: observar. Todo mundo gostava mesmo é de falar pelos cotovelos até a boca secar, para, daí, beber água e recomeçar tudo de novo, alienadamente. Ninguém parava no meio do dia para olhar o céu, por exemplo. Ninguém parava pra olhar um beija-flor no meio da rua, coisa raríssima de se ver hoje em dia. Me diga, vá: quantos beija-flores você viu só essa semana? Esse ano? Beija-flores são poesias com asas. Contemple um qualquer dia e você vai achar que, naqueles poucos segundos de admiração, o tempo parou. Mas não! Melhor é ficar falando da vida alheia porque isso sempre dá mais ibope. Sentar uma tarde na praia e sentir o vento no rosto é coisa de gente cretina. Caminhar na chuva é coisa de pobre e encarar o horizonte, coisa de autista. Ninguém sabe mais ficar sozinho esses dias. Precisam viver feito maritacas, cracrejando o mais alto que puder pra chamar atenção. Pfu!
No meu tempo, as crianças matavam apenas aula e formigas com lentes convergentes. A segunda opção, inclusive, rendera-me grandes momentos de diversão e uma ou duas pontas de dedo queimadas. A primeira, por bem, reservara-me apenas a diversão. Hoje, as crianças matam até outras crianças, usam roupa de gente grande, consomem coisa de gente grande, falam feito gente grande. Onde estão os bonecos, as bolas, a amarelinha, o esconde-esconde, o bom e velho "tô no poço"? Onde? Cadê os gibis? Videogames? No meu tempo, no colégio, eu morria de medo dos "grandes". Semana passada, um garoto passou por mim lá na cantina do colégio onde estudei e exigiu que eu desse dinheiro pra ele comprar o lanche dele. Isso mesmo: exigiu. Foi quando, então, eu levantei da cadeira e ele viu com quem ele estava lidando realmente. Lá de baixo, ele quis fazer uma cara de durão, mas já foi logo dando passos para trás. É bom demais ser grande, mas é ruim ver que o tempo mudou assim.
No meu tempo, menininhas de treze anos trocavam fraldas apenas das suas respectivas bonecas, que, por sinal, eram de plástico semi-vagabundo e tinha cabelos e pestanas feitos de piaçava. Hoje, as bonecas estão bem mais sofisticadas. Choram de verdade, comem de verdade, dormem de verdade, crescem de verdade, e as menininhas de treze anos têm que dividir suas atividades entre as bonecas de mentira e aquelas de verdade. Já os menininhos de treze anos do meu tempo se preocupravam basicamente em ganhar toda e qualquer partida de futebol, de corrida de tampinha e de Street Fighter que houvesse. E sabiam, de cor, os nomes dos doze cavaleiros de ouro da saga das doze casas do Zodíaco. Hoje, entretanto, eles preferem pegar coisas sem pedir e colocar o nariz onde não devem, literalmente. Eles precisam de um super-herói, isso sim.
Enfim, no meu tempo felicidade era correr na chuva até pegar um resfriado e não ter nenhum arrependimento por isso. Era sujar a roupa todinha de lama e ainda ter coragem de ir comprar sorvete dentro do Shopping. Era passar por debaixo da catraca do ônibus, roubar o carro do pai, fazer coisa proibida escondido. Felicidade era uma coisa que se vendia praticamente em toda esquina e era tão barata quanto um pirulito. Engraçado de se viver assim é porque, depois de certo tempo, você se acostuma a ver coisa boa em tudo e a dar sorrisos gratuitos mais freqüentemente. E no meu tempo, isso era completamente possível. Completamente. Ah, tempo bom aquele, viu?! Tempo bom...
Post Scriptum: Final do ano passado, estava andando pelo calçadão quando passou um pai com seu filhinho sentado em seus ombros, o pai andando como se o garotinho não existisse, o garotinho olhando pro tempo como se não houvesse pai. E ele - o garotinho - sorria copiosamente.
Queria ter uma câmera fotográfica exatamente naquele momento.