O cachorro vê o carro passando na rua e começa a persegui-lo freneticamente. Corre tanto a ponto de rivalizar com o motor do automóvel, que é classificado em cavalos. Core, corre, corre, late, corre, late, late, inspira, corre, corre mais, late mais, não cansa, corre, até que o carro pára e o cachorro o alcança. E pára também. Pára de correr e de latir. Aquela situação causa um estranhamento esquisito no cachorro, como se o fato de o carro parar fosse um desfecho inesperadamente improvável. E o cachorro se vê sem reação, sem saber o que fazer com aquilo ali parado, muito embora alguns instantes antes o estivesse perseguindo como se sua vida dependesse disso.
Que nem eu, você e todo mundo, que certamente persegue alguma coisa, inclusive nesse exato momento. Alguns perseguindo com um afã maior que outros. A pergunta é: já sabe o que fazer quando conseguir, cachorrinho?