sábado, 30 de junho de 2007

Crônica sobre uma vida feliz

Usualmente, meu cotidiano é repleto de dias cheios de estresse com faculdade, com imprevistos, reclamações, coisas dando errado, irmãos me tirando do sério. Entretanto, é com o mesmo usualmente que eu digo que meus dias são lindos, todos eles. As coisas boas que me ocorrem estão quase sempre naquilo que alguém olharia displicentemente, e elas sobrepujam qualquer estresse diário. Tá parecendo piegas, mas esse tópico de hoje vai ser sobre essas coisas. O dia de hoje me fez refletir muito a respeito delas e da sua importância na vida de qualquer um.

Pois bem. Há de se convir que, quando se é criança, nada nos alegra mais do que ganhar aquele pirulito. Ou aquele videogame, aquela boneca, aquela figurinha que faltava no álbum do seu desenho preferido. Feliz é correr pra "pegar o campo" quando toca pro intervalo, o qual a gente chamava descaradamente de "lanche". Daí a gente cresce mais um pouquinho e o feliz passa a ser paquerar com aquela pessoa que você acha bonita, durante a aula tediosa de matemática. Foi num momento como esse que a mania de passar bilhetinhos ficou famosa e se tornou útil. E, mais feliz ainda, é saber que aquela pessoa paquera com você também, e que, mais cedo ou mais tarde, em alguma festa de amigo-secreto ou São João da turma, vocês vão se "pegar" e se curtir até enjoar. Enjoar, inclusive, não é feliz. Então pula essa parte.

Aí a gente cresce mais um pouco. Nesse instante, a maior felicidade que pode existir é passar no vestibular. E essa é uma felicidade tão grande e intensa que se espalha por todos os lados e direções com a velocidade da luz, contaminando quem quer que esteja no seu raio de ação. Pai, mãe, irmãos, tios, avós, sobrinhos, cunhados, cachorros, casas, carros, passarinhos, privadas, garrafas de cerveja, o vento, a água, o céu. É impressionante como tudo brilha e sorri pra você. Paralelo a isso, vem as felicidades secundárias: o carro, a viagem, as férias prolongadas, as festas, os amigos, as noites de curtição, os churrascos, as muitas pessoas que paqueram com você porque agora, sim, você é universitário, e por aí afora vai. Daí você entra na faculdade. Mas pula essa parte também.

Aqui você cresce mais um pouquinho. Felicidade agora é se formar, ser um bom profissional e arranjar um emprego digno. É trabalhar com prazer e saber que está sendo útil pra alguma coisa. Felicidade é quando você olha pra sua namorada (que talvez seja aquela dos bilhetinhos da aula de matemática) e, agora, já a vê como a mulher da sua vida. E daí em diante, quando você se casa, tem filhos, tem uma casa, vive bem. Quando acorda na manhã de domingo pra pegar o jornal e, despretenciosamente, "perde" quinze minutos em uma boa conversa com o seu vizinho sobre o jogo do dia anterior. Feliz é quando seu filho torce pro time diretamente rival do seu, e vocês quebram o pau dentro de casa quando tem jogo. Felicidade é quando sua mulher aprende a fazer aqueles pratos que somente ela sabe. Nessa época, felicidade é saber que ainda há muito o que se viver, embora muito já tenha se passado. Mas essa ainda não é a hora da saudade. Então, pula.

E a gente cresce. E começa a olhar pro passado, recordando-se de tudo que já se foi, e tem aquela saudade, aquela vontade de querer que tudo ocorra de novo, do mesmo jeito. Isso, sim, é felicidade. Agora, a gente senta na cadeira à beira do terraço, olhando as pessoas que passam e nos saúdam, chamando-nos de "Seu Fulano" e "Dona Fulana". Felicidade é caminhar meia hora pelo parque sem sentir dispnéia, vertigem ou paresia. É chegar até aqui com o coração de quarenta anos antes, esperando pelos próximos quarenta que virão. É gastar todo o seu dinheiro com presentes pros netos. E se você é mulher, saiba que, para eles, a sua é a melhor comida. E, de repente, você deixa de crescer aqui, nesse plano. E te deitam numa cama estranha, pequena, apertada e te colocam num buraco só pra depois jogar areia em cima. Areia essa que, quase sempre, vem acompanhada de rosas, lágrimas e saudades.

Mas a gente cresceu. E como cresceu.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

A (nova) era dos coacervados

Eu já vou logo dizendo: esse post é um daqueles cheios de ira, revolta e vontade de explodir alguém. Não me julguem mal, mas eu não me contive quando vi uma reportagem na TV, essa semana, sobre um bando de filhos d'uma puta que, apenas por diversão, espancaram uma empregada doméstica que estava indo trabalhar. E para piorar as coisas, ainda ouvi, consternado, o pai de um deles (igualmente filho da puta) dizendo que não passavam de "crianças que faziam faculdade, trabalhavam e tinham caráter, não merecendo, portanto, ficar na cadeia junto com os verdadeiros 'marginais' ". Caráter?! Que caráter, idiota?

Deplorável. E eu entendi o porquê do ato quando vi o 'naipe' dos sujeitos detidos na delegacia. Sem camisa, relógio, jóia ou qualquer outro apetrecho que denunciasse sua classe social, os cinco andavam algemados como verdadeiros marginais que são. Muito feios e sem nenhum atrativo físico, não deviam fazer muito sucesso com as mulheres. O que lhes restou, então?! Bater em alguém humilde e honesto, que estava no lugar errado e na hora errada apenas por tentar ganhar o pão de cada dia. Pobre empregada.

Sinceramente, eu concordo com tudo que o pai da empregada disse. Esse, sim, era um exemplo de pai. Parabéns! Espero, do fundo do meu coração (e que Ele me perdoe por isso), que esses cinco pederastas se fodam até aprenderem como um ser racional deve se portar dentro de uma sociedade. Por mim, trancava eles num galpão com todos os irmãos, tios, primos, vizinhos, cunhados e afins da empregada, inclusive eu. Como diria um professor meu: "Tem que cair um cometa de novo e começar tudo do zero... Uma nova era dos coacervados...". Não acho necessário, desde que o cometa caia em cima de todo mundo que bate em empregada, toca fogo em índio, joga bebê no rio...








Post Scriptum: Depois desse post, acho que aquela parte da minha descrição que diz "coisa de um nerd revoltado com a vida" foi por água abaixo, né?!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Pra tudo, a primeira vez...

Estava eu em um dos meus muitos (e, diga-se de passagem, pseudoprodutivos) momentos científicos pelo orkut quando, de repente, deparo-me com o seguinte trecho: "'Escrever oxigena o cérebro'. (Passar horas no orkut não) Faça um blog! (Ou continue fuçando álbuns e perfis alheios.)". Eu até poderia ter encarado essa informação com a mesma atenção com a qual encaro um cachorro defecando na calçada, não fosse pelo fato de que ela se encontra escrita no orkut de uma pessoa que, definitivamente, sabe o que diz. E eu bem me lembro dessa mesma pessoa dizendo que eu deveria fazer um blog pra mim, porque eu escrevo bem e tarará... enfim.

Depois de muito relutar e achar que não tinha muito tempo pr'essas coisas, porque, afinal, nossos dias são cada vez mais curtos (?!), eu tenho percebido que escrever, pra mim, é algo tão relaxante quanto uma massagem, quanto uma dormida numa rede, quanto uma bela de uma cagada. Se você deu aquele risinho quando viu 'cagada' alí atrás, é porque você sabe o que eu falando. Ou não.

Sendo assim, estou me comprometendo a partir de hoje em ter tempo para certas coisas que antes eu deixava, conscientemente, que passassem desapercebidas. Escrever é uma delas. Hábito bom, produtivo (muito mais que os momentos científicos no orkut) e que tem se mostrado uma forma excelente daquilo que a gente chama "extravasar". Pois bem: a partir de hoje, vamos ver se aquela pessoa lá de cima tinha razão. Mas uma coisa é certa: ela sabe mesmo o que diz.








Post Scriptum 1: Se você entrou aqui, mesmo que sem querer, e leu até o final, muit'obrigado.

Post Scriptum 2: Se essa pessoa for você, Bia, saiba que é infinito.


[ "You take the blue pill and the story ends. You wake in your bed and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in Wonderland, and I show you how deep the rabbit-hole goes... Remember: all I am offering is the truth, nothing more." ]

Quando a gente acredita, a gente pode fazer chover...